Microsoft lança novo “Call of Duty”; investimento pesado em games funcionará?

Call of Duty

A Microsoft se depara com um desafio importante ao lançar uma nova versão da franquia “Call of Duty” em seu serviço de assinatura Game Pass nesta sexta-feira (25). A compra da Activision Blizzard pela gigante tecnológica, considerada o maior negócio de sua trajetória, tinha como objetivo moldar o futuro dos jogos eletrônicos e a forma como os usuários os acessam e pagam.

Call of Duty - Figure 1
Foto Olhar Digital

A companhia acredita que a estreia de “Call of Duty: Black Ops 6” no Game Pass, com uma mensalidade de US$ 19,99 (equivalente a R$ 113,25 na conversão direta), estimulará o aumento de assinaturas. A Microsoft enxerga o streaming como uma chance valiosa para o seu setor de jogos, que atualmente está em desvantagem em relação aos concorrentes Sony e Nintendo nas vendas de consoles.

Microsoft E O Game Pass: Tudo Sobre!

“A perspectiva geral é a de que se trata de uma Netflix para jogos eletrônicos, e considero essa uma alternativa bastante promissora”, declarou Joe Tigay, gerente de portfólio da Equity Armor Investments, ao The Wall Street Journal. “Não tenho certeza se isso ocorrerá de forma imediata, mas a Microsoft está bem posicionada para realizar essa transição.”

Alguns jogadores ficam alarmados com possíveis atrasos que podem afetar suas oportunidades de vencer em partidas competitivas, ao passo que vários dos jogos mais populares atualmente, como "Fortnite", também são oferecidos sem custo.

Os aficionados costumam se concentrar em apenas alguns jogos de cada vez, uma vez que os criadores os atualizam constantemente com funcionalidades novas.

No entanto, certos analistas duvidam que o Game Pass consiga alcançar suas metas. “A indústria de jogos não é compatível com um modelo de buffet livre — pelo menos não a um custo que seja viável para os publishers”, afirmou Doug Creutz, analista da TD Cowen. “Não existe demanda para esse tipo de produto.”

O Game Pass foi introduzido pela Microsoft em 2017, oferecendo aos usuários o acesso a uma vasta coleção de jogos, tanto da própria empresa quanto de desenvolvedores parceiros, que podiam ser baixados para um console Xbox mediante o pagamento de uma assinatura mensal.

Em 2019, foram incorporados jogos de computador, enquanto em 2020, surgiu a possibilidade de transmitir partidas, abrangendo também títulos para dispositivos móveis.

O Game Pass contava com 34 milhões de usuários em janeiro de 2022, conforme anunciado em fevereiro de 2023, embora a Microsoft não tenha atualizado essa informação desde então.

Call of Duty - Figure 2
Foto Olhar Digital

Essa é apenas uma parte da estimativa de 3,1 bilhões de indivíduos que praticam jogos eletrônicos — englobando opções para dispositivos móveis — globalmente, de acordo com informações da empresa de análises Aldora Intelligence.

O analista da Wedbush Securities, Michael Pachter, comentou que os dados de assinantes do Game Pass devem variar ao longo dos meses. No entanto, ele acredita que o novo "Call of Duty" poderá atrair de dois a três milhões de novos assinantes.

Uma elevação recente nos preços "pode ter provocado a rotatividade, mas é mais provável que apenas tenha interrompido o crescimento, uma vez que é uma previsão", destacou Pachter.

A Microsoft busca, através do Game Pass, conquistar os gamers que desejam desfrutar de jogos de alta qualidade em uma tela ampla, sem precisar investir fortunas em um console.

No entanto, de acordo com os analistas, essa mudança é considerada uma ilusão, uma vez que, durante a pandemia, os jogadores aprimoraram seus equipamentos, pois foi nesse período que a Microsoft e a Sony lançaram novas versões de seus consoles.

Além disso, a grande empresa de tecnologia procura satisfazer aqueles que desejam iniciar um jogo em um dispositivo, como uma Smart TV, e continuar em outro, como um smartphone.

De acordo com o monitoramento da indústria de jogos feito pela Newzoo, em 2023, os jogadores ao redor do planeta desembolsaram US$ 183,9 bilhões (equivalente a R$ 1,04 trilhão) em conteúdos relacionados a jogos. A previsão é de que esse valor cresça 2,1% em 2024.

O pacto com a Activision fez com que os jogos se tornassem o quarto maior segmento da Microsoft, quase equiparando-se à divisão do Windows e superando as áreas do LinkedIn e de publicidade.

Além do Xbox, a grande empresa possui mais de 30 estúdios responsáveis por criar franquias de jogos famosos, como "Halo", "Minecraft" e "Fallout".

Antes da Microsoft comprar a Activision, a série “Call of Duty” tinha uma média de vendas de aproximadamente 25 milhões de unidades por ano, com preços em torno de US$ 70 (R$ 396,58) cada, segundo especialistas.

Amy Hood, CFO da empresa, afirmou durante uma teleconferência sobre resultados realizada em julho do ano passado que a meta da companhia com os videogames é estabelecer um “modelo de negócios baseado em anuidade e assinaturas de software”.

Em 2023, uma grande empresa de tecnologia dispensou aproximadamente dez mil colaboradores de suas atividades, e em 2024, mais ou menos 2,5 mil pessoas foram demitidas da divisão de jogos eletrônicos.

Além disso, ela tem investido bilhões de dólares em inteligência artificial (IA), o que, segundo especialistas, pode prejudicar outras áreas da Microsoft, como a de jogos.

Para complicar ainda mais a situação, "Call of Duty" se tornou alvo de escrutínio quando a aquisição da Activision começou a ser analisada internacionalmente. Os reguladores estavam preocupados que a popular franquia pudesse proporcionar uma vantagem desleal à empresa no mercado de jogos em nuvem, caso ela decidisse excluir concorrentes como a Sony do acesso ao famoso título. A Microsoft afirmou que não tomará essa atitude.

A compra do estúdio foi finalizada somente em outubro de 2023, quase dois anos após o comunicado.

Vários investidores estão convencidos de que a estratégia da Microsoft levará um tempo até conseguir frutos. “É necessário assumir riscos”, afirmou Mike Sander, CEO da Sander Capital Advisors, uma das investidoras da Microsoft. “Trata-se de um risco que foi devidamente analisado.”

Ler mais
Notícias semelhantes
Notícias mais populares dessa semana