Cyndi Lauper entrega grande performance sem playback em estreia no Rock in Rio, após começo confuso
Cyndi Lauper é uma referência na música pop, no feminismo e na moda, embora tenha enfrentado críticas sobre seu desempenho ao vivo. Nesta sexta-feira (20) no Rock in Rio, a artista nova-iorquina de 71 anos apresentou algumas oscilações, especialmente no início da apresentação. Contudo, ela conseguiu proporcionar um espetáculo impressionante.
Tudo transcorreu positivamente durante a noite. Além disso, é importante mencionar que sua voz é admirável e ela não recorre a artifícios que outras artistas costumam utilizar. Praticamente tudo que se escuta vem de sua própria garganta e de seus cantores de apoio.
Uma parte da apresentação esclareceu por que ela e sua equipe sempre se esforçaram para evitar que ela realizasse grandes apresentações desde o seu sucesso explosivo nos anos 80. Em produções mais elaboradas, acabou se desconectando.
Cyndi Lauper apresenta a canção "Time After Time" no Rock in Rio.
Em “All Through the Night”, aparentou ter dificuldade em acompanhar o ritmo e passou uma parte da canção com a mão no ouvido, tentando escutar melhor seus vocais de apoio e a sua banda. A apresentação desorganizada também afetou “Sisters of Avalon”, a faixa que dá nome ao seu elogiado álbum lançado em 1997.
Entretanto, os momentos positivos se destacaram, como na canção icônica da masturbação “She Bop” e em “The Goonies 'R' Good Enough”, tema do filme “Os Goonies”, lançado em 1985. Nessas faixas e em outras músicas mais diretas, com uma pegada pop rock, ela demonstrou grande habilidade nos vocais.
"Eu pretendia me expressar em português, mas até meu inglês é fraco", ela comentou logo no início. No Rio, Cyndi apresentou uma performance superior à que fez no festival inglês Glastonbury, em junho do ano passado. Naquela ocasião, ela enfrentou problemas técnicos e sua apresentação foi duramente criticada pelos comentaristas locais.
Cyndi Lauper interpreta a música "True Colors" no Rock in Rio.
No Rock in Rio, as coisas não chegaram a esse ponto. Um dos melhores exemplos é a canção romântica clássica "Time after Time". Cyndi colocou o fone de ouvido para ouvir melhor a música, estendeu o microfone para intensificar o coro dos fãs e se aproximou da guitarrista para se orientar pelos acordes. Todas essas estratégias deram certo: a interpretação ao vivo da balada ficou encantadora, superando as apresentações mais recentes da cantora.
A interpretação de “Money Changes Everything”, uma versão fiel da banda americana The Brains, se conectou perfeitamente com a balada “True Colors”, resultando na performance vocal mais tocante da noite. Raros são os artistas que conseguem cantar com tanta emoção. Cyndi finalizou a canção visivelmente emocionada e ofegante.
Quase no encerramento, uma euforia invadiu a Cidade do Rock, ao som do maior sucesso de sua trajetória: “Girls Just Want to Have Fun”. Em um dia repleto de estrelas, não podia haver música mais apropriada para ser entoada por um numeroso grupo de admiradores do pop.
Cyndi Lauper se apresenta no Rock in Rio. — Imagem: Stephanie Rodrigues/g1