Há 50 anos, a avassaladora Laranja Mecânica se contentava com o amargo vice na Copa do Mundo de 1974

Copa do Mundo

Em destaque na Seleção Holandesa durante a Copa de 74, Johan Cruyff escolheu vestir a camisa número 14, ao invés da número 10. (imagem: AFP/STF)

Há meio século, a equipe da Holanda surpreendeu a todos com suas performances no Mundial de 1974. Comandados pelo craque Johan Cruyff, deixaram uma marca no mundo do futebol. Mesmo com uma campanha impressionante, tiveram que se conformar com o segundo lugar na Copa do Mundo, perdendo para a Alemanha Ocidental, que jogava em seus domínios.

Naquela temporada, o time liderado pelo treinador Rinus Michels foi apelidado de Laranja Mecânica. A alcunha estava ligada à cor da camisa da Seleção Holandesa e também fazia alusão ao filme de mesmo nome que estava em alta no começo dos anos 70.

Para designar a equipe, também era comum utilizar o termo Carrossel Holandês. Esse apelido ficou conhecido devido à liberdade de movimentação dos jogadores em campo, sem obedecer posições fixas. Essa característica se destacava na seleção da Holanda naquela época.

O Futebol Total, desenvolvido por Jack Reynolds no Ajax no início do século XX, foi adotado por Rinus Michels anos depois, quando ele se tornou técnico do time holandês. Essa estratégia foi a solução encontrada por Michels para superar defesas sólidas.

Os resultados da estratégia foram positivos. O Ajax conquistou três títulos do Campeonato Holandês (1966, 1967 e 1968), uma da Copa da Holanda (1967), três da Liga dos Campeões (1971, 1972 e 1973) e uma do extinto Campeonato Mundial de Clubes (1972).

A partir daquela seleção vitoriosa em várias competições, a Holanda construiu a espinha dorsal da seleção nacional que encantaria os torcedores e amedrontaria os adversários.

Copa Do Mundo De 74: Campanha Del Time

A Holanda começou sua participação na Copa do Mundo de 1974 vencendo o Uruguai por 2 a 0. No segundo jogo, empatou sem gols com a Suécia. Em seguida, aplicou uma goleada de 4 a 1 na Bulgária. Com esses resultados, a seleção garantiu sua vaga na fase seguinte.

Na fase seguinte, as oito equipes que sobraram foram divididas em dois grupos. O Time Holandês venceu três jogos consecutivos: Argentina (4 a 0), Alemanha Oriental (2 a 0) e Brasil (2 a 0). Com isso, eles garantiram vaga na final.

Na partida final, realizada em 7 de julho, confrontaram-se os anfitriões. Alemanha Ocidental e Holanda correspondiam às expectativas dos mais de 75 mil espectadores presentes no Estádio Olímpico de Munique.

Na equipe da Holanda, os jogadores que entraram em campo foram Jan Jongbloed, Wim Suurbier, Wim Rijsbergen, Ruud Krol, Arie Haan, Wim Jansen, Johan Cruyff, Wim van Hanegem, Johan Neeskens, Johnny Rep e Robert Rensenbrink. Enquanto isso, o treinador Helmut Schon escalou Sepp Maier, Berti Vogts, Rainer Bonhof, Hans-Georg Schwarzenbeck, Franz Beckenbauer, Uli Hoeness, Paul Breitner, Wolfgang Overath, Bernd Hölzenbein, Gerd Muller e Jurgen Grabowski.

No início do jogo, o árbitro Jack Taylor deu o pontapé inicial. Por um pouco mais de 50 segundos, a Holanda ficou com a posse da bola. Johan Cruyff, o destaque daquela Copa do Mundo, recebeu a bola e, sem receio, ultrapassou a defesa holandesa. Com sua habilidade, ele só foi parado com uma falta dentro da área. Johan Neeskens cobrou o pênalti e marcou. Em apenas um minuto de jogo, a Holanda saiu na frente e parecia que conseguiria uma vitória tranquila: 1 a 0.

Porém, a situação mudou. Os alemães conseguiram parar o funcionamento daquele carrossel. Aos 24 minutos, Bernd Hölzenbein driblou a defesa holandesa. Wim Jansen não hesitou em dar um carrinho para parar o atacante. Jack Taylor assinalou mais uma vez o pênalti. Paul Breitner pegou a bola e chutou no canto esquerdo de Jan Jongbloed, que sequer se mexeu: 1 a 1. De forma interessante, o goleiro holandês não usava luvas, o que não o impediu de ter participações importantes naquele Mundial.

Após o empate, a Alemanha ganhou vantagem na partida e teve as melhores chances de marcar. Estava mais próximo de marcar o segundo gol do que os seus adversários. E conseguiu marcar. Aos 42 minutos, Rainer Bonhof avançou pela lateral direita e fez um cruzamento para Gerd Muller. Mesmo marcado, o atacante dominou a bola e girou para marcar o gol da virada alemã, agitando o Estádio Olímpico de Munique: 2 a 1.

Os holandeses tinham suas expectativas no destaque do torneio. No entanto, Johan Cruyff foi neutralizado. Na segunda etapa, os alemães conseguiram controlar o placar e, bem organizados na defesa, resistiram à pressão para conquistar o título da Copa do Mundo pela segunda vez.

Holanda Nos Mundiais Seguintes

Devido à habilidade do time e à bela trajetória, o segundo lugar foi doloroso. Será que aquele ano marcaria o começo da escalada holandesa? Estaria o campeonato mundial se aproximando?

De fato, não. Após aquele ano, a Holanda chegou a duas finais de Copas do Mundo, em 1978 e 2010, e, apesar de contar com jogadores talentosos como Sneijder, Robben e Van Persie, terminou em segundo lugar em ambas as ocasiões.

Em 1988, a seleção nacional conquistou o prestigioso título da Eurocopa, comandada por Rinus Michels e contando com talentosos jogadores como Van Breukelen, Ruud Gullit e Van Basten. Foi a única vez que a Holanda levantou esse troféu.

Influência Do Modo De Jogo Persiste

Durante sua trajetória profissional, Johan Cruyff atuou nos clubes Ajax (Holanda), Barcelona (Espanha), LA Aztecs (Estados Unidos), Washington Diplomats (Estados Unidos), Levante (Espanha), Milan (Itália) e Feyenoord (Holanda). Encerrou sua carreira como jogador aos 37 anos e ingressou na carreira de treinador.

Ele deu início a uma nova etapa em sua carreira no Ajax e depois se transferiu para o Barcelona em 1988. Foi no clube catalão que ele viveu seus melhores momentos. Ganhou a Recopa Europeia em 1988/89, a Supercopa Europeia em 1992, quatro vezes a Liga Espanhola (1990/91, 1991/92, 1992/93 e 1993/94), a Copa del Rey em 1989/90, três vezes a Supercopa da Espanha (1991/92, 1992/93 e 1994/95) e a Champions League em 1991/92.

Para marcar época no Barcelona, Johan Cruyff apostou no futebol total. Ele valorizava a posse de bola e a precisão nos passes. Dentro do sistema ofensivo do holandês, era essencial aproveitar todas as áreas do campo.

Naquela equipe vitoriosa da Liga dos Campeões, havia um jogador espanhol que, mais tarde, se tornaria um dos técnicos mais renomados na história do futebol: o número 10 Josep Guardiola.

O treinador vencedor de diversos títulos sempre deixou claro que se inspirou no famoso jogador holandês: "Johan Cruyff foi a maior influência para mim, pois trabalhei com ele por quatro anos. Quando comecei a minha carreira como técnico, ele foi de grande auxílio".

Junto ao campo, Johan Cruyff conquistou duas vezes a Copa dos Países Baixos (1985/86 e 1986/87) e uma vez a Recopa Europeia (1986/87), todas jogando pelo Ajax.

Convocados Da Holanda Na Copa De 1974

O treinador Rinus Michels selecionou 22 jogadores para participarem da Copa do Mundo.

Acompanhe nossas páginas nas redes sociais para ficar atualizado sobre todas as notícias e novidades do universo esportivo.

Ler mais
Notícias semelhantes