Eleições nos EUA: entenda por que bitcoin disparou acima dos US$ 73 mil com vitória de Donald Trump
Às 13h30, o bitcoin apresentava um aumento de aproximadamente 7%, sendo negociado a US$ 74.317. No seu ponto mais alto do dia, a criptomoeda alcançou uma valorização de 8,63%, superando a marca dos US$ 75 mil.
No Brasil, a valorização da criptomoeda foi ainda mais significativa, ultrapassando 11%, com seu preço próximo de R$ 443 mil — essa cotação também leva em conta a conversão do real para o dólar.
O sucesso do candidato republicano em relação à democrata Kamala Harris também fortalece outras criptomoedas globalmente, como o ethereum, a solana e a BNB, que são alguns dos principais ativos digitais da atualidade.
Isso ocorre porque Donald Trump se tornou um entusiasta fervoroso das criptomoedas, e os investidores aguardam que o político implemente ações que beneficiem esse setor durante seu governo.
No final de julho deste ano, enquanto conduzia sua campanha eleitoral, Trump esteve presente na conferência Bitcoin 2024 e comentou com os participantes que eles ficariam "muito satisfeitos" caso ele fosse vitorioso.
Essa atitude favorável em relação às criptomoedas representou uma alteração nas declarações de Trump. Há alguns anos, ele se pronunciava abertamente contra esse tipo de investimento.
Em uma publicação no X (antigo Twitter) em 2019, Trump declarou que não era um "apreciador" do bitcoin e de outras moedas digitais, alegando que esses ativos "não constituem dinheiro e possuem um valor extremamente instável e fundamentado no nada".
A vitória de Donald Trump impacta os mercados globais.
Taxas De Juros E Dólar Em Alta
Os juros futuros aumentaram devido à perspectiva econômica de Trump, que indica um aumento do protecionismo para a indústria dos Estados Unidos, incluindo a elevação das tarifas sobre produtos importados.
Isso pode resultar em um conflito comercial mais severo para a China e diminuir as exportações de outros países em desenvolvimento que são parceiros comerciais significativos dos Estados Unidos, como Brasil e México, por exemplo. Essa situação poderia aumentar os preços, uma vez que a elevação das tarifas torna os produtos e serviços mais caros.
A elevação dos preços acarretaria uma nova pressão sobre a inflação nos Estados Unidos, o que poderia fazer com que o Fed optasse por manter as taxas de juro em patamares elevados para conter os preços. No momento, as taxas se situam entre 4,75% e 5% ao ano. Os resultados dos títulos da dívida americana (Treasuries) indicam que o mercado antecipa a permanência das taxas elevadas por um período prolongado.
Adicionalmente, projeta-se uma queda na receita dos Estados Unidos devido à diminuição dos impostos para as empresas norte-americanas. Em teoria, a redução de impostos poderia ajudar a manter os preços dos produtos nacionais. No entanto, sempre existe a chance de que os empresários utilizem esse abatimento apenas para aumentar seu lucro.
Diante disso, os investidores receiam que uma queda na arrecadação federal limite a habilidade do governo de honrar suas obrigações de dívida. Essa situação também provoca um aumento nas taxas de juros futuras, uma vez que é necessário oferecer um retorno maior para que os investidores decidam emprestar recursos ao governo dos Estados Unidos.
Neste contexto de juros elevados das Treasuries, o índice DXY — que indica a flutuação do dólar em comparação a um conjunto de moedas de diversas nações (como euro, iene, libra esterlina e dólar canadense) — registrava uma valorização de aproximadamente 1,5% na tarde desta quarta-feira.
No Brasil, a cotação do dólar atingiu R$ 5,8619 em seu ponto mais alto do dia, mas começou a se desvalorizar no período da manhã. Às 13h30, mostrava uma queda de 0,64%, sendo negociado a R$ 5,7098. (confira mais informações abaixo)
Fernando Haddad comentou sobre a vitória de Trump.
Aqui, existe um fator que intensifica a prudência dos investidores há algum tempo, relacionado à gestão das finanças públicas no Brasil.
Na semana passada, o dólar já começava a se valorizar devido ao movimento em que os investidores começaram a alocar seus recursos, prevendo que Trump teria uma probabilidade maior de vencer a eleição, um fenômeno conhecido como “Trump Trade”. No entanto, o real se depreciou ainda mais, uma vez que o governo federal não apresentou ações de redução de despesas para gerenciar a dívida pública do Brasil.
Quando os dispêndios estatais são altos, superando as receitas do governo (resultando em um déficit público), o mercado começa a questionar a capacidade do país de cumprir suas obrigações financeiras a médio e longo prazo.
Esse aumento de risco leva os investidores a exigirem taxas de juros mais elevadas para alocar seus recursos no Brasil. Como consequência dessa busca por melhores retornos, houve uma saída ainda mais intensa de dólares do país na semana passada, o que acabou pressionando o valor do real para baixo.
O mercado financeiro aguardava com grande interesse que a equipe econômica do governo federal divulgasse um conjunto de medidas para reduzir os gastos públicos na semana passada, imediatamente após o segundo turno das eleições municipais no Brasil. No entanto, isso não se concretizou.
A equipe econômica do governo tem declarado que está analisando as despesas — o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, inclusive, que a administração está na "fase final" das decisões sobre os cortes.
Entretanto, na ausência de clareza sobre quais gastos serão reduzidos, o dólar tende a valorizar-se cada vez mais, especialmente em razão da eleição de Trump. "À medida que o tempo avança, o mercado se torna mais cauteloso", afirma Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos.
Atualmente, os investidores estão ansiosos pelo desfecho da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que divulgará a nova taxa básica de juros do Brasil ao final do dia. A previsão é de um aumento de 0,50 ponto percentual, elevando a taxa de juros do país para 11,25% ao ano.
"Estamos prestes a receber um comunicado sobre a política monetária que, sem dúvida, buscará aumentar ainda mais as taxas de juros no país, fazendo com que o Brasil permaneça uma opção interessante, mesmo diante da valorização do dólar, dos ganhos dos títulos do Tesouro e da expectativa de juros mais altos nos Estados Unidos", afirma Pizzani, da CM Capital.