Agatha Desde Sempre segue passos de WandaVision e ousa com qualidade
Agatha Desde Sempre é uma produção que, apenas por sua existência, pode ser vista como audaciosa. Três anos após Wandavision - e diversas tentativas da Marvel de lançar conteúdos sem graça, protagonizados por personagens igualmente sem carisma - é surpreendente que a série tenha conseguido chegar ao público. O mais impressionante, porém, é que a obra traz algo que o estúdio tem prometido incessantemente, mas nunca cumpriu: uma quebra de padrões, porém com qualidade.
Essa revelação pode não ser tão surpreendente, considerando que Jac Schaeffer, a mesma criadora de Wandavision, está à frente da nova série do Disney+. Wandavision se destacou como um dos poucos conteúdos do MCU que realmente fugiu da chamada "fórmula Marvel", oferecendo uma abordagem original com episódios que brilharam em criatividade narrativa, figurinos e design de produção. A série incorporou elementos dos anos 1960, 1970 e 1980, mantendo a atmosfera de mistério que sempre permeou a trama central. Além disso, a série explorou temas que nunca tinham sido tão profundamente abordados em produções da Marvel, como o luto.
Schaeffer demonstrou coragem ao inovar em Wandavision, e essa ousadia se repete nos quatro primeiros episódios de Agatha Desde Sempre, que o Omelete teve a oportunidade de assistir antecipadamente. Com referências evidentes a outras séries renomadas, como Mare of Easttown e American Horror Story, a narrativa apresenta uma reunião surpreendente de diversas bruxas, unidas por Agatha Harkness (Kathryn Hahn) com o objetivo de confrontar juntas o temido "Caminho das Bruxas" - um lugar que, nos quadrinhos, é um plano de existência reservado exclusivamente para feiticeiros.
O "Caminho das Bruxas" proporcionará a cada uma das personagens o que elas mais desejam. No caso de Agatha, isso se refere ao retorno de seus poderes, que foram subtraídos por Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) após os eventos culminantes de Wandavision. Com um toque de humor, atuações de qualidade, toques de terror, audácia e uma agradável surpresa em seus trajes e cenografia, Agatha Desde Sempre nos apresenta, em seus primeiros episódios, o que podemos considerar um "RPG de bruxas", com alguns desafios (potencialmente letais) pela frente.
A produção não aparenta ter ambições significativas para criar um pano de fundo que possibilite a continuidade de mais filmes e séries de TV, visando expandir o universo do MCU - o que pode desanimar uma parte do público. No entanto, se conseguir preservar a excelência dos primeiros episódios, proporcionará um bom divertimento para aqueles que desejam acompanhar algo distinto dentro da Marvel, mesmo sem a intenção de estabelecer conexões para o futuro.
