Chips dos EUA “não são mais seguros“, diz indústria da China | CNN Brasil

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As companhias chinesas devem ter cautela ao adquirir chips dos Estados Unidos, uma vez que esses produtos "não oferecem mais segurança". Em vez disso, é recomendado que realizem suas compras nacionalmente. Essa declaração foi feita por quatro importantes associações do setor na China nesta terça-feira (3), representando uma resposta incomum e coordenada às limitações aplicadas por Washington às empresas chinesas de microprocessadores.

Nos últimos dias, as duas nações têm realizado ataques às economias uma da outra, o que intensificou as tensões antes do retorno de Donald Trump, presidente eleito dos EUA, à Casa Branca em janeiro. Trump assegurou que irá aplicar altas tarifas sobre produtos provenientes da China, reacendendo uma guerra comercial que já havia começado em seu primeiro mandato de quatro anos.

As notificações da associação do setor ocorreram após os Estados Unidos implementarem, na última segunda-feira (2), uma terceira fase de restrições em três anos ao setor de semicondutores da China. Essa medida limita as exportações para 140 empresas, incluindo a Naura Technology Group, que fabrica equipamentos para a produção de microprocessadores.

A avaliação pode impactar grandes empresas dos EUA, como Nvidia, AMD e Intel, que, apesar das restrições de exportação, conseguiram manter suas vendas no mercado chinês. As três companhias ainda não se pronunciaram em resposta ao pedido de comentário feito pela Reuters.

“A China tem agido de maneira bastante lenta ou cautelosa em resposta às ações dos Estados Unidos, mas agora parece evidente que as regras mudaram”, afirmou Tom Nunlist, diretor associado da consultoria Trivium China.

As associações englobam alguns dos principais setores da China, como telecomunicações, economia digital, indústria automobilística e semicondutores, totalizando, em conjunto, 6.400 empresas filiadas.

As declarações, publicadas em curtos períodos entre si, não explicaram por que os chips fabricados nos EUA não são considerados seguros ou confiáveis.

Nesta terça-feira, Pequim decidiu proibir as exportações de minerais raros que são utilizados em aplicações militares, painéis solares, cabos de fibra óptica e outros processos de produção. Um representante do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca afirmou que os Estados Unidos adotariam as medidas necessárias para tentar evitar outras "ações coercitivas" por parte da China e prosseguiriam com os esforços para diversificar as cadeias de suprimento, reduzindo a dependência do país.

A Internet Society of China solicitou que as empresas locais analisem de forma criteriosa a aquisição de chips provenientes dos EUA e busquem ampliar a colaboração com fabricantes de semicondutores de outras nações e regiões fora dos Estados Unidos, conforme informações publicadas em sua conta oficial no WeChat.

A entidade também motivou as empresas brasileiras a adotarem de forma “proativa” chips fabricados por companhias locais e internacionais na China.

Os regulamentos de exportação de semicondutores dos Estados Unidos provocaram “prejuízos significativos” à saúde e ao crescimento do setor de internet na China, afirmou a organização. As empresas afetadas pelas ações dos EUA relataram que conseguem manter a produção graças às suas iniciativas para realocar a fabricação.

A Associação Chinesa de Empresas de Comunicação afirmou que não considera mais os chips fabricados nos Estados Unidos como confiáveis ou seguros, e sugeriu que o governo da China conduza uma investigação sobre a segurança da cadeia de suprimentos relacionada à infraestrutura de informações essenciais do país.

Os alertas refletem a abordagem adotada pela China em relação à Micron, uma companhia americana produtora de chips de memória, que foi alvo de uma revisão de segurança no ano anterior, logo após os Estados Unidos imporem restrições à exportação de tecnologia de fabricação de chips para a China.

Em um momento posterior, a China vetou a Micron de comercializar seus semicondutores para os setores mais relevantes do país, impactando uma parcela de dois dígitos de sua receita global.

A Intel passou por uma avaliação rigorosa. Em outubro, uma entidade renomada do setor, a Associação de Segurança Cibernética da China, pediu uma auditoria de segurança dos produtos da Intel, afirmando que a fabricante americana de chips havia “comprometido repetidamente” a segurança e os interesses nacionais da nação.

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