Alagamento, apagão e protesto em Porto Alegre contra CEEE privatizada
Na capital do Rio Grande do Sul, vários pontos de inundação foram registrados. Segundo o DMAE, além das bocas de lobo que continuam obstruídas, cinco estações de bombeamento foram prejudicadas pela falta de energia elétrica, o que resulta em bombas que não operam adequadamente ou que precisam ser acionadas por geradores, diminuindo sua eficiência. Embora algumas propostas tenham sido discutidas há bastante tempo, como a aquisição de geradores mais potentes ou a implementação de uma linha de energia dedicada para as estações de bombeamento, o DMAE ressalta que não possui recursos suficientes para viabilizar essas soluções.
Melo se utiliza de demagogia ao afirmar que não tem controle sobre as chuvas, mas a realidade é que as enchentes são uma consequência de sua gestão prejudicial do DMAE. Enquanto surgem denúncias sobre desvio de fundos na educação, o prefeito restringe o orçamento do departamento, a fim de alegar que o serviço público é ineficiente e que a solução seria privatizá-lo. Isso foi o que ocorreu com a Carris, que foi entregue sem resistência à empresa Viamão, resultando em um transporte público ainda pior para os usuários e funcionários da companhia.
Se depender de Melo e seus amigos ricos, desastres ambientais se tornarão cada vez mais comuns. Recentemente, o grupo Zaffari está prestes a derrubar uma área de mata atlântica em Porto Alegre para a construção de uma estrada. Essa floresta desempenha um papel crucial na regulação do microclima da cidade e na absorção das águas pluviais, que agora se acumulam nas ruas e transbordam pelos bueiros.
A CEEE Equatorial, privatizada pelo governo Leite, é um exemplo claro da falência do modelo capitalista. Enquanto os acionistas do grupo Equatorial Energia conquistam um lucro líquido próximo a 1 bilhão de reais apenas no terceiro trimestre de 2023, a população enfrenta serviços de péssima qualidade, tarifas exorbitantes e frequentes apagões, principalmente em áreas mais carentes. Isso se agrava em ocasiões como os recentes eventos climáticos que resultaram em quase 500 mil lares sem energia.
Nesse contexto de negligência por parte do governo e de ambição do setor privado, emerge a manifestação dos residentes da Vila Farrapos e do Humaitá exigindo a restauração do fornecimento de energia elétrica. Essa área, que também sofreu consideravelmente com a inundação em Porto Alegre, encontra-se há quase 24 horas sem eletricidade. Os residentes saem às ruas para lutar pelo seu direito fundamental de ter acesso à energia.
Para que as demandas dos trabalhadores e da população marginalizada sejam realmente atendidas, é essencial resistir à insaciável busca por lucro do capitalismo, promovendo a reestatização de empresas como a CEEE e submetendo-as à gestão dos trabalhadores. Da mesma forma, é importante assegurar que o DMAE tenha à sua disposição todos os recursos indispensáveis.
É igualmente fundamental abordar as causas profundas do aquecimento global, que no Brasil estão principalmente ligadas ao agronegócio. Os grandes proprietários de terras têm um papel significativo no desmatamento, nas queimadas, nos assassinatos de comunidades indígenas e na emissão de gases de efeito estufa. Não se pode combater essa lógica formando parcerias com esse setor, como tem ocorrido com a aliança ampla de Lula, que beneficiou o agronegócio com o maior plano de safra já visto, totalizando mais de 400 bilhões de reais, enquanto, simultaneamente, demonstrava uma postura inflexível em relação à greve dos trabalhadores do IBAMA e do ICMBio, que lutavam por melhores condições de trabalho em instituições essenciais para a proteção ambiental, as quais têm sido desmanteladas nos últimos governos.
Apenas um programa voltado para os trabalhadores e de orientação socialista, que desaproprie as propriedades rurais dos grandes proprietários e promova uma reforma agrária abrangente, é capaz de interromper a dinâmica autodestrutiva do capitalismo.