VÍDEO: Grupo de dança formado por cadeirantes no DF faz ...

3 Set 2023
Anitta

Durante toda pandemia de Covid-19, os encontros foram online. De volta às aulas presenciais, recentemente o grupo foi conduzido por Eduardo Amorim, um dançarino que fez parte do balé da cantora Anitta – a coreografia "bombou" nas redes sociais e teve mais de 100 mil acessos até esta sexta-feira (1º).

Sobre duas rodas, usando movimentos nos braços e esbanjando talento e carisma, o Street Cadeirante roubou a cena. Ao som da música Used To Be, da cantora Anitta, eles mostraram que sim, são capazes de dançar (veja vídeo acima).

"Eu nunca quis dançar e parecer bonitinho tipo 'as cadeirantes que dançam' . Eu falo isso com o pessoal do grupo. Quero que olhem pra gente e digam: 'Caramba, como elas arrasam, quero dançar com essas meninas'. É essa imagem de potencial e capacidade que tentamos mostrar nas perfomances", diz Carla Maia.

No vídeo que "bombou" na internet, o grupo é conduzido por Eduardo Amorim. O coreógrafo tem uma carreira sólida e já trabalhou, além de Anitta, com com os cantores colombianos Shakira, J Balvin e Maluma e o cantor porto-riquenho Luis Fonsi.

Carla Maia, Estevão Lopes, Julliana Lindsem, Mariana Guedes, Delma Ferro, Leonice Friedrich, Maria Piedade, Ana Fiche e Kassia Gomes, que fizeram a coreografia têm histórias diferentes. Mas a dança os uniu, fazem questão de dizer.

Como tudo começou

Grupo de dança formado por cadeirantes durante apresentação, no DF — Foto: Laís Ossami

A idealizadora do Street Cadeirante, Carla Maia, sempre foi apaixonada pela dança. Ela diz que desde pequena "já era uma criança em movimento".

As 17 anos de idade, tudo mudou. Carla começou a sofrer de torcicolos e descobriu um sangramento medular. O problema causou uma lesão na coluna cervical, fazendo-a perder os movimentos das mãos e das pernas.

"Quase morri! Mas, por milagre, o sangramento parou de subir rumo ao cérebro e foi reabsorvido pelo organismo. Cheguei andando no hospital e saí tetraplégica", conta a dançarina.

Viajou, representando o Brasil, e conheceu uma artista de Los Angeles - Califórnia, também cadeirante, que a inspirou a voltar a dançar. Quando retornou para Brasília, se matriculou em uma academia e começou a adaptar as coreografias.

Carla conta que foi se reinventando no mundo da dança. Depois de um tempo, ela sugeriu ao professor e a dona da academia que criassem uma turma para cadeirantes. A academia topou, e assim o Street Cadeirante dava seus primeiros passos.

O projeto sem fim lucrativos oferece aulas de dança presenciais e também online, para quem não mora no Distrito Federal. Segundo Carla, a presença dos coreógrafos e professores faz toda a diferença no crescimento do grupo.

De bailarino da Anitta a coreógrafo do Street Cadeirante

Coreógrafo e bailarino, Eduardo Amorim, em apresentação com a cantora brasileira Anitta. — Foto: Arquivo Pessoal

Coreógrafo e dançarino, Eduardo Amorim entrou no mundo da dança há cerca de 19 anos. Desde 2020, ele trabalha com o Street Cadeirante desde 2020, sua primeira experiência com pessoas com deficiência.

"Com a ajuda da Carla e dos demais dançarinos do grupo fui aprendendo muito sobre o universo dos cadeirantes, e como poder aproveitar o potencial artístico de cada um nas aulas", conta o coreógrafo.

Eduardo diz se sentir realizado. Para ele, "é uma honra contribuir com um projeto tão inspirador, que revela tantos talentos e ajuda a lidar com problemas como a depressão, o isolamento e a ansiedade que, muitas vezes, a condição física intensifica.

"Ver o quanto a dança transforma a vida dos cadeirantes me traz uma felicidade que nunca senti antes. A arte revela cadeirantes com potencial artístico enorme," diz Eduardo Amorim.

Como participar do grupo?

Para participar Street Cadeirante, a pessoa com deficiência física passa por uma seleção ou audição e deve morar em Brasília. Interessados podem enviar um vídeo dançando, pelas redes sociais ou pelo email do grupo.

Quem não é de Brasília ou não for selecionado pode se inscrever nas aulas on-line, pelo site. Os encontros virtuais acontecem aos sábados, às 17h, e são gratuitos.

"Temos que ir em frente, e cada vez mais as pessoas que adquirem deficiência ao longo da vida estão se dando conta disso e a sociedade também. Todo mundo vivendo! Eu sempre brinco nos finais dos meus vídeos, com o convite: 'Vamos conquistar o mundo?"' ,diz Carla.

* Sob supervisão de Maria Helena Martinho

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