Botafogo x Fortaleza: final em 1968 teve herói improvável e tirou Leão da Libertadores
Botafogo contra Fortaleza, decisão da Taça Brasil de 1968 — Imagem: Torcedores do Fortaleza
O torneio de 1968 foi incomum comparado com os padrões atuais. A Taça Brasil daquele ano foi organizada em duas etapas. Os times campeão e vice (Palmeiras e Náutico) e os representantes dos estados da Guanabara e São Paulo (Botafogo e Santos) já estavam classificados para a fase final. Os outros times estaduais precisavam passar pela primeira etapa, que estava dividida em três zonas (Norte, Centro e Sul), em que o vencedor de cada zona seguia para a fase final.
O Fortaleza garantiu sua vaga ao vencer o Bahia por 2 a 1, em seu estádio, em uma partida de desempate. Avançando para as quartas de final, enfrentaria o Palmeiras, mas acabou desistindo da competição. Com isso, o Leão duelou com o Náutico nas semifinais em dois jogos. O Tricolor saiu vitorioso ao vencer o Náutico por 1 a 0 em um jogo decisivo.
Do outro lado da chave, o Glorioso enfrentou o Cruzeiro. Em terras mineiras, Ferretti marcou o gol que garantiu a vitória da equipe. No segundo jogo, o empate por 1 a 1 no Maracanã confirmou a classificação do Botafogo para a final.
Na esperada decisão, os clubes enfrentaram-se em dois jogos. O confronto ocorreu em 1969 devido a um problema entre a CBD, o Botafogo e o já extinto Metropol de Santa Catarina. Essa demora fez com que o Fortaleza não se qualificasse para a Libertadores de 1969, competição da qual teria direito como vice-campeão.
O Botafogo não contava mais com Garrincha, mas tinha um dos melhores times da história, com jogadores como Gérson, Paulo César Caju, Jairzinho, entre outros grandes nomes do futebol brasileiro. Sendo treinada por Zagallo, a equipe de 1967-68 é lembrada por muitos torcedores como o "Esquadrão Imortal" ou "SeleFogo".
Antes do início da final, o Fortaleza tinha Caiçara como técnico, mas ele foi demitido após a derrota no Clássico-Rei. Gilvan Dias assumiu o cargo, dividindo as responsabilidades com Carneiro, que era o capitão da equipe na época.
No seu próprio estádio, o Leão chegou a marcar dois gols no primeiro jogo realizado em 3 de setembro de 1969, com Joãozinho e Erandir balançando as redes. Contudo, acabou sofrendo o empate com dois gols de Ferretti. O atleta era suplente de Jairzinho, porém foi escalado para a partida pois o titular estava atuando em uma partida pela seleção brasileira no mesmo dia.
A seção de Esportes do O Globo, no mês de outubro de 1969 — Imagem: Torcedores do Tricolor.
Jogo No Maracanã: Uma Experiência Inesquecível
Um mês depois, em 4 de setembro de 1969, a decisão foi tomada. Do lado do Botafogo, Zagalo e os membros da diretoria se encontraram na concentração do Hotel Argentina um dia antes do jogo para discutir problemas e investigar as causas da queda de desempenho. Não restavam dúvidas sobre quem iria jogar.
Devido à lesão de Jairzinho, Ferretti foi escalado para o segundo jogo e estava otimista para a partida, já que havia feito dois gols em Fortaleza. Ele foi o principal goleador do torneio, com sete gols.
O Fortaleza sofreu uma derrota por 3 a 0 contra o Botafogo-PB na Copa do Nordeste, pois decidiu descansar alguns jogadores titulares. Mozart, Erandir, Luciano Frota e os reservas Lucinho e Zé Augusto não participaram da partida pelo torneio regional. Em seguida, a equipe embarcou para a final importante, porém enfrentou contratempos na organização da viagem.
Os jogadores do time Leão fizeram uma parada em Recife antes de chegarem ao Rio de Janeiro ao meio-dia do dia 3 de outubro de 1969 vindo de João Pessoa, onde haviam enfrentado o Botafogo-PB. A chegada não foi mais cedo, pois a empresa aérea deu prioridade às delegações do Vasco da Gama e Palmeiras, que tinham jogado na Bahia e em Pernambuco.
A situação não era favorável para o Leão, embora o ataque mostrasse potencial e a defesa chamasse a atenção do Botafogo.
A seção de Esportes do O Globo, no mês de outubro de 1969 — Imagem: Torcedores do Tricolor.
Após alguns anos, Moésio Gomes assumiu o cargo de treinador do Tricolor e entrou para a história do Leão como o segundo técnico com mais partidas no comando da equipe (232, oficialmente) e um dos grandes ícones da história do Leão do Pici.
Botafogo contra Fortaleza, decisão da Taça Brasil de 1968 — Imagem: Torcedores do Fortaleza
O Botafogo marcou o primeiro gol rapidamente, aos 7 minutos da primeira etapa. Waltencir e Paulo Cézar se comunicaram, fizeram uma jogada rasteira e Roberto finalizou, aproveitando um erro da defesa do Ceará, abrindo o placar. O intervalo chegou com o placar de 1 a 0 para o Botafogo.
Na segunda parte, Zé Carlos deu um escanteio. Na cobrança, Ferretti cabeceou no ângulo e aumentou, aos 8 minutos. O terceiro gol veio aos 20 minutos, Afonsinho fez uma tabela com Roberto e tocou suavemente na saída do goleiro. Ferretti fechou o placar ao marcar de cabeça no final do jogo e decretou o placar de 4 a 0.
Após vencer a Taça Brasil de 1968, o Botafogo passou por um longo período de dificuldades e ficou duas décadas sem levantar troféus. Enfrentou problemas financeiros, perdeu seu estádio em 1976 e só voltou a comemorar um título em 1989, quando conquistou o Campeonato Carioca.
As duas equipes se enfrentarão mais uma vez no sábado (31), às 21h, no estádio Nilton Santos. O time do Leão ocupa a primeira colocação com 48 pontos, enquanto o Botafogo vem logo atrás, com 47 pontos.
Formação do time do Botafogo: Cao; Moreira, Chiquinho Pastor (Leônidas); Moisés e Waltencir; Carlos Roberto (Nei Conceição) e Afonsinho; Rogério, Roberto, Ferretti e Paulo Cézar.
Titulares do Fortaleza: Mundinho, William, Zé Paulo, Renato, Luciano Abreu, Joãozinho e Luciano Frota, Garrinchinha, Lucinho, Erandir (Amorim) e Mimi.
