Copom decide nesta quarta se corta ou mantém juros básicos da economia
Na quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidirá se cortará ou manterá a taxa básica de juros, a Selic, mesmo havendo a possibilidade de divisão entre seus membros. A recente elevação do dólar e da inflação, além dos juros elevados nos Estados Unidos, geraram incerteza quanto a realização do ciclo de redução que teve inicio em agosto de 2019, o que pode resultar em uma última queda de 0,25 ponto percentual.
Na última reunião em maio, o Copom não divulgou quais seriam as próximas decisões tomadas. De acordo com o mais recente relatório Focus, uma pesquisa semanal com analistas de mercado, espera-se que a taxa básica de juros permaneça em 10,5% ao ano até 2024. Há um mês atrás, a previsão era que a Selic encerrasse o ano em 10%.
No final de hoje, quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) fará o anúncio de sua decisão. Nas sete reuniões anteriores, a entidade responsável pela política monetária reduziu a Taxa Selic, sendo que seis vezes houve um corte de 0,5 ponto e em uma ocasião um corte de 0,25 ponto, realizado na última reunião em maio.
Na última reunião registrada em ata, o Copom anunciou que identificou um aumento nas expectativas de inflação. A publicação também salientou que a falta de consenso entre os membros do Banco Central não estava relacionada a questões políticas, mas sim por conta do compromisso em seguir as indicações estabelecidas em encontros previamente realizados. No mês de março, era dito pelo BC que a Selic seria reduzida em 0,5 pontos percentuais no mês de maio.
No mais recente encontro, houve uma votação em que os diretores, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, nomeados pelo governo anterior, defenderam uma redução de 0,25 ponto percentual. Enquanto isso, os membros Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira, nomeados pelo novo governo, votaram a favor de uma redução de 0,50 ponto percentual. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também nomeado pelo governo anterior, foi responsável por desempatar a votação, optando por reduzir apenas 0,25 ponto.
De acordo com o mais recente relatório Focus, uma pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com instituições financeiras, a projeção de inflação para o ano de 2024 aumentou significativamente, passando de 3,8% quatro semanas atrás para 3,96%. Isso significa que a inflação está cada vez mais próxima do limite máximo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% devido à margem de tolerância de 1,5 ponto.
No mês de maio, o índice oficial de inflação, chamado IPCA, registrou um aumento de 0,46%. De acordo com dados divulgados pelo IBGE, esse aumento se deveu principalmente ao impacto das enchentes no Rio Grande do Sul sobre os preços dos alimentos. Com esse resultado, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 3,93%, ficando dentro da meta estabelecida até 2024.
O nível elementar das taxas de juros é aplicado nas concessões dos títulos oficiais emitidos pelo Tesouro Nacional através do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e é utilizado como referência para as outras taxas econômicas. O nível de taxa de juros é a principal ferramenta do Banco Central para manter a inflação controlada. O BC realiza operações diárias, por meio do mercado aberto – adquirindo e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima da definição acordada na reunião.
Ao elevar a taxa de juros básica, o Comitê de Política Monetária (Copom) busca conter a procura elevada, causando um efeito sobre os preços. Isso se deve ao fato de que juros mais altos tornam o crédito mais caro e incentivam a poupança. Assim, taxas mais elevadas também podem dificultar o crescimento econômico. No entanto, além da Selic, os bancos levam em consideração outros fatores ao determinar a taxa de juros cobrada dos consumidores, como o risco de inadimplência, os lucros e as despesas administrativas.
Quando diminuída a taxa básica de juros, é provável que o financiamento se torne mais acessível, havendo impulso à fabricação e ao consumo, diminuindo a contenção da alta dos preços e fomentando o movimento monetário.
O Comitê de Política Monetária (Copom) tem encontros regulares a cada 45 dias. Durante o primeiro dia do encontro, apresentações técnicas são feitas para discutir a evolução e as perspectivas econômicas tanto do Brasil quanto do mundo, além do comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros que compõem o Copom, formado pela diretoria do Banco Central, analisam as possibilidades e definem a taxa Selic.
Em 2024, o objetivo que o Banco Central deve alcançar em relação à inflação foi estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional em 3%, permitindo uma variação de 1,5% para mais ou para menos. Em outras palavras, a margem inferior é de 1,5% e a superior é de 4,5%. Para os anos de 2025 e 2026, as metas são as mesmas, ou seja, 3%, com o mesmo intervalo de tolerância.
No mais recente Relatório de Inflação, que foi publicado no final de março pelo Banco Central, a entidade financeira manteve suas projeções para que o IPCA chegue a 3,5% até o final de 2024. Contudo, é importante destacar que tais estimativas foram divulgadas antes das fortes oscilações do dólar e das enchentes que assolaram o estado do Rio Grande do Sul. Teremos um novo relatório divulgado no final do mês de junho.