Americanas (AMER3) divulga balanço; é hora de comprar as ações? Analistas respondem
Será que é oportuno investir em ações da Americanas (AMER3) após o balanço financeiro ser divulgado? Analistas recomendam prudência, indicando que a hora ainda não chegou.
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De acordo com José Eduardo Daronco, um analista da Suno Research, a companhia tem um déficit financeiro alarmante, tendo iniciado o ano com um patrimônio líquido negativo de R$ 26 bilhões. Essa é uma situação extremamente preocupante, visto que a empresa deverá enfrentar uma recuperação ainda mais difícil do que a prevista pelos investidores. Investir em uma companhia com essa situação pode acarretar riscos significativos.
A loja Americanas atualizou suas informações financeiras anteriores, demonstrando que a empresa sofreu um grande prejuízo e agora tem um patrimônio líquido negativo. Parece que a recuperação da empresa será mais desafiadora do que se imaginava. O déficit é bastante elevado e a empresa precisará de um grande investimento dos seus controladores. Caso contrário, poderá acabar encerrando suas atividades, seguindo o triste destino de muitas outras lojas de varejo brasileiras. Isso foi afirmado pelo analista.
João Lucas Tonello, especialista da empresa Benndorf Research, enfatizou um aspecto significativo do relatório: o Ebitda com pontuação negativa. Para aqueles desconhecidos no assunto, tal medida avalia o lucro desta corporação antes dos juros, impostos, desvalorização, e amortização. Desse modo, caso ele seja negativo, prepondera que a organização não angariou receitas suficientes para compensar suas despesas e custos operacionais. Isso causa um receio extra.
Tonello acredita que a perspectiva da empresa é positiva, mas com um olhar excessivamente otimista. Ele prevê uma continuidade de resultados negativos até 2025, já que não vê a possibilidade de a empresa se livrar de sua expressiva dívida e reduzir seus altos custos, mantendo-se rentável.
Apesar de haver uma diminuição na Taxa Selic (o que favorece o setor ao ter juros menores para pagar em suas dívidas), é recomendado evitar investir na Americanas, de acordo com Tonello. Ele prefere investir em empresas de logística e saneamento, como a Simpar, que se beneficiam de uma queda nos juros. Caso a opção seja investir em varejo, a escolha indicada é a Magazine Luiza. "Mesmo com algumas questões pontuais, a empresa apresenta um volume de vendas maior do que o Grupo Casas Bahia e Americanas. Se eu tivesse que escolher no Brasil, seria a Magazine Luiza", afirma.
Julia Monteiro, que é analista da MyCap, acredita ser arriscado investir em Americanas neste instante. Ela salienta que, na conferência telefônica realizada pela empresa, não ficou evidente se as ofertas de negociação com credores e fornecedores já foram sancionadas pelo sistema judiciário e estão aptas a ser executadas.
Além disso, é importante mencionar que há outras alternativas de negócios de varejo que podem ser favorecidos pela tendência de baixa da taxa Selic. Essas oportunidades estão sendo comercializadas abaixo do valor justo de mercado, o que significa que há uma possibilidade de incremento no futuro. A título de exemplo, podemos citar o Grupo Soma, que é proprietário de marcas famosas como Farm, Maria Filó e Foxton, de acordo com o ponto de vista da especialista.
Concordo com Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, que o investimento apresenta riscos. Mesmo que a cotação tenha avançado no pregão de hoje (16), acredito que ainda existem incertezas que impossibilitam a certeza da recuperação da empresa.
Podemos observar que a apreciação da empresa é consequência das perspectivas do mercado em relação ao seu plano de reestruturação. Alguns investidores talvez visualizem oportunidades no negócio, levando em consideração o patamar de preço atual e, portanto, tomam a decisão de investir em um empreendimento arriscado. Nós, por outro lado, acreditamos que a Americanas ainda enfrenta muitas incertezas para projetar qualquer tipo de recuperação e, mesmo com o valor atual do ativo, consideramos a ideia de investir nessa empresa como uma opção arriscada.
Em primeiro lugar, é necessário compreender que o demonstrativo contábil é uma parte vital não apenas para a compreensão da situação real da empresa, mas também para os gerentes da Americanas e investidores traçarem estratégias futuras. Essencialmente, os números revelam como severa foi a fraude e, com base neles, é viável determinar quais medidas devem ser tomadas para descobrir as receitas da companhia, permitindo que ela negocie suas dívidas de forma sustentável e identifique áreas nas quais investir.
Um dos aspectos mais relevantes dos relatórios financeiros recentemente publicados é o endividamento da empresa, que indica a alavancagem do negócio. De maneira especial, isso se torna crucial visto que a fraude contábil se estendeu para os setores de movimentação financeira arriscada, em que os bancos adiantam o pagamento aos fornecedores da empresa.
Caso não haja recordação, o comunicado informado em janeiro alegou que a liderança anterior da Americanas vinha falseando as suas finanças, até o término de 2022. Conforme o relato, o negócio empregava um conjunto de artimanhas para alterar suas informações.
Foi utilizado como meio um documento fictício de bonificação por vendas dentre os instrumentos empregados. Para diminuir as despesas, as empresas varejistas geralmente realizam campanhas publicitárias para produtos de seus fornecedores, que por sua vez, oferecem um abatimento para a firma adquiri-los, se a meta de vendas estipulada no pacto for alcançada mediante a ação. Entretanto, na situação da Americanas, alguns desses dados eram manipulados fraudulentamente.
A empresa também utilizava outra tática fraudulenta, a qual consistia em operações de risco sacado a fim de ocultar outras atividades fraudulentas.
Para lidar com a ausência dessa entrada de dinheiro no caixa da companhia, a Americanas começou a estabelecer acordos de risco sacado com as instituições bancárias. Esse tipo de contrato ocorre quando uma empresa contrata um banco para antecipar o recebimento de valores de seus fornecedores.
A Americanas não informava adequadamente em seus relatórios financeiros essas movimentações, fazendo com que o mercado desconhecesse a real dimensão de sua dívida, que só veio à tona com a divulgação do balanço.