Como foi o golpe no Chile em 1973? Relembre origem, responsáveis e consequências

12 Set 2023

Já se passaram cinco décadas desde o dia 11 de setembro de 1973. Nessa ocasião, em território chileno, ocorreu um dos acontecimentos mais brutais da história da nação e de todo o subcontinente: o golpe de Estado comandado pelo general Augusto Pinochet, que derrubou do poder o governo socialista, eleito democraticamente, do presidente Salvador Allende.

Parece ter transcorrido um lapso considerável, ainda que o conceito de tempo seja relativo em essência, especialmente em um período que ocasionou incisões e marcas profundas as quais permanecem à espera de um devido cuidado até o presente momento.

No final de agosto deste ano, Gabriel Boric, presidente do Chile, apresentou um plano muito importante. Dentro do contexto de comemoração dos 50 anos do golpe militar, o Plano Nacional de Busca da Verdade e Justiça tem como objetivo esclarecer as circunstâncias em torno da morte e desaparecimento de pessoas durante a ditadura. Segundo dados oficiais, o desaparecimento forçado de milhares de vítimas ocorreu durante este período.

A lembrança da ditadura de Pinochet persiste na memória coletiva e ecoa até hoje. 50 anos podem parecer insignificantes. Porém, é essencial manter em mente essa realidade constantemente.

Aqui estão alguns dos aspectos mais importantes deste difícil evento na história do Chile.

"Raízes Do Golpe De Estado No Chile"

Antes da data fatídica de 11 de setembro de 1973, o cenário político do Chile encontrava-se em estado de turbulência devido às dissensões provocadas pela administração socialista do mandatário Allende.

De acordo com o centro de recursos digitais Memoria Chilena, do Governo do Chile, Salvador Allende encabeçou um movimento que almejava estabelecer o socialismo através de meios democráticos. Seu programa político incluía a criação de um Estado popular e de uma economia planificada, baseada no modelo estatal.

O regime de Salvador Allende, legitimamente eleito em setembro de 1970, procedeu com uma série de nacionalizações em larga escala e reformas amplas que foram vistas como extremistas por muitos cidadãos chilenos e pelo público internacional em geral, especialmente pelas corporações multinacionais.

Allende possuía formação médica pela Universidade do Chile, além de ser filiado à maçonaria e atuante na política socialista e marxista. Em outubro de 1970, logo após o Congresso validar sua vitória numa eleição democrática, ele tornou-se o pioneiro político com esse tipo de ideologia a ser eleito por meio de apoio popular, de acordo com a Memória Chilena.

No entanto, as propostas intrépidas do governo encontraram uma forte resistência, tanto a nível nacional quanto internacional. Com a influência da Guerra Fria iminente, a Casa Branca decidiu empregar todas as táticas necessárias para destituir o governo chileno - um apoio dissimulado ao golpe militar de acordo com o acervo histórico da Memoria Chilena.

Em 1972, a situação político-social denotava uma grande instabilidade, caracterizada pela escassez de produtos básicos nas vias públicas e pelo aumento dos boatos acerca de um possível golpe de Estado.

No dia 29 de junho de 1973, houve uma tentativa de golpe de Estado no Chile, denominada “tanquetazo”. Curiosamente, o general Augusto Pinochet participou da supressão desse levante militar, conforme registros da Memória Chilena.

Naquela época, Pinochet estava atuando como comandante-chefe temporário do Exército. Cerca de dois meses mais tarde, em 23 de agosto de 1973, ele foi elevado ao cargo de comandante-chefe devido à sua própria sugestão ao presidente Allende, após o ocorrido do "tanquetazo".

Somente 19 dias depois de assumir como comandante principal, Pinochet liderou o golpe de Estado em 11 de setembro de 1973.

No entanto, Pinochet não foi o único culpado pelo derrube de Salvador Allende.

De acordo com a Memória Chilena, o golpe ocorrido em 11 de setembro foi dirigido pelo ex-vice-almirante da Marinha, José Toribio Merino, e pelo ex-comandante da Força Aérea, Gustavo Leigh.

Há poucos dias, em 8 de setembro, o General Arellano Stark solicitou o suporte de Pinochet para realizar um golpe militar, entretanto, Pinochet não forneceu uma resposta concreta.

Contudo, em 9 de setembro, Allende comunicou a Pinochet e outros líderes militares que iria convocar um referendo para solucionar a crise política. A partir desse momento, no mesmo dia, Pinochet manifestou sua adesão aos golpistas, de acordo com o registro de Memória Chilena.

Depois do aval de Pinochet, as forças armadas realizaram o golpe de estado encabeçado por Toribio Merino e Leigh.

De acordo com a Memória Chilena, as atividades subversivas tiveram início em um horário matutino. Quando soube da rebelião militar, o presidente Allende se dirigiu imediatamente ao Palácio Presidencial, conhecido como La Moneda, às sete e meia da manhã.

Após cerca de 45 minutos, teve início o ataque por terra ao Palácio de La Moneda.

De acordo com a Memória Chilena, às 11 horas da manhã, o presidente Salvador Allende emitiu sua mensagem final ao país por meio de uma rede de rádios que apoiavam o governo. Ele afirmou que continuaria defendendo o Chile.

Por volta do meio-dia, aeronaves Hawker Hunter das Forças Armadas Chilenas iniciaram o ataque ao Palácio Presidencial com um bombardeio aéreo pelo período de aproximadamente 15 minutos.

Logo em seguida, dentro de poucos minutos, o Palácio La Moneda foi arruinado, e o corpo de Allende foi descoberto em seu interior juntamente com a arma utilizada para o seu suicídio.

Posteriormente, foi instalada uma Comissão Militar liderada por Pinochet que tomou o controle do governo. A hegemonia se estendeu até 1990, quando em 11 de março Patricio Aylwin assumiu a presidência em substituição a Pinochet, após ter vencido as primeiras eleições democráticas realizadas no país desde a eleição de Allende em 1970.

Entre 1973 e 1990, observou-se uma série de efeitos ocasionados pelo regime ditatorial no Chile: