Americanas (AMER3): ação sobe após varejista “finalmente” divulgar resultados ajustados de 2021 e 2022

AMER3

Dois negócios comerciais lutando para se manterem divulgaram sua performance durante a noite de terça-feira (14) até a manhã desta quinta-feira (16), exibindo resultados distintos nas operações.

Na manhã de quinta-feira, às 10h30 (horário de Brasília), as ações da Americanas (AMER3) estavam em alta de 10%, alcançando o valor de R$ 0,88. Isso ocorreu após a empresa, que está em processo de recuperação judicial, finalmente apresentar seus resultados ajustados para 2021 e 2022, juntamente com projeções para 2025. É importante notar que os ativos da empresa possuem baixo valor nominal, o que causa variações significativas em termos percentuais, mesmo com mudanças de apenas alguns centavos.

Durante o mesmo horário, as ações da Marisa (AMAR3) registraram uma queda de 0,90%, sendo negociadas a R$ 3,30. No entanto, as perdas foram reduzidas em relação à abertura do mercado. No ponto mais baixo do dia, as ações chegaram a cair 8,41%, sendo negociadas a R$ 3,05.

Veja as principais informações financeiras apresentadas nos relatórios:

A companhia Americanas, enfim, divulgou sua prestação de contas referentes aos últimos dois anos, após diversos adiamentos. De acordo com os novos dados, o lucro líquido de R$ 544 milhões registrado em 2021 se transformou em prejuízo de R$ 6,2 bilhões. Além disso, a empresa calculou que o resultado negativo de 2022 foi de R$ 12,9 bilhões.

A empresa justificou que a perda financeira ocorrida no ano anterior se deu devido à falta de eficiência operacional, altas despesas financeiras e ocorrências excepcionais relevantes. Além disso, a empresa reiterou que foi vítima de uma fraude sofisticada. É importante mencionar que a gestão anterior estava sob controle da rede de varejo por aproximadamente vinte anos.

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É crucial que os relatórios financeiros sejam divulgados para permitir que os principais credores da Americanas, tais como bancos renomados como Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), BTG Pactual (BPAC11), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander Brasil (SANB11), possam seguir adiante com as negociações para aprovar o plano de reestruturação da empresa.

A Proposta em questão propõe a injeção de R$ 12 bilhões em dinheiro na empresa por meio dos "acionistas de referência", composto pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles.

A Americanas, que fez um dos maiores requerimentos de recuperação judicial no história do Brasil, também ajustou o desempenho operacional avaliado pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 2021, de cerca de R$ 2,1 bilhões em positivo para R$ 3,4 bilhões em negativo. Em termos habituais, o Ebitda de 2021 diminuiu de R$ 2,3 bilhões positivos para R$ 1,8 bilhão negativo.

Em 2022, o resultado do Ebitda foi desfavorável em R$ 6,2 bilhões, enquanto o valor recorrente apresentou R$ 2,9 bilhões em perdas.

De acordo com a empresa, "os dados contabilizados nos relatórios financeiros também apresentam, atualmente, uma projeção mais precisa e clara dos bens e obrigações da empresa, incluindo a necessidade de ajustes e reserva de recursos adicionais".

A empresa compartilhou suas estimativas para 2025, considerando a possibilidade de os principais credores da companhia aprovarem o plano de reestruturação financeira que está sendo negociado atualmente.

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A Americanas prevê uma receita Ebitda superior a R$ 2,2 bilhões até 2025, enquanto mantém a alavancagem com índice dívida líquida/Ebitda abaixo de 0,75.

A empresa declarou que o seu plano de recuperação "estratégico" se concentra na "robustez e capacidade de recuperação do canal físico, impulsionado pela excelência em operações digitais". Isso é semelhante às iniciativas de empresas concorrentes, como a Casas Bahia (BHIA3) e o Magazine Luiza (MGLU3), que já há alguns anos têm vindo a integrar as operações de lojas físicas com as eficiências geradas pelas operações online.

A empresa Americanas comunicou que o projeto será enriquecido com uma oferta de serviços financeiros personalizados através da sua fintech, Ame, e com a variedade de mídia disponível em sua área de publicidade para oferecer um pacote completo e coerente aos seus clientes e parceiros. Esses esforços estão em sintonia com os de seus concorrentes.

A empresa declara que acredita que, por meio dessas medidas, conseguirá voltar a ocupar um lugar de destaque no mercado varejista brasileiro, mesmo com a concorrência cada vez mais acirrada dos gigantes internacionais Shopee e Aliexpress, num contexto de estagnação econômica e taxas de juros ainda elevadas.

No final de 2022, a Americanas apresentou uma dívida líquida de R$ 26,3 bilhões, o que representa um aumento superior a R$ 12 bilhões em relação ao ano anterior. Além disso, seu patrimônio líquido está negativo em R$ 26,7 bilhões. Entretanto, a empresa projeta que até o final de 2025 conseguirá recuperar seu patrimônio líquido e alcançar valores positivos.

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De acordo com a empresa, a BDO RCS foi responsável pela realização da auditoria externa referente ao exercício de 2022, assim como pela reapresentação das informações comparativas do ano anterior. Antes de enfrentar a crise interna, a PwC havia prestado serviços para a Americanas.

No terceiro trimestre de 2023, a rede de lojas Marisa apresentou um prejuízo líquido de R$ 196,4 milhões, representando uma queda de 92,45% em relação ao mesmo período do ano anterior. O prejuízo líquido ajustado e recorrente foi de R$ 171,6 milhões, um aumento de 69,9% em relação ao prejuízo registrado no mesmo período de 2022.

No comunicado de resultados, a organização evidencia que a performance foi afetada, especialmente, pela diminuição das receitas provenientes das vendas de produtos, em virtude da menor capacidade de armazenamento de mercadorias.

Durante o período de julho a setembro, o resultado do Ebitda (pago antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado para projeção da operação de varejo apresentou uma queda significativa, ficando em R$ 93,4 milhões negativos. Esse valor representa uma piora de 212,4%, se comparado ao que foi reportado um ano atrás.

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Durante o terceiro trimestre, a renda bruta do setor varejista registrou uma queda acentuada de 48,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 258,798 milhões. A receita líquida consolidada, por sua vez, alcançou R$ 316,449 milhões no mesmo período, indicando uma redução de 50,1% em comparação com o ano passado.

De acordo com a empresa, a arrecadação sofreu com o encerramento de 89 lojas durante 2023 e outras 10 no mês de dezembro de 2022. Além disso, houve uma redução no estoque em comparação ao período anterior, o que foi um desafio para seu reabastecimento e acabou afetando negativamente as vendas nas mesmas lojas no terceiro trimestre de 2023.

O resultado líquido financeiro do terceiro trimestre apresentou um saldo negativo de R$ 52,8 milhões, que representa uma redução de 20,6% em relação ao resultado negativo obtido no mesmo período do ano anterior.

Ao término do mês de setembro, a organização apresentou um débito líquido de R$ 448,5 milhões, valor 18% superior ao apurado no término do segundo trimestre de 2023.

A empresa de vendas diretas registrou um fluxo de caixa negativo de R$ 130 milhões em setembro, principalmente devido à queda nas vendas, afetando o resultado operacional (Ebitda).

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"De acordo com a nossa decisão de priorizar o fluxo de caixa e garantir que a operação da Marisa continue se ajustando, o resultado atípico das vendas não nos surpreendeu, mas sim foi uma consequência direta da reposição mínima de estoque. Focamos em oferecer uma variedade de produtos básicos e menos arriscados em relação ao transporte, o que resultou em uma melhor performance de giro", declarou a empresa.

A organização declara adicionalmente que com a reposição do fundo de caixa e a recuperação da disponibilidade para o consumidor, as funcionalidades comerciais no último trimestre de 2023 foram normalizadas e as expectativas para o período de 2024 estão de acordo com as orientações.

Conforme o esperado, estamos agora no quarto trimestre de 2023 e temos uma estrutura financeira mais apropriada, com maior capital de giro. Isso nos permitirá normalizar as atividades comerciais. Ainda há muito trabalho a ser feito, mas temos convicção de que a Marisa é agora uma empresa mais saudável, eficiente e com uma cultura focada em resultados sustentáveis. Isso nos traz confiança de que nossas projeções para 2024, já divulgadas ao mercado, serão alcançadas. A administração da empresa destaca isso em seu comunicado de resultados.

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