Análise: Brasil tem evolução insuficiente para evitar fim de ano depressivo no Maracanã

Brasil

Ao analisar as perdas para Uruguai e Colômbia, nota-se que a equipe de Fernando Diniz exibiu certo progresso e demonstrou uma disputa mais equilibrada. Contudo, a evolução não foi suficiente para agradar a torcida descontente com cinco derrotas em 2023, sobretudo após o rival celebrar uma vitória no Maracanã e marcar a história das eliminatórias como o primeiro visitante a vencer o Brasil em casa.

Os melhores lances de Brasil 0 x 1 Argentina na 6ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo 2026.

O torcedor brasileiro teria que ser extremamente condescendente para conseguir enxergar as qualidades de uma atuação em que, apesar da maior organização e disposição do time, o Brasil não foi além disso. A derrota por 1 a 0 para os argentinos poderia até ser ignorada se não fosse somada a outras quatro derrotas na temporada, um sexto lugar no ranking das eliminatórias e outras marcas negativas na trajetória do time. Em outras palavras, a Seleção Nacional, que pede paciência em relação ao processo, deu poucas razões para tal.

Na partida entre Brasil e Argentina, Fernando Diniz foi fotografado por Marco Galvão da Eurasia Sport Images/Getty Images.

Referindo-se especialmente ao confronto da noite de terça-feira, o ambiente hostil com cenas de violência pouco antes do início do jogo influenciou o clima quente da partida. Brasil e Argentina disputaram um primeiro tempo muito intenso, com faltas duras e muitas mãos indo em direção ao rosto dos oponentes.

Muito bem estruturada, a equipe de Diniz apresentou evoluções notáveis em comparação ao jogo anterior na Colômbia. Com Carlos Augusto excelente no posicionamento defensivo, atuando ao lado de Marquinhos e Gabriel Magalhães, os jogadores André e Bruno Guimarães tiveram liberdade para avançar e pressionar a saída de bola da equipe argentina. A estratégia foi bem sucedida, com resultado positivo tanto na recuperação do campo ofensivo como nas faltas que impediram o avanço do adversário.

A reorganização defensiva teve um desempenho superior em comparação aos jogos anteriores, principalmente devido à disposição do quarteto ofensivo em recuar. Como no Fluminense, os atletas brasileiros se posicionavam rapidamente atrás da linha da bola quando a Argentina conseguia superar a pressão, mantendo duas linhas defensivas bem estruturadas e efetivas para impedir os avanços de Messi pelas costas dos volantes.

A torcida brasileira se refere à Seleção de Diniz como um time sem honra.

Devido à falta de utilização das laterais do campo pelos argentinos, o meio do campo ficava congestionado, o que beneficiava o Brasil que conseguia recuperar a bola e sair rapidamente em contragolpe. Apesar das jogadas em tabela terem sido bem executadas com maior aproximação da bola pelas laterais, elas não resultaram em muitas finalizações ao gol de Martinez. O primeiro chute efetivo do time brasileiro aconteceu somente aos 38 minutos, em uma cobrança de falta de Raphinha.

Martinelli fez com que Cuti Romero impedisse um gol em cima da linha, enquanto Rodrygo tentou uma pressão da entrada da área no final do primeiro tempo, no qual o Brasil foi superior. Esse desempenho se manteve na volta do intervalo.

Durante a primeira etapa da partida entre Brasil e Argentina, houve bastante agressividade, tanto dentro quanto fora do campo. Imagem: Getty Images.

Tanto a velocidade pelos flancos, quanto as habilidosas jogadas invertidas de Raphinha e Bruno Guimarães, permitiram que a equipe de Diniz ganhasse força e desenvoltura na busca pelo gol. Martinelli, mais uma vez, teve uma excelente oportunidade aos 12 minutos, porém, foi detido pelo goleiro. Infelizmente, essa foi praticamente a última ação do Brasil antes de sentir o gol de Otamendi, sete minutos depois. Este acontecimento encerrou quaisquer chances de reação.

A discrepância entre um time em fase de reformulação e outro que conquistou três títulos seguidos está em como se portam num jogo emocionante e em um ambiente hostil. Fica evidente isso ao perceber a atitude segura da Argentina, mesmo quando estava em desvantagem, contrastando com a ansiedade que tomou conta do Brasil, que pouco ameaçou depois de ficar atrás no placar.

Fernando Diniz tomou uma medida tática, mudando a posição de André para a defesa e colocando Joelinton no setor do meio campo, além de apostar no atacante Endrick. Ele ainda deu um novo fôlego ao time com as substituições de Douglas e Veiga no meio, mas todas as estratégias acabaram caindo por terra quando Joelinton foi expulso aos 36 minutos.

Baseado no jogo que durou pouco mais de 90 minutos, o Brasil exibiu uma apresentação satisfatória. Entretanto, não podemos ignorar os seis jogos da fase eliminatória. Com apenas sete pontos, três derrotas seguidas e o sexto lugar na classificação, a Seleção finaliza o ano após a Copa do Mundo em um clima desanimador para seus torcedores - apesar de Diniz afirmar que não se importa com as "estatísticas".

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