Multinacional recebeu R$ 1,5 milhão de acordo do Carrefour pela morte de Beto Freitas

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Carrefour

A maior instituição de ensino de línguas do planeta, a Education First (EF), recebeu um montante de R$ 1,5 milhão destinado à implementação de um curso de capacitação em inglês voltado para a comunidade negra. Esses recursos são resultado de um acordo firmado entre entidades como o Ministério Público do Rio Grande do Sul e o Carrefour, em memória de João Alberto Freitas, que foi brutalmente agredido até a morte em 19 de novembro de 2020.

O falecimento de João Alberto, conhecido como Beto entre amigos e familiares, resultou na elaboração do maior Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) já registrado no Brasil no âmbito dos direitos humanos, totalizando R$ 115 milhões. Desse montante, ficou acordado que pelo menos R$ 6 milhões seriam direcionados a programas de ensino de idiomas.

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Uma fração do montante de R$ 115 milhões foi destinada ao programa do Carrefour em parceria com a EF, denominado “Fala Mais”. Ao longo de um ano, o projeto capacitou 300 indivíduos por todo o Brasil.

Nos registros do contrato, a sugestão era de um programa com aproximadamente 2 mil horas de classes. O treinamento começou em abril de 2024.

A EF confirmou seu envolvimento no processo para se tornar uma fornecedora do Carrefour e informou à Alma Preta que é "reconhecida por suas iniciativas e programas em favor da equidade racial, o que a levou a ser selecionada para oferecer esse serviço ao Grupo Carrefour Brasil".

A empresa multinacional especializada em idiomas também revelou que "os estudantes obtiveram resultados significativos, avançando 2,5 vezes mais do que a média de outros alunos da EF Education First".

A EF, uma empresa internacional dedicada ao aprendizado de idiomas, declara que está presente em mais de 110 nações e conta com 2.500 empresas como suas clientes ao redor do mundo.

No portal de promoção do programa, o grupo Carrefour declara que a iniciativa integra "seu compromisso contínuo em favor da equidade racial" e visa "proporcionar bolsas de estudos voltadas para o aprimoramento e desenvolvimento das habilidades de comunicação em inglês, destinadas a indivíduos que se identificam como pretos e pardos".

Em nenhum momento na página promocional do curso há qualquer indicação de que o projeto é resultado do acordo estabelecido pelo Carrefour como consequência do falecimento de João Alberto.

O Carrefour somente destaca que o programa “constitui uma das ações que compõem a agenda e o compromisso do Grupo Carrefour na luta contra o racismo, na promoção da diversidade e na inclusão. Os investimentos em educação são um dos 8 pilares que fundamentam a estratégia do Grupo para a inclusão de pessoas negras e para o combate à discriminação”.

Em comunicado, o Carrefour declarou que “da mesma forma que em todo o procedimento de seleção dos fornecedores de serviços, a escolha da empresa seguiu os parâmetros do TAC e ocorreu após uma avaliação detalhada que levou em conta a experiência da empresa no ramo e sua habilidade para atender em todo o território nacional, ampliando o acesso a um número maior de pessoas”.

O Espancamento De João Alberto Freitas

O falecimento de João Alberto Freitas em uma loja do Carrefour em Porto Alegre (RS) no dia 19 de novembro de 2020, um dia antes da celebração da Consciência Negra no Brasil, provocou indignação e protestos em diversas partes do país.

O pacto no valor de R$ 115 milhões, estabelecido entre o Carrefour e várias entidades governamentais, incluindo o Ministério Público do Rio Grande do Sul, recebeu críticas da Coalizão Negra por Direitos.

"Um Termo de Ajustamento de Conduta não pode ser estabelecido em uma situação em que está em destaque um crime de tortura e um assassinato em flagrante, registrado em vídeo e amplamente divulgado em todos os veículos de comunicação do país. Não se trata de um simples ajuste de conduta para casos de homicídios com motivação racial, especialmente considerando a agravante da tortura", declarou o grupo em comunicado.

Mesmo diante das contestações, o Carrefour estabeleceu colaborações com empresas, instituições acadêmicas, associações e figuras públicas para destinar os recursos e buscar restaurar a reputação da empresa, que ficou prejudicada perante a sociedade após o assassinato de João Alberto.

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