Banco Central Europeu volta a cortar juros. Como isso afeta o Brasil?

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Banco Central

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu reduzir novamente as taxas de juros. A taxa de depósito foi diminuída em 0,25 ponto percentual, passando de 3,75% para 3,50%. A informação foi divulgada às 9h15, horário de Brasília, nesta quinta-feira (12).

Banco Central - Figure 1
Foto Valor Investe

A redução da taxa de refinanciamento foi de 0,6 ponto percentual, passando de 4,25% para 3,65%. A taxa de empréstimo também sofreu um corte de 0,6 ponto percentual, diminuindo de 4,50% para 3,90%.

Apesar das reduções, o BCE preservou uma postura rigorosa em sua declaração. De acordo com a instituição, as taxas de juros permanecerão "adequadamente restritivas" pelo período necessário até que a meta seja atingida. O BCE também deixou em aberto a possibilidade de mudanças futuras, ao mencionar que "o conselho não está vinculado a uma trajetória definida para as taxas de juros".

Conforme o comunicado, a estimativa de inflação para a região é de 2,5% para 2024, 2,2% para 2025 e 1,9% para 2026. Vale destacar que a meta de inflação estabelecida para a área é de 2%. Apesar de os dados mais recentes indicarem que o aumento dos preços está longe de alcançar essa meta, nota-se uma desaceleração na elevação dos preços, o que possibilitou esses cortes.

De acordo com o banco central, "espera-se que a inflação aumente na reta final deste ano e diminua em direção à meta no próximo ano". A instituição também destacou que a inflação interna permanece elevada e que os salários continuam a crescer em um ritmo acelerado. Em contrapartida, o relatório menciona que "a atividade econômica se mantém moderada, com um consumo privado e investimentos em baixa", o que pode equilibrar a elevação do emprego.

Esse desempenho moderado também se refletiu nas previsões para o PIB da área. A estimativa de crescimento para 2024 foi ajustada de 0,9% para 0,8%. Para 2025, a projeção passou de 1,4% para 1,3%. Quanto a 2026, a previsão foi de 1,6% reduzida para 1,5%.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, declarou que a resolução de reduzir em 0,25 ponto percentual foi tomada por consenso entre os diretores. Ela também destacou que o BCE "está preparado para revisar a política monetária se for preciso".

Em suas declarações, Lagarde reiterou sua inquietação em relação à inflação, que pode se intensificar mais rápido do que o previsto devido ao aumento dos salários. Ela também enfatizou a questão das tensões geopolíticas, que podem resultar em um aumento nos preços de energia na zona do euro e, consequentemente, influenciar a elevação geral dos preços.

Por Que Isso é Importante Para O Brasil?

Quando as taxas de juros estão mais altas em áreas e nações vistas como mais seguras, os investidores costumam transferir ou manter seus recursos nesses mercados. Isso ocorre porque os ativos de renda fixa dessas regiões proporcionam um rendimento superior, já que sua rentabilidade está ligada à taxa de juros. Além disso, esses mercados oferecem uma maior segurança em comparação aos emergentes, por exemplo.

Dessa forma, investimentos e mercados vistos como mais perigosos (como a bolsa brasileira) perdem seu apelo. Em outras palavras: qual o motivo para um investidor optar por colocar seu dinheiro em ações brasileiras, se os títulos do governo de países mais estáveis estão oferecendo retornos vantajosos?

Nos Estados Unidos, outra nação desenvolvida que costuma "atrair" investidores, os dados mais recentes sobre emprego e inflação indicaram uma desaceleração. Ontem (11), a inflação ao consumidor (CPI, sigla em inglês) apresentou resultados conforme previsto, demonstrando uma certa estabilidade. Dessa forma, o mercado interpretou que há oportunidade para o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) não apenas dar início ao seu ciclo de redução nas taxas de juros, mas também implementar cortes mais significativos do que se esperava inicialmente.

O Brasil, em contrapartida, segue uma direção diferente. Após informações sobre a atividade econômica indicarem um crescimento robusto, o Banco Central adotou um espírito de prudência. Isso porque o aquecimento da economia pode gerar maiores pressões sobre a inflação. Dessa forma, a entidade responsável pela política monetária não apenas suspendeu a redução da taxa Selic, mas também começou a considerar um possível aumento na reunião agendada para a próxima semana. Como resultado, os investimentos em renda fixa se tornam ainda mais atraentes neste cenário.

Entretanto, é importante ressaltar que, atualmente, os juros continuam altos no exterior. Assim, mesmo que os EUA e a Europa reduzam suas taxas de juros e o Brasil as aumente, o processo de "retorno do capital estrangeiro ao Brasil" pode demorar um pouco. Além disso, tudo está ligado à situação interna do país. Quanto mais confiança os investidores tiverem no Brasil, maior será o apelo dos investimentos aqui.

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