Azul (AZUL4) faz acordo de R$ 3 bi com credores; ação ameniza, mas ainda avança 7,5%
A Azul (AZUL4) divulgou um comunicado importante na noite da última segunda-feira (7), trazendo uma ótima notícia para seus acionistas. A companhia aérea celebrou acordos comerciais com arrendadores e fabricantes de equipamentos originais (OEMs) que possuem cerca de 92% do capital próprio emitido no ano passado. Durante o dia, as ações chegaram a valorizar-se até R$ 7,00, representando um aumento de 21,74%; embora o preço tenha diminuído ao longo do dia, o ativo ainda fechou com uma alta de 7,48%, a R$ 6,18.
O acordo (i) consiste na troca da participação proporcional dos credores no saldo da dívida atual, que é de aproximadamente R$ 3 bilhões, por até 100 milhões de ações preferenciais em uma única emissão, e (ii) está sujeito a determinadas condições e aprovações. Em outras palavras, o entendimento estabelece que os proprietários das aeronaves concordaram em diminuir sua participação na conversão das dívidas em ações, no montante de cerca de R$ 3 bilhões, em troca de até 100 milhões de ações preferenciais. Considerando o fechamento da AZUL4 na última segunda-feira, a R$ 5,75, esses 100 milhões de ações representam um valor de R$ 575 milhões.
A Azul também destaca que os contratos “constituem uma fração relevante de uma estratégia ampla elaborada para aumentar a geração de receita da empresa e aprimorar sua estrutura de capital a longo prazo”.
Ações Não Monitoradas
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A negociação depende de modificações em algumas obrigações adicionais, incluindo a obtenção de financiamento extra, e está sujeita à conclusão da documentação contratual final com os credores. Ademais, as conversas prosseguem com os 8% restantes dos locadores/OEMs e outras partes interessadas.
A XP avalia esse acerto como benéfico, pois: (i) resulta em uma diluição consideravelmente menor em comparação ao instrumento conversível em ações (21% de diluição, frente a aproximadamente 55% se o instrumento fosse convertido ao preço atual das ações – o que representa uma redução de valor da dívida de cerca de R$ 1,8 bilhão [85% do valor de mercado da Azul]); e (ii) pode dar origem a novas oportunidades de financiamento, como uma dívida adicional, possivelmente melhorando a liquidez de curto prazo da Azul.
Para a Genial Investimentos, o pacto representa um elemento crucial na iniciativa da Azul de reforçar sua capacidade de geração de caixa e aperfeiçoar sua estrutura de capital, oferecendo um alívio financeiro considerável. Contudo, a possibilidade de diluição de até 100 milhões de ações pode afetar os acionistas existentes, mesmo que essa seja uma estratégia favorável a longo prazo para a viabilidade da companhia.
Prossegue após a propaganda.
O Bradesco BBI aponta que, em maio de 2023, a companhia Azul e os locadores de aeronaves chegaram a um entendimento para transformar US$ 570 milhões de passivos de leasing em obrigações de capital, com um valor por ação de R$ 36,00/AZUL4 e conversões trimestrais previstas do terceiro trimestre de 2024 até o quarto trimestre de 2027. Nesta nova negociação, os locadores e fabricantes de equipamentos originais (OEMs) concordaram em alterar os termos, mas reduziram o preço de conversão para R$ 30,00/AZUL4, o que resultou em um aumento da diluição de 20,5% para 22,3%.
"Anticipamos uma resposta bastante favorável do mercado, já que esse acordo com os locadores deve simplificar as negociações com outros credores. As próximas etapas para a gestão das dívidas da Azul envolvem a busca por capital adicional e, possivelmente, a extensão dos prazos de vencimento dos títulos. Considerando o preço atual das ações de R$ 5,75/AZUL4, a mera conversão de R$ 3 bilhões em dívidas de leasing ao valor de R$ 30,00/AZUL4 pode elevar o preço das ações para R$ 11,16/AZUL4", comentaram os analistas, antes da abertura do mercado. O BBI mantém a recomendação de outperform (desempenho superior à média do mercado, equivalente a compra) para a Azul, com um preço-alvo de R$ 20,00 para 2025.
O JPMorgan observa que o comunicado se alinha muito com as previsões, já que uma possível diluição de capital entre 20% e 25% havia sido previamente antecipada. "Ainda assim, consideramos positivo o anúncio, pois elimina a pressão no curto prazo relacionada à possibilidade de um pedido de recuperação judicial sob o Chapter 11, o que resultou em um desempenho 17 pontos percentuais abaixo do Ibovespa desde o final de agosto", analisam. O banco mantém uma recomendação neutra para as ações da Azul.