Americanas (AMER3) cai 58% após chegar a R$ 0,10 com prejuízo e previsões canceladas

16 Agosto 2024
AMER3

Os papéis da empresa Americanas (AMER3) sofreram uma redução de 69,70%, atingindo o valor de R$ 0,10, durante o pregão de quinta-feira (15), após a divulgação dos resultados e a suspensão das projeções. No encerramento do dia, as ações encerraram com uma baixa de 57,57%, sendo negociadas a R$ 0,14.

Uma das maiores redes de varejo do Brasil, que entrou com um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do país, teve um prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão no primeiro semestre deste ano, menor do que os R$ 3,2 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. A empresa também comunicou em um comunicado relevante na noite de quarta-feira que decidiu cancelar as projeções de desempenho divulgadas no final do ano passado, justificando que precisava "reavaliar as expectativas futuras devido à apresentação dos resultados". Na projeção feita em novembro passado, a empresa estimava um lucro operacional medido pelo Ebtida de mais de R$ 2,2 bilhões em 2025, com uma dívida bruta entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão e alavancagem menor que 0,75 vez. No primeiro semestre deste ano, a empresa teve um Ebitda positivo de R$ 1,3 bilhão, revertendo um resultado negativo de R$ 1,185 bilhão do ano anterior.

As vendas totais, medidas pelo volume bruto de mercadorias (GMV), diminuíram 9% no primeiro semestre de 2023, atingindo R$ 10,1 bilhões, com destaque para a queda no segmento digital. No mesmo período, as vendas nas lojas físicas da Americanas aumentaram 19,7%, o que a empresa atribui parcialmente a uma "otimização" de seu parque de lojas. Em junho, a Americanas contava com 1.622 lojas no Brasil, número inferior às 1.803 lojas em operação em 2022 e aos 1.731 pontos de venda em 2023.

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Próximos Passos Incertos

Enrico Cozzolino, sócio e responsável pelas análises da Levante Investimentos, afirma que a tendência de queda nas vendas deve continuar mesmo com a confiança renovada no novo gerenciamento, na diligência e na governança. Ele ressalta que o cenário atual já é desafiador por si só. Uma questão de preocupação para ele é a ausência de diretrizes (guidance) dadas pela empresa, o que torna a situação ainda mais complicada e revela falta de governança. Cozzolino acredita que a empresa pode realizar um grupamento de ações, dada a situação em que se encontra. No entanto, ele descarta a possibilidade de fechamento de capital em sua análise.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Instituto Empresa, que defende os investidores minoritários e entrou com ações judiciais contra a empresa e seus principais acionistas, as ações atingiram seu menor patamar histórico, prejudicando os investidores minoritários que continuam sem acesso às informações reais da empresa.

"Os dados essenciais do relatório financeiro, fundamentais para que os acionistas avaliem o valor das ações, foram sistematicamente postergados de forma inadequada, mantendo os investidores no desconhecimento. Após ter acesso às informações, o mercado identificou que as ações estavam sendo negociadas com uma sobrevalorização e isso desencadeou uma nova rodada de prejuízos", destaca Eduardo Silva, líder do Instituto Empresa.

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Durante a reunião com analistas e investidores hoje, a diretoria da Americanas destacou que a empresa está agora focada exclusivamente na administração da rede de varejo em processo de recuperação judicial desde o final de junho e que pode voltar a divulgar as projeções de resultados que foram canceladas na noite anterior.

"Desde o final de junho, a prioridade passou a ser total nas operações", afirmou o CEO da Americanas, Leonardo Coelho. "Há muitos acontecimentos programados até o final de 2025", destacou o executivo, mencionando os esforços da empresa para integrar os sistemas de tecnologia da informação em uma única plataforma até 2026.

Camille Faria, que é diretora financeira, declarou que a Americanas irá considerar retornar ao "guidance" em breve. "Continuaremos trabalhando e analisando se é conveniente retomar o guidance em breve", disse a executiva, mencionando a necessidade da empresa de ter um tempo para revisar as estimativas operacionais, como Ebitda, posição de caixa em 2025 e alavancagem, "diante de todos os resultados que divulgamos ontem".

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