Minerais críticos e hidrogênio do Brasil estão na lista de importações estratégicas da Itália

Brasil

Segundo a diretora de Negócios Internacionais, Michal Ron, a agência italiana responsável pelo incentivo à expansão do comércio exterior, Sace, está considerando dar suporte à aquisição de minerais escassos e hidrogênio provenientes do Brasil.

Os produtos fazem parte da relação do programa de "garantia estratégica de importação" da agência, que abrange uma parte dos empréstimos fornecidos a fornecedores estrangeiros de insumos e recursos estratégicos para a segurança energética e industrial da Itália.

Em entrevista à agência epbr, a representante da Sace afirmou que estão avaliando as compras realizadas pelo Brasil para a Itália, o que tem grande importância para as empresas do país sul-americano. Ela destacou que estão atentos a recursos fundamentais como terras raras, nióbio e lítio.

"São recursos naturais provenientes do Brasil, do Chile e de outras nações próximas, as quais asseguraremos a importação para a Itália."

O propósito desse programa é assegurar aos comerciantes brasileiros que exportam esses recursos estratégicos, acordos de venda futuros com compradores na Itália.

No ano de 2021, a CSN conseguiu um financiamento de US$ 375 milhões em parceria com a Sace. Esse valor será destinado para a promoção de embarques de minério de ferro produzido pela empresa CSN Mineração, buscando fomentar negócios com organizações sediadas na Europa.

Conforme afirmado por Ron, a ênfase imediata recai sobre o GNL, devido à urgente necessidade de substituição do gás proveniente da Rússia, que é o segundo maior abastecedor de energia à Itália.

Possuímos quase um bilhão de euros em importações estratégicas, significativamente em substitutos para o gás russo. Apesar de nem todas as fontes serem referentes a isso, predominam. Por essa causa, a importação de GNL é abundante, com garantias.

O Brasil não é um provedor de gás natural e ainda adquire remessas de GNL para suprir a demanda interna. Entretanto, a executiva não exclui a hipótese de uma associação comercial no ramo de hidrogênio a médio e longo prazo.

Acredito que a nação demonstrou claramente o seu interesse e a Sace está prontamente preparada para prover essa espécie de garantia.

O plano italiano para o uso de hidrogênio estipula que, até 2030, 2% da demanda final de energia provenha desse combustível de baixo carbono. Esse objetivo engloba seu uso no transporte de cargas de longa distância, em indústrias pesadas, refinarias e na mistura da rede de gás. Já em 2050, a meta é elevar essa participação para 20%.

Com o objetivo de atender a essa necessidade, está programada a implementação de 5 gigawatts de capacidade nacional de eletrólise até o final da década. Além disso, é contemplado no plano que uma parcela do hidrogênio verde possa ser misturada às importações, como acontece com o hidrogênio de baixo conteúdo de carbono, como é o caso do hidrogênio azul.

A nação poderia, ademais, atuar como um centro de distribuição para hidrogênio em outros países europeus, posto que já estabeleceu conexões de gasodutos com regiões setentrionais da África, que podem se converter em grandes fornecedores de hidrogênio limpo.

Michal Ron explica que, no que diz respeito ao fornecimento de fontes de energia, o Brasil pode oferecer possibilidades como gás e outras formas. Porém, ele afirma que o hidrogênio é considerado uma importação estratégica e, por isso, não há nenhum obstáculo para realizá-la. Além disso, eles também trabalharão nessa área.

Um montante de € 1,1 bilhão será destinado para impulsionar a transição verde no Brasil. Este investimento tem como objetivo promover iniciativas que visam mitigar as mudanças climáticas e reduzir a emissão de gases poluentes, assim como incentivar a adoção de práticas sustentáveis. A verba será utilizada em projetos de energia renovável, desenvolvimento urbano sustentável, transporte público e reflorestamento, entre outros, para garantir que o país esteja alinhado com os compromissos ambientais estipulados no Acordo de Paris. Este é um importante passo para proteger nosso planeta e garantir um futuro mais verde e sustentável para todos.

O Brasil também é visto pelo país como um grande mercado para a venda de tecnologia italiana. Recentemente, a Sace revelou um investimento de 1,1 bilhão de euros em crédito com o objetivo de incentivar a transição ecológica no país, através da Green Push.

O software é uma extensão sustentável da Push Strategy, que já assegurou mais de 7 bilhões de euros em patrocínio para projetos relacionados a fornecedores italianos, alguns ocorridos no Brasil. Um exemplo seria a produtora de bioenergia Raízen, que conseguiu um empréstimo ecológico de 300 milhões de euros com a garantia da Sace.

Ron afirma que acredita na capacidade do Brasil para o Green Push, sendo um dos países mais promissores nessa iniciativa. Ele argumenta ter chegado a essa conclusão após conversar com diversas pessoas influentes e notar a presença de bancos locais que atuam nesse segmento.

A implementação do programa ocorreu devido à postura do governo do PT liderado por Lula no que se refere à supervisão dos investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Uma grande parcela dos projetos listados envolve a transição para uma economia mais sustentável, abrangendo tanto investimentos de empresas privadas como estatais, sendo a Petrobras a principal representante desta última.

Dos diversos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento, estimados em R$ 1,7 trilhão, destaca-se o investimento de R$ 41,5 bilhões em energia solar e R$ 22 bilhões em energia eólica. No contexto dos combustíveis, há também uma destinação de R$ 26,1 bilhões para rotas de menor emissão de carbono, além de R$ 8,9 bilhões para tecnologias que visam a redução das emissões no setor de óleo e gás.

As estradas de ferro e as rotas aquáticas, modos de transporte mais ecologicamente corretos, receberam um investimento de R$ 94,2 bilhões e R$ 4,1 bilhões, nessa ordem.

A diretora da Sace informa que estão considerando biocombustíveis, procurando fontes de energia para automóveis híbridos ou elétricos, e expandindo o agronegócio por meio de técnicas sustentáveis.

Conforme dados coletados pela agência, as vendas internacionais da Itália para o Brasil, que alcançaram uma marca histórica de 5,1 bilhões de euros em 2022, esperam apresentar um bom desempenho em 2023 e 2024, tendo previsões de crescimento de 7,2% e 4,5%, respectivamente.

Mudança do setor de petróleo e gás

A Itália enfrenta ainda o desafio de diminuir sua sujeição aos recursos energéticos fósseis. Estes, de acordo com os dados, correspondem a cerca de 80% do fornecimento de energia primária do país. O gás natural e o petróleo são seus principais fontes, somando respectivamente 43% e 32%.

A Itália vem sendo historicamente bastante vulnerável, no que se refere à indústria petrolífera e de gás. Assim, estamos atravessando uma fase de transição. Trata-se de um processo lento, o qual estamos impelidos a acelerar, acompanhado pela introdução de produtos novos e planos de investimento específicos.

A Sace optou por continuar aplicando seus recursos financeiros em empreendimentos de exploração de petróleo e gás na área internacional até o ano de 2028. A estratégia priorizará o incentivo às atividades de exploração e extração de gás natural até o ano de 2026, a distribuição de petróleo será favorecida até 2028 e o transporte de petróleo e o processo de refinamento terão respaldo até o ano de 2024.

No território brasileiro, a empresa ainda avalia a possibilidade de investir em embarcações para processar petróleo e gás em alto mar. No entanto, a representante ressalta que a Sace tem contribuído com empresas do setor para projetar iniciativas que promovam a transição para atividades mais sustentáveis.

"Estamos diminuindo significativamente o nosso suporte aos projetos convencionais de petróleo e gás, porém, estamos ainda mais estimulando os nossos patrocinadores e, principalmente, os nossos exportadores a se engajarem em atividades ecologicamente corretas".

Ela menciona como ilustração, a capacidade de suporte a propostas de mudança da Petrobras, com envolvimento de empresas da Itália.

De acordo com ele, companhias como a Petrobras seriam excelentes opções para se aderir ao impulso verde por meio de um projeto de transição.

A Petrobras está planejando investir um total de US$ 11,5 bilhões em projetos que visam reduzir a emissão de carbono. De acordo com o Plano estratégico da empresa para o período de 2024 a 2028, haverá investimentos significativos em fontes de energia renovável, como energia eólica e solar, além de tecnologias relacionadas com hidrogênio e captura, uso e armazenamento de carbono.

O protagonismo se dá não apenas no segmento privado, o que eu ilustrei com a citação da Petrobras, mas também no setor público. Temos convicção de que progrediremos de forma consolidada junto aos principais líderes da indústria brasileira, visto que há uma sinergia fabulosa entre nós. Não há uma atmosfera concorrencial. Trata-se de uma perfeita complementação. Concluo assim.

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