Ministério da Saúde lança campanha de amamentação com foco na redução de desigualdades

2 Agosto 2024
Agosto Dourado

Acredita-se que a prática da amamentação possa reduzir em até 13% a mortalidade de crianças com menos de cinco anos, devido a causas que poderiam ser evitadas. Além disso, o governo está preparando um novo Programa Nacional de Amamentação.

Postado em 01 de agosto de 2024 às 09h57.

Atualizado em 01 de agosto de 2024 às 15h09.

A alimentação de leite materno é o único fator que, sozinho, pode diminuir em até 13% a mortalidade de crianças por razões evitáveis. Nesta quinta-feira (1º), o Ministério da Saúde lança a Campanha da Semana Mundial do Aleitamento Materno 2024, visando fortalecer ações em todo o país. Com o tema "Aleitamento Materno, apoie em todas as situações", a iniciativa de conscientização está em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que buscam garantir a sobrevivência e o bem-estar das crianças. O foco é reduzir as desigualdades no apoio ao aleitamento materno. Além disso, o ministério anuncia a criação do Programa Nacional de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno.

Na ocasião, a ministra Nísia Trindade ressaltou o compromisso do Ministério da Saúde em realizar uma campanha bem-sucedida para atingir a meta de 70% de amamentação com leite materno até os seis meses. Ela enfatizou que o Brasil se destaca na área de saúde pública por se basear na integração do conhecimento científico, gestão e engajamento social.

O governo federal reconhece as diversas situações enfrentadas por milhares de famílias no cotidiano, as quais influenciam diretamente na prática da amamentação. Por isso, a campanha deste ano busca assegurar o direito à amamentação, com foco especial nas mães em vulnerabilidade, além de dar suporte à amamentação em situações de emergência, calamidade pública e desastres naturais. O Ministério da Saúde lidera essa ação a nível nacional, sendo a principal iniciativa de engajamento social em favor da amamentação.

No mês passado, como parte das ações realizadas pelo governo federal no Rio Grande do Sul, em resposta às enchentes causadas pelas intensas chuvas, o Ministério da Saúde enviou 63 litros de leite materno para o estado. De acordo com a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, um pote de 300mL pode alimentar até 10 bebês prematuros ou de baixo peso. Essa doação foi essencial para auxiliar na nutrição e recuperação dos bebês internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal gaúchas. A iniciativa reforça a importância da campanha em conscientizar a população sobre a importância do apoio à amamentação, sobretudo em momentos de maior fragilidade.

Taiame Adorno Rocha, de 37 anos, é mãe de um bebê de dois meses. Casada há uma década, ela lembra que, em um momento de necessidade, não sabia como posicionar o bebê de maneira correta para amamentá-lo. "Fiquei desesperada e achei que não conseguiria alimentá-lo. Foi então que uma pessoa maravilhosa entrou em cena: a Rosângela, enfermeira do Banco de Leite do Hran, que me salvou. Ela me orientou várias vezes, de dia e de noite, até eu aprender como fazer. Mesmo com toda a ansiedade, eu consegui dar de mamar", relata a mãe.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), aproximadamente seis milhões de crianças são salvos a cada ano devido ao aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de vida. Em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Semana Mundial da Amamentação busca conscientizar a população sobre as disparidades no suporte e na prevalência da amamentação.

Aprofunde-se na campanha "Aleitamento materno, ajude em todos os momentos"

Um programa inovador será implementado para fortalecer e unificar as atividades em todo o território nacional.

O Ministério da Saúde está trabalhando no lançamento do novo Programa Nacional de Promoção, Proteção e Apoio à Amamentação, como parte de uma das principais diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, o órgão reforça os princípios da amamentação como um direito humano, do acesso universal aos serviços de saúde, da equidade na assistência, da integralidade do cuidado e da humanização do atendimento em saúde em todo o território nacional.

O propósito do programa, que está prestes a ser firmado com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), é fortalecer e unir iniciativas relacionadas ao tema em todo o país, promovendo o início da amamentação nas primeiras horas de vida do bebê e sua continuidade até os dois anos de idade ou mais, com alimentação exclusiva nos primeiros seis meses. Ademais, o programa irá incentivar ações integradas, abrangentes e inter-setoriais de amamentação nos estados e municípios.

Com o objetivo de assegurar o acesso aos serviços de saúde, o Ministério da Saúde está aplicando um montante de R$ 4,8 bilhões na edificação de 36 novos hospitais maternidade e 30 novos Centros de Parto Normal. Todas essas unidades contarão com espaços destinados à amamentação. Essas obras estão sendo financiadas pelo Novo PAC Saúde e irão beneficiar aproximadamente 30 milhões de mulheres.

O objetivo é alcançar uma taxa de 70% de aleitamento exclusivo até o ano de 2030.

Ao longo das décadas, o Brasil tem apresentado um progresso nas taxas de amamentação, porém ainda não alcançou o patamar ideal. De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) de 2021, a taxa de crianças menores de 6 meses que recebem exclusivamente aleitamento materno foi de 45,8%. Esse dado representa um avanço significativo comparado aos 3% registrados em 1986, demonstrando uma melhora ao longo de cerca de trinta anos.

Nos anos 70, as crianças no Brasil costumavam ser amamentadas por cerca de dois meses e meio, em média. Atualmente, a média subiu para 16 meses, o que corresponde a um ano e quatro meses de amamentação.

A OMS definiu como objetivo que, até 2025, no mínimo metade dos bebês com até seis meses sejam alimentados exclusivamente com leite materno. E espera-se que esse percentual alcance 70% até o ano de 2030.

O Ministério da Saúde enfatiza que amamentar é a maneira mais econômica e eficaz de proteger os bebês e reduzir a taxa de mortalidade infantil, com um grande impacto na saúde dos pequenos, diminuindo as chances de diarreias, doenças perinatais e infecções, que são as principais causas de óbito nos recém-nascidos. Além disso, traz inúmeros benefícios para a saúde da mãe, como a redução do risco de desenvolver câncer de mama e ovário.

Veja a exposição de slides da campanha "Aleitamento Materno, dê suporte em todas as circunstâncias"

Assista à live streaming.

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