Cobra Kai solta a mão da nostalgia para se reinventar, mas vê fôlego se exaurir

18 Julho 2024
Cobra Kai

Não é segredo para ninguém que Cobra Kai nunca quis abandonar sua conexão nostálgica com os fãs. A série conquistou sucesso ao abraçar o humor e a nostalgia, e sua capacidade de se reinventar a cada temporada sempre foi uma de suas maiores virtudes como derivado de Karatê Kid. No entanto, a insistência em repetir enredos acabou se tornando um obstáculo constante, e esse é o principal problema na primeira parte da sexta temporada.

O quinto ano da série foi marcado pela competência em encerrar arcos longos e preparar o terreno para o confronto final. Com a derrota de Terry Silver e o desaparecimento do Cobra Kai, Daniel LaRusso e Johnny Lawrence pareciam ter superado a rivalidade ao unirem os dojos Miyagi-Do e Presa de Águia. O mesmo aconteceu com os jovens, já que o conflito entre Tory, Samantha, Robby e Miguel vinha se arrastando há bastante tempo.

Ao chegar na sua sexta temporada, Cobra Kai parecia ter resolvido todos esses conflitos e estava preparada para olhar para o futuro. O crescimento dos seus personagens, mesmo que gradual, estava consolidado, como evidenciado na cena em que Tory e Sam acertam suas diferenças. No entanto, surge um problema quando esse progresso é interrompido para criar novos problemas que justifiquem a extensão da temporada em 3 partes de cinco episódios - um custo alto que nem mesmo o charme irresistível da série consegue compensar.

Aquele que mais enfrenta dificuldades com essa repetição de histórias é Johnny Lawrence, que volta a ser o centro das atenções no novo ano. O personagem, que começou como um fracassado preso nas conquistas da juventude e no ressentimento de sua derrota para Daniel, havia finalmente encontrado o caminho para se tornar um adulto que sua família pudesse se orgulhar. Portanto, é praticamente incompreensível que seu eterno desentendimento com LaRusso e o estilo Miyagi-Do continuem ressurgindo, fazendo com que as duas principais figuras da série voltem a se opor.

A questão com essa escolha não reside em gerar novos atritos entre os dois. Algumas feridas levam tempo para sarar e uma reconciliação não equivale necessariamente a uma paz duradoura. As pessoas têm dias ruins e é perfeitamente natural que haja recaídas em Cobra Kai, afinal, a humanidade dos personagens é um dos principais aspectos da série. Contudo, é difícil aceitar que o progresso de cinco temporadas seja desfeito por discussões e desentendimentos tão insignificantes quanto os apresentados no novo ano.

John Kreese (Martin Kove) também é afetado por decisões erradas. Retornando como o principal antagonista da franquia, o vilão tem uma trajetória pouco crível até mesmo para uma série sem medo de ser brega - quem imaginaria que um homem de 70 anos seria capaz de aventurar-se pela floresta para lutar com uma cobra em uma caverna na Coreia do Sul? Felizmente para nós, a presença do antigo mestre de Johnny é tão ameaçadora e intrigante que nos faz aceitar até as tramas mais fantasiosas.

Mesmo com alguns percalços, a série fez a decisão correta ao deixar de lado a nostalgia para mais uma vez se reinventar. Daniel descobre segredos do passado de Sr. Miyagi (Pat Morita) que abalam sua confiança nos ensinamentos de seu antigo sensei, enquanto a seleção para escolher a equipe que representará o dojo no Sekai Tensei cria dinâmicas interessantes e cenas de luta incríveis. Até mesmo o retorno de Mike Barnes (Sean Kanan) é justificado de forma orgânica sem cair na armadilha do fan service gratuito, que ainda está presente na emocionante porém absurda batalha entre os malfeitores e Johnny.

Cobra Kai já provou várias vezes ser capaz de superar desafios para proporcionar um desfecho que corresponda à animação dos fãs. A entrada do Sekai Tensei e a introdução de novas rivalidades prometem renovar a Parte 2 de sua temporada final, porém os obstáculos enfrentados no início do caminho acendem um alerta para uma série que parece estar perdendo fôlego enquanto se aproxima do fim.

Atualmente em progresso (2018- )

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Desenvolvido por: Josh Heald e Jon Hurwitz

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