Relato de surto de pneumonia em crianças na China faz OMS pedir 'informações detalhadas'

China

Ocorrências registradas em distintas localidades na China ocasionaram um relevante esquema de monitoramento da Associação Internacional de Doenças Infecciosas a emitir um aviso manifestando "inquietação" e solicitando "dados precisos" sobre a magnitude da enfermidade.

Até o momento em que esta reportagem foi atualizada, não havia registro de óbitos. No entanto, foi observado um aumento súbito no número de hospitalizações de crianças em Pequim e Liaoning, regiões situadas a uma distância de 800 km.

A Organização Mundial da Saúde informou que a Comissão Nacional de Saúde da China relatou um aumento significativo na ocorrência de doenças respiratórias em 13 de setembro. Especialistas locais relacionam esse aumento à suspensão de medidas restritivas contra a Covid-19 e ao aumento da circulação de agentes infecciosos já conhecidos, tais como o vírus sincicial respiratório (VSR) e o SARS-CoV-2.

De acordo com a OMS, agências de comunicação e o Programa Internacional de Monitoramento de Doenças Emergentes (ProMED) da Sociedade de Doenças Infecciosas detectaram agrupamentos de casos de pneumonia não identificada em crianças na região setentrional da China.

Conglomerados são grupos de ocorrências similares de uma enfermidade em uma certa área geográfica e lapso temporal.

A Organização Mundial da Saúde declarou que não há evidências concretas que comprovem se esses eventos estão relacionados com o aumento global de infecções respiratórias que foi previamente divulgado pelas autoridades chinesas, ou se são acontecimentos independentes.

A entidade comunicou que, na data de hoje (22), "pediu por dados suplementares epidemiológicos e clínicos, assim como resultados de testes laboratoriais dessas concentrações relatadas em crianças, utilizando o mecanismo de Regulamentos Internacionais de Saúde".

A partir de meados de outubro, houve um aumento de enfermidades parecidas com a gripe no norte da China em contraposição ao mesmo intervalo de tempo nos últimos três anos. O país asiático conta com métodos para capturar notícias a respeito de padrões na influenza, moléstias parecidas com a gripe, VSR e SARS-CoV-2, e fornece informações a iniciativas como o Sistema Internacional de Observação e Resposta à Influenza, segundo a OMS.

Um artigo da FTV News, uma mídia informativa de Taiwan, foi referenciado em um alerta divulgado pelo ProMED. A imagem reproduzida na matéria.

Na terça-feira (21), o sistema ProMED da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas emitiu um alerta resumindo uma reportagem do site FTV News, veículo de notícias taiwanês. Além do resumo, o ProMED contém um comentário de Dan Silver, relator do ProMED, alertando que é prematuro relacionar a situação ao surgimento de outra pandemia.

De acordo com os relatos, há um grande número de pessoas sofrendo de uma doença respiratória não identificada em várias regiões da China, já que Pequim e Liaoning estão separados por cerca de 800 km. Não se sabe ao certo quando o surto começou, já que é incomum que tantas crianças sejam afetadas tão rapidamente. O relatório não menciona casos em adultos, sugerindo a possibilidade de exposição através das escolas. O ProMED aguarda informações mais precisas sobre o tipo e a extensão desta doença preocupante na China.

Global Monitora Saúde

Durante sua conversa com o g1, a especialista em doenças infecciosas Luana Araújo ressaltou que o ProMED teve um papel fundamental em disseminar informações iniciais sobre os surtos do vírus Ebola e do COVID, quando ainda não tínhamos acesso a informações oficiais.

Segundo Luana, ele desempenha o papel de observar e compartilhar informações, destacando questões que surgem das observações da base, para as quais a comunidade precisa estar alerta ou fornecer assistência.

A especialista em doenças infecciosas assegura que, mesmo com a vigilância, o aviso não deve causar medo ou ansiedade precipitada em relação a uma possível nova epidemia.

"Até o momento, há muito poucas informações disponíveis. Não há confirmação da causa, apenas especulações", adverte Luana. "Atualmente, precisamos nos concentrar em reforçar as medidas básicas para prevenção de doenças infecciosas: lavagem das mãos, imunização e conscientização, pois essas medidas nunca serão menosprezadas."

A perita recorda que diversos elementos podem estar relacionados à epidemia. "Em relação ao causador da doença (vírus), temos informações de que a circulação dele aumentou, e alguns padrões dessa circulação de diversos agentes mudaram. Isso ocorreu em grande parte devido ao isolamento obrigatório no momento crítico da pandemia", Luana avalia.

A expert indaga acerca do comportamento desses agentes na China, em que não há menções sobre mortes, mas sim sobre o aumento de hospitalizações. Isso é crucial, pois ajuda a compreender se esses agentes são autolimitados ou imunopreveníveis (com a população vacinada e, portanto, sujeita a menor probabilidade de ocorrências trágicas).

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