Inflação argentina fica em 3,5% em setembro e acumula 209% em 12 meses

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Argentina

Ao longo de um ano, a elevação dos preços atingiu 209%. Esse valor é inferior ao registrado em agosto, que foi de 236,7%. Entre janeiro e setembro, a taxa alcançou 101,6%.

Em setembro, o segmento que apresentou o maior crescimento foi o de Habitação, Água, Energia Elétrica, Gás e Outros Combustíveis, com uma alta de 7,3%. Em seguida, destacaram-se Roupas e Calçados, que subiram 6%, Educação, com um aumento de 4,3%, e Restaurantes e Hotéis, que tiveram uma elevação de 3,7%.

A Argentina está vivenciando um significativo ajuste financeiro sob a liderança do presidente ultraliberal Javier Milei. O país já lidava com uma intensa recessão econômica, e Milei implementou um extenso programa de redução de despesas públicas.

Após assumir o cargo em dezembro de 2023, Milei optou por suspender obras federais e cessar os repasses financeiros para os estados. Também foram eliminados os subsídios relacionados às tarifas de água, gás, eletricidade, transporte público e serviços fundamentais.

A inflação no país também apresentou um abrandamento, passando de 25,5% em dezembro para 4,2% em agosto. Uma parte dessa diminuição no índice é atribuída à redução no poder de compra dos argentinos, além de ações voltadas para a diminuição na emissão de moeda.

Para os argentinos, porém, a redução nas taxas ainda não se traduz em uma diminuição dos custos de serviços públicos, transporte e alimentos. Além disso, o salário mínimo de 271,5 mil pesos (US$ 278,3) não conseguiu acompanhar a inflação anual que ultrapassa os três dígitos.

O resultado é um agravamento da pobreza no país: há 15,7 milhões de argentinos vivendo em condições de penúria, o que impacta 52,9% da população, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).

O desconforto se evidenciou em uma declaração recente do bilionário argentino Paolo Rocca, CEO da Tenaris, uma empresa global fornecedora de tubos para plataformas de perfuração de petróleo. Anteriormente confiante em relação à velocidade das transformações econômicas do país, ele agora começou a refletir sobre suas expectativas.

Embora tenha havido progresso nos resultados fiscais e na aquisição de dólares no mercado de câmbio, a Argentina enfrenta desafios para consolidar suas reservas internacionais, um aspecto fundamental para ganhar confiança e atrair investimentos.

Nesse contexto, uma preocupação do mercado financeiro em relação a Milei é a sua ordem de prioridades. A percepção é que ele tem se concentrado excessivamente no combate à inflação, relegando a ações voltadas para o longo prazo a um segundo plano.

Federico Servideo, presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira em São Paulo, declara que a inflação tem atuado como um pilar econômico para Milei, "mas parece que, a cada dia, isso está se transformando em um apoio político".

Compreenda, no vídeo a seguir, as oscilações na popularidade de Milei:

Na Argentina, a aprovação de Javier Milei diminui em 12%.

Contas Continuam Altas E Sem Alívio

Apesar da diminuição da inflação, os argentinos têm encontrado pouco alívio nas suas despesas. A situação é marcada por salários que continuam estagnados, enquanto os preços dos itens essenciais aumentaram significativamente e o governo reduziu os subsídios públicos.

O programador Ivan Cortesi, de 30 anos, comentou que, apesar dos valores dos alimentos terem se mantido parecidos com os do mês anterior, as tarifas de serviços públicos aumentaram significativamente.

A desvalorização do peso argentino, junto aos cortes drásticos nos gastos — ações implementadas logo no início do governo de Milei — impactaram de maneira significativa certos grupos, incluindo trabalhadores informais, servidores públicos, pensionistas, médicos e professores.

Especialistas preveem que a inflação na Argentina deverá ficar em 3,5% em outubro. Para o final de 2024, a previsão é que o índice de preços oficial atinja 124% no acumulado dos últimos 12 meses.

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