Azul (AZUL4) firma acordo com credores e ações disparam
Na noite da última segunda-feira (7), a Azul (AZUL4) divulgou que estabeleceu parcerias comerciais com locadores e produtores de equipamentos originais (OEMs), os quais somam aproximadamente 92% dos possuidores do instrumento de capital emitido no ano anterior.
De acordo com a informação, aproximadamente às 10h20 desta terça-feira (08), as ações da Azul (AZUL4) subiram 17,22%, alcançando o valor de R$ 6,74.
A proposta divulgada pela Azul prevê a substituição da participação proporcional dos credores na dívida existente, que é de cerca de R$ 3 bilhões, por até 100 milhões de ações preferenciais em uma única emissão. Essa operação está sujeita a determinadas aprovações e requisitos.
Isso implica que os proprietários das aeronaves aceitaram diminuir a transformação de suas responsabilidades em ações, o que equivale a uma troca de R$ 3 bilhões por até 100 milhões de ações preferenciais.
Levando em conta o encerramento das ações da AZUL4 na última segunda-feira, que foi de R$ 5,75, essas 100 milhões de ações representariam um total de R$ 575 milhões.
A Azul enfatizou que os acordos são parte de uma estratégia mais abrangente, destinada a aumentar a geração de recursos e aprimorar a estrutura de capital da empresa a longo prazo. A negociação está sujeita a modificações em outras responsabilidades, incluindo a obtenção de novos financiamentos, além da necessidade de concluir a documentação final com os credores. As discussões com os 8% restantes dos arrendadores e fabricantes de equipamentos originais (OEMs) ainda estão em progresso.
Em um relatório, a XP expressa uma visão favorável em relação ao acordo, destacando que este acarretaria uma diluição de 21%, bem inferior à conversão inicial do instrumento, que provocaria uma diluição em torno de 55% com base no preço atual das ações. Isso representaria uma redução de aproximadamente R$ 1,8 bilhão, o que equivale a 85% do valor de mercado da Azul.
Além disso, a companhia reconhece que o pacto pode possibilitar novas oportunidades de captação de recursos, como a expansão da dívida, o que ampliaria a liquidez no curto prazo da organização.
O Bradesco BBI recorda que, em maio de 2023, a Azul havia estabelecido um entendimento com os arrendadores para transformar US$ 570 milhões em passivos de leasing em obrigações de capital, com um valor de R$ 36,00 por ação. As conversões estavam programadas para ocorrer trimestralmente, entre o terceiro trimestre de 2024 e o quarto trimestre de 2027. Recentemente, os arrendadores e fabricantes (OEMs) concordaram em revisitar os termos do acordo, reduzindo o preço de conversão para R$ 30,00 por ação, o que resulta em um aumento da diluição, passando de 20,5% para 22,3%.
De acordo com a empresa, o mercado tende a responder de maneira bastante favorável a esse acordo, pois ele simplifica futuras discussões com outros credores. Os próximos passos envolvem a busca por recursos adicionais e, possivelmente, a prorrogação do prazo de vencimento de títulos.
Considerando o preço atual de R$ 5,75 por ação (AZUL4), a conversão de R$ 3 bilhões em passivos de leasing a R$ 30,00 por ação poderia aumentar o valor das ações para R$ 11,16, conforme apontado por analistas antes da abertura do mercado. O bancoKeeps recomenda uma avaliação "outperform" (desempenho superior à média do mercado), com um preço-alvo de R$ 20,00 para 2025.
O JPMorgan, por sua parte, considera que o comunicado está de acordo com o que se antecipava, uma vez que uma diluição do capital entre 20% e 25% já era prevista. Contudo, a instituição financeira elogiou a divulgação por eliminar a pressão sobre os ativos no curto prazo, associada a um possível pedido de recuperação judicial sob o Capítulo 11 nos Estados Unidos.
A instituição ressalta que isso contribuiu para que a Azul atingisse um desempenho superior, que estava 17 pontos percentuais aquém do Ibovespa desde o final de agosto. O banco continua com uma orientação neutra em relação às ações.