Por que Billie Eilish é a artista mais criativa do pop americano hoje?

Billie Eilish

Com o lançamento de seu terceiro álbum intitulado "Hit me hard and soft", a cantora de apenas 22 anos novamente se reinventa e aborda temas mais maduros, dando ênfase em uma atmosfera mais alegre e menos melancólica. O álbum apresenta uma camada inédita de sensualidade, onde a artista se abre sobre sua atração por mulheres e, pela primeira vez, compartilha de suas experiências sexuais de forma explícita.

O álbum apresenta, pelo menos, três canções com arranjos modestos, abaixo do seu potencial. Além disso, existem elementos repetidos que já haviam sido explorados anteriormente. No entanto, a maioria das músicas evidenciam o que ela faz de melhor: um estilo de pop louco, distorcido, instável e sem medo de fracassar. Portanto, podemos afirmar que, atualmente, Billie Eilish é imbatível quando se trata de criatividade no cenário do pop americano.

Como Será Billie Em 2024?

A cantora Billie Eilish aparece em uma imagem promocional de seu álbum intitulado "Bata-me Forte e Suave". A foto foi divulgada pelo Estúdio Petros.

Em 2024, Billie Eilish está agora lidando com assuntos mais complexos. Ela expandiu além das queixas e tristeza adolescentes que a tornaram a voz (ou sussurro) de uma geração desesperançada. Seu novo trabalho é simultaneamente inovador, acessível e encantador, mantendo Billie e seu irmão Finneas - produtor, co-autor e leal companheiro - como os nomes mais criativos da música.

No ano de 2019, a presença da artista, utilizando roupas amplas, sem seu aparelho odontológico e exibindo sangramento nasal no vídeo de "Bad Guy", criou novos parâmetros artísticos e estéticos na indústria da música.

No ano de 2021, foi lançado o segundo álbum intitulado "Happier Than Ever" e ocorreram mudanças significativas. A aparência carregada, com cabelos escuros, foi substituída por cabelos loiros descoloridos, além de adotar uma estética suave que remete aos anos 1950. Na música, percebe-se a inclusão de elementos mais clássicos e novas tonalidades vocais, deixando de lado os sussurros habituais.

Billie mudou as letras sombrias de sonhos juvenis sobre relacionamentos turbulentos, companheiros tóxicos e morder a própria língua por reflexões mais melancólicas sobre ser uma das jovens mais conhecidas do mundo.

O Que Esperar Do Novo álbum?

"Me atinja forte e suave" mantém o estilo confessional de uma artista que, assim como Taylor Swift e Ariana Grande, comanda habilidosamente a própria história através das suas canções. No entanto, no seu terceiro álbum, Billie Eilish incorpora nuances mais intricadas em sua própria personalidade. "Magro", a música que abre o disco, é um rock pop com uma guitarra suave que, desde o início, coloca em evidência sua autodiscernimento:

A imagem de Billie Eilish em 2021 foi divulgada ao público.

Durante uma entrevista com a revista "Rolling Stone" em abril, a artista declarou que o seu terceiro álbum marcaria o seu retorno à sua versão anterior. Ela descreveu este processo como se estivesse retornando à sua persona de 2019, e que estava sofrendo pelo seu retorno. O álbum não é sobre felicidade, mas sim demonstra diferentes aspectos da experiência humana pela primeira vez.

No conto "Almoço", ela explicitamente menciona seus desejos e experiências sexuais pela primeira vez. "Eu devoraria a garota do almoço. Sim, ela se mexe bem na minha língua". Em uma entrevista para a revista "Variety", em novembro do ano passado, ela discutiu sua atração por mulheres e, depois de ficar surpresa com a reação às suas declarações, respondeu: "Não era evidente?"

Billie Mais Radiante

No entanto, o clima agora é mais radiante: embora mencione voltar ao passado, Billie não é mais a mesma jovem desmotivada, e no seu novo álbum parece estar se encantando com as experiências – positivas e negativas – de crescer e amadurecer.

"Me Atinge de Forma Forte e Suave" apresenta melodias delicadas e sutis - por vezes, até demasiado para o talento da artista. "Chihiro" é uma canção house bastante agradável. "Aves do Mesmo Bando" possui Billie num alcance vocal emocionante, algo incomum para ela, e uma letra de amor que relembraria a escrita da Taylor Swift em um tempo passado. "Flor Selvagem" é uma balada de violão um tanto esquecível.

A audiência é cativada novamente em "The Greatest", uma narrativa de amor fracassado desenvolvida através de um dedilhar sutil, que culmina em um final explosivo com gritos raivosos e solos de guitarra. Recorda-nos da excelente faixa-título do disco anterior, "Happier Than Ever", embora a repetição da técnica seja ligeiramente incomodativa. A música tem a função de apresentar a melhor parte do álbum.

A partir disso, "Hit Me Hard and Soft" traz à tona o melhor que Billie Eilish tem a oferecer: um pop inovador, peculiar, distinto e destemido. "L'Amour de la Vie" inicia como uma canção de término doloroso, lembrando um pouco Olivia Rodrigo. Subitamente, os vocais se tornam uma voz amedrontadora de uma criança que oscila entre o intimidatório e o histérico. A batida se transforma em uma versão sofisticada das músicas presentes nas coleções Summer Eletrohits. Essa é a parte mais animadora do álbum.

No álbum, "The Diner", há graves tão intensos que chegam a causar desconforto auditivo. Em "Bittersuite", o uso de batidas de reggae contribui para uma atmosfera enigmática, acompanhada por um refrão que deverá ser ótimo em apresentações ao vivo. Já em "Blue", último som do disco, há uma retomada de um trecho da primeira faixa, em que Billie se compara a um pássaro em cárcere.

O choramingo ecoa como um reflexo dos desafios da fama, um assunto que persiste na obra da cantora, apesar das transformações. Talvez ela se perceba encurralada em sua realidade de jovem estrela rica, premiada com nove Grammy e duas estatuetas do Oscar. Entretanto, no universo da música pop, Billie surge como a mais desimpedida.

Billie Eilish e Finneas são fotografados com o troféu de música do ano e o prêmio de melhor composição para conteúdo audiovisual no Grammy 2024 — Imagem: David Swanson/Reuters

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