Americanas (AMER3) fecha acordo com parte de credores; saiba mais

AMER3

No comunicado divulgado na manhã de segunda-feira (27), a empresa Americanas (AMER3) anunciou que estabeleceu um acordo vinculativo para apoiar o plano de recuperação judicial com credores que detêm mais de 35% da dívida da empresa.

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Foto Suno Notícias

A empresa Americanas informou que irá protocolar um acréscimo ao plano de recuperação judicial (PRJ) com a Justiça do Rio de Janeiro.

Além dos credores que endossaram o plano de recuperação judicial da empresa Americanas, outros credores que participaram das discussões recentes manifestaram interesse em apoiá-lo de maneira não obrigatória. Estes estão realizando procedimentos internos para aprovação e eventual adesão ao plano.

O plano sugerido, que está prestes a ser submetido à votação em uma assembleia geral de credores agendada para o dia 19 de dezembro, propõe a injeção de R$24 bilhões na empresa. Desse montante, R$12 bilhões serão disponibilizados pelos acionistas principais da Americanas - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sucupira -, enquanto os outros R$12 bilhões serão convertidos de dívida em participação dos credores.

A Americanas prevê que mais da metade dos seus credores irão aderir ao PSA (Acordo de Apoio ao Plano) antes da realização da AGC.

O CEO da empresa varejista, Leonardo Coelho, afirmou que este acordo é um importante marco no processo de recuperação judicial e representa um grande avanço para a Americanas rumo à nossa meta de emergir como uma empresa mais forte e competitiva. Ele ressaltou a importância da atividade econômica que a empresa representa e dos milhares de empregos diretos e indiretos gerados em todo o país que serão preservados com este acordo.

"Termos Cruciais Do Plano De Recuperação Judicial Das Americanas"

O acréscimo ao plano de reabilitação financeira da Americanas expõe progresso em certas cláusulas do plano anunciado em março.

Dentre as medidas, destaca-se a prioridade na quitação das dívidas de credores que concordem em receber de forma integral e imediata até R$ 12 mil, assim que o plano de pagamento for aprovado. Ademais, foram concebidas opções especiais para os fornecedores que se enquadram na categoria 3.

Ademais, um valor de R$ 8,7 bilhões será destinado para o pagamento aos credores financeiros da Americanas, o qual será realizado por meio de leilão reverso (R$ 2 bilhões) ou a quitação antecipada dos créditos com abatimento (R$ 6,7 bilhões).

O acordo de PSA da Americanas com seus credores também estipula como condição prévia a obtenção da aprovação do conselho de administração até a data da Assembleia Geral de Acionistas para o preço por ação da capitalização ser estabelecido pelo PRJ adicionado.

Se forem recebidas todas as autorizações exigidas e levando em consideração que a cada três ações emitidas no aumento de capital, um bônus de subscrição com preço de exercício no valor simbólico de R$0,01 será concedido, o valor de emissão de cada ação equivalerá a 1,33 vezes o preço médio do mercado por volume negociado nos últimos 60 dias antes da data da assembleia.

Durante as conversas com os credores, a Americanas garantiu também uma opção de crédito bancário no montante de R$ 1,5 bilhão. Essa opção será válida por dois anos após a aprovação do plano ou enquanto a empresa estiver sob supervisão judicial.

Os financiadores das Americanas que adquirirem este seguro de fiança terão prioridade no recebimento de uma fatia de R$ 1,5 bilhão do montante de R$ 6,7 bilhões estipulado no Plano de Recuperação Judicial.

Depois de implementar o plano modificado, a dívida total da Americanas atingirá o valor de R$ 1,875 bilhão.

"Americanas Tem Prejuízo De R$ 12,9 Bi Em 2022 Após Lucrar Milhões Em 2021"

Após quatro adiamentos consecutivos, a empresa Americanas finalmente apresentou seus resultados de 2022 e relançou os de 2021. O mais recente relatório financeiro divulgado pela varejista foi em novembro do ano passado, referente ao terceiro trimestre de 2022.

No ano de 2022, a empresa de vendas ao varejo sofreu um prejuízo total de R$ 12,9 bilhões e realizou uma retificação em sua contabilidade do ano anterior. A Americanas reportou um prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões, em oposição ao lucro líquido de R$ 544 milhões anunciado anteriormente.

Consequentemente, o prejuízo líquido da Americanas teve um incremento de 107% durante as datas compreendidas entre 2021 e 2022.

Em 2022, a Americanas obteve um lucro bruto de cerca de R$ 5 bilhões e alcançou uma margem bruta de 19,5% em relação à receita líquida. Esse resultado foi afetado pelo real custo de mercadorias vendidas, que já não incluía a fraude que ocorria com lançamentos de contratos fictícios de verba de propaganda cooperada (VPC), reduzindo assim o custo. Além disso, houve um impacto considerável devido à provisão para obsolescência de estoques no valor de R $744 milhões, refletida na linha de custo das mercadorias vendidas.

Em 2022, o faturamento combinado do comércio online e das lojas físicas da Americanas alcançou a cifra de R$ 25,8 bilhões, o que representa cerca de 87% do total de suas unidades de negócio. Esse montante é 14,6% mais alto que o valor de R$ 22,521 bilhões reportado no ano anterior.

Segundo os dados, o Ebitda reiterado da Americanas apresentou uma queda de R$ 2,927 bilhões ao final de 2022. Quanto ao capital de giro, a empresa possuía R$ 2,5 bilhões, notando-se uma degradação de R$ 1,2 bilhão em relação ao ano anterior. O motivo foi a diminuição do recurso referente às contas a receber, insuficiente para compensar a redução do financiamento dos estoques.

No término de 2020, a Americanas possuía uma dívida líquida de R$ 26,3 bilhões. Contudo, ao final de 2021, a dívida líquida real da empresa foi reduzida para R$ 13,9 bilhões, tendo um saldo em caixa líquido divulgado inicialmente de R$ 1,73 bilhão.

No ano passado, a Americanas apresentou um resultado financeiro desfavorável de R$ 5,23 bilhões, incluindo as despesas com juros de contratos de risco sacado e de capital de giro. Além disso, a empresa revelou que sua dívida de curto prazo atingiu R$ 37 bilhões ao fim de 2022.

Vendas Da Americanas: Dados De 2021

A empresa Americanas terminou o ano de 2021 no vermelho, com um prejuízo líquido de R$ 6,237 bilhões, ao contrário do lucro líquido de R$ 544 milhões alegado originalmente. O Ebitda recorrente da companhia ficou em R$ 1,780 bilhão, o que significa uma correção desfavorável de R$ 4,077 bilhões em comparação ao Ebitda anteriormente mencionado de R$ 2,3 bilhões.

Em 2021, a arrecadação líquida da Americanas foi de R$ 22,521 bilhões, sofrendo uma alteração desfavorável de R$ 175 milhões em comparação aos R$ 22,696 bilhões informados anteriormente.

A cifra do lucro líquido da empresa Americanas, no ano anterior, que era de R$ 1,738 bilhão, sofreu uma revisão significativa de R$ 15,583 bilhões, culminando em um montante de dívida líquida de R$ 13,945 bilhões, de acordo com as mudanças mencionadas.

Conforme a Americanas manifestou, ocorreu uma alteração significativa no perfil de endividamento decorrente dos ajustes relacionados à fraude. Os contratos de risco sacado e de empréstimo de capital de giro, de forma irregular classificados na conta de fornecedores, sofreram uma reclassificação para endividamento, resultando em um acréscimo de R$ 15,6 bilhões na dívida bruta da empresa.

A empresa também esclareceu que precisou reclassificar todas as dívidas de longo prazo para curto prazo devido aos efeitos das outras alterações, fazendo que as mais extensas também pudessem ser exigidas em um período menor.

Segundo a declaração, a Americanas foi alvo de uma "fraude avançada", que envolveu a manipulação maliciosa de seus procedimentos internos pela administração anterior, o que resultou em uma tarefa árdua, longa e complexa para restabelecer suas demonstrações financeiras. Dessa forma, foi necessário realizar um trabalho minucioso e meticuloso para solucionar o problema.

A companhia comunicou que não irá reavaliar as apurações anuais até o ano de 2021 e tampouco antes do início do primeiro trimestre do ano subsequente.

Americanas: Previsões Para 2025

A Americanas divulgou suas previsões para o ano de 2025, tendo em mente a possível aprovação do plano de recuperação judicial, que está sendo discutido atualmente com seus principais credores.

De acordo com o comerciante, a previsão para o ano de 2025 é que seu Ebitda ultrapasse R$ 2,2 bilhões, enquanto a alavancagem, avaliada pela proporção entre a dívida líquida e o Ebitda, seja inferior a 0,75 vez.

Ademais, almeja alcançar uma alavancagem financeira bruta entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, e a restauração do saldo positivo do patrimônio da Americanas.

A Americanas afirmou que a projeção compartilhada é fundamentada nas perspectivas da empresa em relação ao panorama dos negócios. Contudo, essas perspectivas são influenciadas por fatores externos que estão fora do controle da companhia, como as condições do mercado, o desempenho da economia brasileira, do setor e dos mercados internacionais.

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