Americanas (AMER3) reverte prejuízo e lucra R$ 10 bi no 3T
A Americanas (AMER3) registrou um lucro de R$ 10,279 bilhões no terceiro trimestre de 2024, recuperando-se assim do prejuízo de R$ 1,630 bilhão verificado no mesmo período de 2023, de acordo com os dados revisados da empresa.
A diretora financeira da empresa em recuperação judicial, Camille Faria, esclarece que, mesmo que o lucro chame a atenção, ele está ligado ao processo de renegociação da dívida. O principal efeito foi o reconhecimento dos descontos como receita financeira no instante da quitação das dívidas com credores financeiros, além da reversão de juros e correções monetárias.
“Quando a dívida é renovada, o desconto é consolidado. E essa redução se transforma inteiramente em um ganho financeiro. Ademais, do ponto de vista contábil, enquanto o plano de recuperação judicial não é aprovado, somos obrigados a continuar reconhecendo a despesa financeira relacionada à dívida. No momento da nova contratação, posso cancelar toda essa despesa financeira que vinha contabilizando nos últimos trimestres, que totaliza mais de R$ 4 bilhões. Assim, somando o desconto e o estorno do serviço da dívida, temos um lucro de R$ 10 bilhões”, esclareceu Camille ao Broadcast.
Ela afirma que, na ausência desses efeitos, a atuação da empresa está essencialmente estável, sem lucros ou perdas significativas. Para a AMER3, isso representa um progresso em comparação ao prejuízo registrado no ano anterior.
O Ebitda alcançou R$ 547 milhões no terceiro trimestre, recuperando-se de um resultado negativo de R$ 368 milhões no mesmo período de 2023. A receita líquida totalizou R$ 3,197 bilhões, apresentando um crescimento de 0,6%.
No terceiro trimestre, a empresa concluiu a reorganização da dívida com os credores financeiros, reduzindo sua dívida bruta de R$ 45,2 bilhões em junho de 2024 para R$ 1,7 bilhão ao final de setembro do mesmo ano. A dívida atual é formada por R$ 1,6 bilhão em debêntures emitidas pela empresa, além de R$ 75 milhões em empréstimos e financiamentos de outras entidades do grupo que não estão em recuperação e, portanto, não foram incluídas no processo de Recuperação Judicial.
No dia 30 de setembro, a Americanas tinha uma posição de caixa e equivalentes, além de recebíveis, que superavam sua dívida financeira em R$ 482 milhões. No entanto, levando em conta as obrigações pendentes relacionadas ao Plano de Recuperação Judicial, a empresa revela que o total de suas dívidas, somadas às obrigações ainda existentes do PRJ, é equivalente à soma do caixa e dos recebíveis ao término do terceiro trimestre.