Creatina adulterada: como teste caseiro pode indicar amido no suplemento

A polícia fechou uma fábrica terceirizada em Jundiaí, que havia sido contratada pela empresa de suplementos alimentares Soldiers Nutrition, ao perceber que o estabelecimento funcionava sem a devida licença para a produção dos produtos.

Um dos suplementos mais populares da empresa é a creatina, um composto que fornece energia para os músculos. Em um grupo de mensagens que o Fantástico conseguiu acessar, os líderes da Soldiers discutiam queixas de clientes sobre a creatina estar emperrada e até relatos de uma larva encontrada no produto.

A Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais solicitou a realização de testes laboratoriais para analisar 88 marcas de creatina disponíveis no Brasil. A legislação estabelece que o produto deve conter, no mínimo, 80% de creatina pura.

A amostra da Soldier foi aprovada. No entanto, outras dezoito marcas não conseguiram atender aos critérios mínimos de pureza, e dez delas não apresentavam creatina em sua fórmula. O resultado completo pode ser conferido no site da Abenutri.

Uma das modificações mais frequentes é combinar o suplemento com amido, de acordo com a associação.

Em uma conversa com o programa Fantástico, o professor Henrique Esi Toma, do Instituto de Química da USP, demonstrou como um teste simples que pode ser realizado em casa é capaz de revelar a presença de amido em um produto. De acordo com ele, é suficiente misturar água com algumas gotas de iodo.

Caso o suplemento seja de alta pureza, sua coloração será um amarelo vibrante. Se a tonalidade for mais escura, isso indica que a creatina contém uma quantidade excessiva de amido. O teste simples feito em casa apenas revela a presença de amido, mas um suplemento adulterado pode incluir outras substâncias.

Em comunicado, a Soldiers Nutrition repudiou as alegações e afirmou que as queixas citadas nas investigações são sem fundamento. De acordo com a empresa, os produtos confiscados em locais de terceiros não passaram por análise pericial, e os itens mencionados, como a creatina solidificada, não foram disponibilizados no mercado. Apesar das declarações de inocência, o incidente acendeu um sinal de alerta sobre a atenção que deve ser dada na seleção de suplementos alimentares e a relevância de uma fiscalização rigorosa na área.

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