Cyndi Lauper fala da volta ao Brasil: 'Parecia que todo mundo já tinha cantado no Rock in Rio, menos eu'
Em uma entrevista frequentemente interrompida pelos latidos de seu cachorro, Cyndi compartilhou os motivos pelos quais evitava se apresentar em festivais durante o auge de sua carreira nos anos 80. Dessa época, surgiram sucessos como "Girls Just Want to Have Fun", "Time After Time", "She Bop" e "True Colors", que provavelmente estarão presentes no repertório.
Em entrevista ao g1, a cantora nova-iorquina de 71 anos também elogiou a potência de novas artistas, como Chappell Roan, e comentou de forma bem-humorada sobre sua apresentação recente no festival Glastonbury, onde enfrentou problemas técnicos e recebeu críticas por isso.
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g1 - Em junho, você se apresentou no festival de Glastonbury. Como foi sua vivência lá? Podemos afirmar que a performance no Rock in Rio será semelhante?
Cyndi Lauper - Vou compartilhar um pouco do que fiz no festival, mas não tudo. E posso garantir que usarei um sistema de som diferente, sem dúvidas... [risos] assim poderei me ouvir melhor. Mas no Glastonbury me diverti bastante. Nunca havia cantado lá ou participado de festivais. Na minha juventude, isso não fazia parte do meu repertório, mas sempre quis ter essa experiência antes de... bem, você sabe, antes que eu não conseguisse mais cantar. Estou empolgada para isso. Todos conhecem o Rock in Rio, porque as pessoas assistem aos shows pela internet ou pela TV. Sempre tive o desejo de cantar lá. Parecia que todos já haviam se apresentado no Rock in Rio, menos eu. Ao olhar a programação, meu Deus, tem Karol G, Ivete Sangalo se apresentando... e depois vem a Katy Perry. É um dia incrível, nossa, tem a Angélique Kidjo… Eu adoro ela. Você conhece?
g1 - Sim, com certeza! Ela sempre se apresenta nos festivais do Rock in Rio... Esse dia é dedicado às mulheres, e em todos os palcos só há artistas femininas. Você sabia disso?
Cyndi Lauper - Veja só! Eu não sabia, mas fico contente por descobrir. A união entre as pessoas é algo forte, querida. Extremamente forte. Achei essa ideia incrível.
Você mencionou que não teve a oportunidade de se apresentar em festivais na sua juventude. Poderia explicar o motivo?
Cyndi Lauper - Bom, creio que meu empresário sempre teve receio da escassez de ensaios de som. Se eu não conseguisse ouvir a mim mesma, como poderia perceber como soaria? No entanto, à medida que fui envelhecendo, consegui montar uma boa equipe de som e agora consigo me ouvir claramente. Isso me deu mais segurança para me apresentar e cantar por aí.
Cyndi Lauper em uma imagem do ensaio fotográfico para a capa do álbum 'She's So Unusual', lançado em 1983 — Foto: Divulgação
g1 - Qual era o significado de ser feminista no início e qual é o seu significado atualmente?
Cyndi Lauper - Você não pode desistir. Não há retorno, nem razão para olhar para o passado. As liberdades civis são fundamentais para todos. E, como mulheres, todas nós contribuímos com os mesmos impostos que os homens. As mulheres não recebem uma diminuição na carga tributária por não terem os mesmos direitos civis que eles. É essencial se posicionar e votar, além de descobrir quem pode ser sua voz e quem irá lutar por você. Estou nessa luta, pois é isso que significa criar música. Através da música, podemos unir as pessoas e abordar questões relevantes.
Na nossa última conversa, que ocorreu há cerca de 15 anos, eu questionei sobre a Lady Gaga e você mencionou que era fã dela. Agora, gostaria de saber sua opinião sobre a Chappell Roan, outra artista pop que foge do comum. Você a aprecia? O pop parece seguir um padrão cíclico, não acha?
Cyndi Lauper - Ela é... realmente incrível. O cabelo dela, uau. Adoro tudo isso. Podemos discutir a estética dela, pois ela se destaca como uma artista performática. Na verdade, todos os artistas dos anos 80 eram assim. Quando criamos vídeos… eles podem ser considerados arte performática, não é? Por isso, a aparência tinha um papel fundamental, e isso transformou completamente a forma de fazer música pop. Acredito que o aspecto visual e o musical dela são encantadores. É maravilhoso ver uma jovem artista tão cheia de energia como ela.
Novas artistas mulheres continuam expressando suas opiniões sobre a realidade atual e suas consequências. Essas figuras são fundamentais para a nossa sociedade, pois as artes sempre desempenharam esse papel. Elas têm o poder de documentar as épocas que estamos vivenciando, e todos nós almejamos inspirar uma transformação de mentalidade. Isso é importante para que ninguém tenha que passar pela vida sufocando suas próprias ideias.
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