Atlético-MG x Flamengo: Sampaoli mudou rota do Galo, mas festa e ...

29 Julho 2023

Jorge Sampaoli se despede do Galo: "Sigam caminhando com o coração como guia"

Hoje no Flamengo, Sampaoli reencontra Atlético — Foto: Infoesporte

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Ter o agitado argentino no banco de reservas tem seu preço. Amparado pelos "mecenas", o Atlético foi ao mercado. Chegaram Keno, Marrony, Junior Alonso, Sasha, Alan Franco, Mariano, Everson, Zaracho e Vargas. A maioria foi peça-chave para a conquista do Brasileiro do ano seguinte. Os cinco últimos ainda estão no Galo.

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Com Sampaoli, o time brigou pelo topo, mas ficou no quase. O técnico mudou a rotina do Centro de Treinamentos, já extremamente alterada com a pandemia da Covid-19, declarada mundialmente uma semana após a chegada do argentino ao Atlético.

A (difícil) relação

Ambicioso e competitivo, mas também de relacionamento mais restrito, segundo pessoas que conviveram com ele, Sampaoli levou novos métodos ao clube, dentro e fora de campo.

- Sampaoli, velho... Sampaoli? Sei lá o que posso falar desse cara. Ele não falava com ninguém. A gente falava "corredor da morte". E eu fiquei dois meses - disse Éder, em entrevista à Rádio 98 FM.

Casamento entre Sampaoli e o Atlético, apadrinhado pelos torcedores, chegou ao fim?

Diretor de comunicação do Galo à época, Domenico Bhering postou nas redes sociais sobre o treinador logo após o acerto dele com o Flamengo.

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“Se ele mudou, tem tudo pra dar certo. É bom treinador. Agora, se ele é o mesmo que saiu daqui, do Galo, tem tudo pra dar errado. Vestiário lá é formado de 'cobras criadas'. Ele precisará de bom ambiente. Tem que chegar mais “pianinho” ou, na minha opinião, podem fritá-lo."

Exigente e inquieto, Sampaoli fez o Atlético disputar o título do Campeonato Brasileiro já em 2020. O Galo perdeu a taça por três pontos, superado justamente pelo Flamengo, atual time do técnico.

Um episódio causou grande desgaste. Após a goleada de 4 a 0 sobre o Flamengo, em plena pandemia, houve uma festa para dezenas de pessoas para celebrar o aniversário do gerente Gabriel Andreata, com presença de Sampaoli e seus auxiliares.

Sampaoli dirigiu o Galo em 2020, durante a pandemia da Covid; jogos não tinham público — Foto: Pedro Souza / Atlético-MG

Dias depois, quase todos positivaram para Covid. Jogadores também testaram positivo. Não há comprovação de que a confraternização tenha iniciado um processo de espalhar o vírus na Cidade do Galo, mas o risco em que o gerente, o treinador e auxiliares se colocaram foram vistos internamente como um grande problema. Gerou irritação.

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Líder do Brasileiro, o Atlético sofreu com desfalques no período por causa do surto de Covid. Perdeu pontos preciosos, por exemplo, na derrota em casa para o Athletico-PR, em jogo atrasado da sexta rodada (o técnico do sub-20, Leandro Zago, foi o comandante à beira do campo), a segunda partida após a "festa" de Sampaoli.

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Em coletiva, quando voltou a treinar o time na partida contra o Internacional (levou empate nos minutos finais), o treinador comentou rapidamente sobre os efeitos da pandemia no elenco.

- Uma partida que a gente tinha praticamente fechada. Lamentavelmente, um equívoco gerou o empate para o Inter, que considero que não merecia. A gente vinha de uma complicação com a pandemia, estamos colocando em forma alguns jogadores que ficaram um tempo parado. Lamentavelmente, deveríamos saber ganhar a partida, se não fosse o final.

O presidente da época, Sérgio Sette Câmara, em entrevista ao Camisa Doze, colocou o peso da perda do Brasileiro naquele momento. O clube havia adotado protocolo rígido para evitar casos de Covid-10, que foram por terra diante do ocorrido. Há o pensamento que a aquela confraternização, que teve fotos vazadas nas redes sociais na época, teve reflexos na campanha final da equipe.

- A gente perdeu o campeonato naquele momento que a comissão técnica pegou Covid. Não tenho dúvida nenhuma, porque foram todos (da comissão) e parte do time também pegou Covid. Fui para o CT, aquele clima. Houve uma quebra de confiança e também, o time jogou muito desfalcado -afirmou Sette Câmara.

"Houve um trauma, um choque. Lembro que o Sasha falou que a filha ou filho tinha acabado de nascer, e esse negócio de Covid. Os caras ficaram preocupados, era exame todo dia, de repente os caras saem… O povo sem máscara, uma coisa inadmissível" - disse o ex-presidente do Galo.

Sérgio Sette Câmara e Jorge Sampaoli durante passagem do treinador pelo Atlético — Foto: Bruno Cantini /

Apesar do desgaste, teve sua importância reconhecida pela diretoria, que o homenageou na despedida, acontecimento raro em saída de treinadores. Sampaoli optou por assumir o Olympique de Marseille, da França. Agora, está de volta ao Brasil. À frente do Flamengo vai reencontrar o Galo, que ainda busca a primeira vitória com Felipão.

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