Na Bolívia, ex-vice de Evo prega união da esquerda e nova estratégia para o lítio

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Bolivia

O antigo vice-presidente boliviano durante o governo de Evo Morales (2006 - 2019), Álvaro Garcia Linera, manifestou seu apoio à unidade do Movimento ao Socialismo (MAS) em uma entrevista ao jornal mexicano La Jornada. Atualmente, o partido de esquerda está fragmentado entre apoiadores do atual presidente Luis Arce e do ex-presidente Morales como possíveis candidatos para as próximas eleições na Bolívia.

Para implementar as mudanças que ele julga essenciais para superar a crise econômica na Bolívia, Linera ressalta que a coesão é crucial para que o partido MAS recupere o apoio parlamentar necessário.

Atualmente estamos divididos e, para alcançar esse objetivo, precisamos simultaneamente unir o bloco popular e pressionar por reformas. Não é viável que Luis [Arse] tente fazer isso sozinho, pois ele é uma minoria no Parlamento. É fundamental um acordo com o bloco pró-Evista, para além da candidatura, visando manter a maioria popular e implementar reformas que tragam de volta a emoção e entusiasmo perdidos atualmente. Existe um desconforto silencioso e apatia que precisamos superar.

Linera ressalta a importância de que o Estado avance na regulamentação da exploração do lítio no país, visando impulsionar a economia nacional. Esta questão tem despertado interesse de investidores estrangeiros, como Elon Musk, que inclusive demonstrou apoio a um golpe recente no país.

Reformulando a abordagem sobre o lítio, desperdiçamos quase cinco anos, o que é inaceitável. Inicialmente com o golpe de 2019 e posteriormente com as políticas instáveis de Luis Arce, não avançamos em nada além do que foi feito por Evo. Minha perspectiva não é de simples extração, mas sim de uma cadeia de valor. Podemos utilizar o fato de sermos detentores da maior reserva de lítio do mundo como um investimento em uma parceria com empresas internacionais, tendo o Estado como sócio.

Linera está empenhado em preparar uma nova geração para liderar um futuro momento de mobilização, similar ao ocorrido na Bolívia há duas décadas com a ascensão do MAS. Ele observa que dentro do movimento popular nacional há uma falta de visão estratégica, uma vez que os verdadeiros oponentes a serem enfrentados não estão claros, havendo um foco excessivo em disputas pessoais e mesquinhas.

O golpe começou na manhã de quarta-feira, quando Zúñiga se apresentou como o novo comandante do Exército, mesmo tendo sido removido do cargo por Arce na noite anterior. A decisão do presidente veio após o militar de alta patente se manifestar contra a candidatura de Evo Morales para as eleições do próximo ano. Em suas declarações nesta semana, ele afirmou que Morales não poderia mais ser presidente do país e que estaria disposto a sacrificar sua vida pela defesa e união da nação.

Por volta das 14 horas, Zúñiga foi para a Praça Murillo, em La Paz, onde liderou uma ação para derrubar o governo em um veículo blindado do Exército, acompanhado por outros soldados e 12 veículos militares.

Os impostores tentaram entrar na Casa Grande del Pueblo, um dos edifícios do governo boliviano, e houve uma discussão verbal com o presidente Arce, que mandou o general recuar. Enquanto a população boliviana se dirigia à Praça Murillo para apoiar a democracia, o militar entrou em seu veículo blindado e saiu do local.

O líder boliviano fez o juramento para assumir o comando do novo alto escalão militar. Depois que Zúñiga deixou a praça, houve festividades populares e um pronunciamento de Arce acompanhado por sua equipe. O presidente expressou gratidão às instituições e afirmou que os envolvidos no golpe frustrado devem ser responsabilizados perante a justiça o quanto antes.

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