Copom decide nesta quarta em quanto elevará juros básicos
Diante da pressão provocada pelo aumento do dólar e dos preços dos alimentos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (11) para decidir a nova elevação da taxa básica de juros, a Selic. Esta será a última reunião presidida por Roberto Campos Neto à frente do BC. Em janeiro, o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, assume a presidência da instituição financeira.
Essa será a terceira alta consecutiva da Selic. De acordo com a versão mais atual do boletim Focus, uma pesquisa semanal realizada com especialistas do mercado, a taxa básica deve aumentar em 0,75 ponto percentual nesta reunião, atingindo 12% ao ano.
No relatório da recente reunião, realizada no início de novembro, o Copom destacou que a incerteza nos Estados Unidos aumentou. Embora não tenha mencionado diretamente a eleição do ex-presidente Donald Trump, o comunicado fez referência à "situação econômica instável nos Estados Unidos, o que gera mais questionamentos sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, por conseguinte, sobre a atuação do Fed [Federal Reserve, Banco Central dos EUA]". Quanto ao cenário interno, o Copom indicou que está monitorando a política fiscal e pediu por ajustes nos gastos públicos.
Nesta quarta-feira, ao final do dia, o Copom divulgará sua decisão. Depois de permanecer em 13,75% ao ano de agosto de 2021 a agosto de 2022, a taxa passou por seis reduções de 0,5 ponto percentual e uma de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom optou por manter a taxa em 10,5% ao ano, o menor patamar desde fevereiro de 2022, mas iniciou um aumento da Selic em julho deste ano.
Na última ata da reunião, o Copom sinalizou para a continuidade do ciclo de elevação da Selic. O comitê destacou que a situação econômica demanda uma postura monetária restritiva e não descartou a possibilidade de acelerar a elevação das taxas de juros. Os integrantes da comissão afirmaram que todos estavam de acordo em começar o ciclo de aumento de maneira gradual, especialmente devido ao cenário de incertezas tanto nacionais quanto internacionais.
De acordo com o mais recente boletim Focus, uma pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com instituições financeiras, a projeção de inflação para 2024 aumentou de 4,71% quatro semanas atrás para 4,84%. Esse aumento indica uma inflação que ultrapassa o limite máximo da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% para este ano, podendo chegar até 4,5% devido ao intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é utilizado como a medida oficial da inflação, registrou uma variação de 0,39%. O crescimento do indicador diminuiu, influenciado pela bandeira verde nas tarifas de energia elétrica e pela redução nos preços dos combustíveis, mas ainda enfrenta pressões devido ao aumento no preço da carne e nas tarifas de passagens aéreas.
Recentemente, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços dos alimentos e serviços têm sido os principais responsáveis pelo aumento da inflação. Como resultado, o IPCA registra um crescimento de 4,87% nos últimos 12 meses, ultrapassando as previsões do boletim Focus e excedendo o limite estabelecido para a meta de 2024.
A taxa de juros básica é aplicada nas transações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e funciona como um parâmetro para as outras taxas econômicas. Esse índice é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação. O BC realiza operações de mercado aberto diariamente, comprando e vendendo títulos públicos federais, com o objetivo de manter a taxa de juros alinhada ao patamar estabelecido nas reuniões.
Quando o Copom eleva a taxa básica de juros, o objetivo é controlar a demanda aquecida, o que resulta em impacto nos preços, já que os juros maiores tornam o crédito mais caro e promovem a poupança. Dessa forma, taxas elevadas podem tornar mais complicado o crescimento econômico. Além da Selic, as instituições financeiras levam em conta outros aspectos ao estabelecer os juros que são aplicados aos clientes, como o risco de calote, a rentabilidade e os custos administrativos.
Ao diminuir a taxa Selic, espera-se que o custo do crédito seja reduzido, o que favorece tanto a produção quanto o consumo. Isso contribui para o controle da inflação e impulsiona a atividade econômica.
O Copom se encontra a cada 45 dias. No primeiro dia da reunião, são realizadas apresentações técnicas que abordam a evolução e as previsões das economias do Brasil e do mundo, além do desempenho do mercado financeiro. No segundo dia, os integrantes do Copom, que consistem na diretoria do Banco Central, examinam as opções disponíveis e estabelecem a taxa Selic.
Para o ano de 2024, o Banco Central tem como objetivo atingir uma meta de inflação de 3%, conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual tanto para o aumento quanto para a diminuição. Isso significa que o limite inferior é de 1,5% e o limite superior é de 4,5%. Nos anos de 2025 e 2026, as metas se mantêm em 3%, mantendo-se o mesmo intervalo de tolerância.
No mais recente Relatório de Inflação, publicado no final de setembro pelo Banco Central, a instituição manteve sua projeção de que o IPCA encerrará 2024 em 4,31%. No entanto, essa estimativa foi apresentada antes da recente valorização do dólar e das consequências da seca. O próximo relatório será lançado no final de dezembro.