Debate da Gazeta em SP é marcado por direitos de resposta, trocas de acusações e ofensas

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Debate sao Paulo

Cinco postulantes mais populares nas pesquisas, Guilherme Boulos (do PSOL), José Luiz Datena (do PSDB), Pablo Marçal (do PRTB), Ricardo Nunes (do MDB) e Tabata Amaral (do PSB), estiveram presentes no debate.

A condução do debate foi realizada pela jornalista Denise Campos de Toledo, que se destacou pela sua atuação em várias ocasiões. Ao todo, foram solicitados 21 direitos de resposta, dos quais oito foram concedidos.

O prefeito Ricardo Nunes apelidou Pablo Marçal de "Pablito", recebeu o apelido de "bananinha" em troca e respondeu com um "tchutchuca do PCC". Boulos foi rotulado como invasor por Nunes e de "Boules" por Marçal. Tabata foi apelidada de "Chatábata" por Marçal, que também chamou Datena de "fujão" e "ditador".

Durante a mediação, houve a solicitação para que os concorrentes se tratassem pelos seus nomes, a fim de evitar uma sucessão constante de pedidos de resposta. Contudo, não obteve sucesso, pois logo em seguida Boulos fez menção a Nunes como "ladrãozinho de creche".

Ao término do terceiro segmento, Marçal desafiou Datena, que deixou o púlpito e se aproximou do antigo treinador. A apresentadora pediu por seguranças, porém eles não chegaram a subir no palco e Datena voltou para o seu lugar.

As altas temperaturas não corresponderam às esperanças de que o debate fosse mais construtivo do que o anterior. Inicialmente, apenas Tabata e Marçal estariam presentes, seguindo o modelo do debate promovido pela revista Veja em 19 de agosto.

Conforme Boulos, a entidade aceitou as solicitações das campanhas por normas mais rígidas, visando promover um debate de maior qualidade --como uma forma de advertência severa, mas que não foi de fato implementada.

No início do debate, ocorreu um período de questionamentos entre os concorrentes. Seguindo a sequência determinada por sorteio, Marçal dirigiu a sua pergunta inicial a Boulos, abordando o incidente do comício em que a letra do Hino Nacional foi modificada para uma linguagem neutra. Além disso, Marçal questionou sobre o uso de substâncias alucinógenas por Boulos e se o candidato já havia realizado um exame toxicológico.

Boulos retrucou chamando Marçal de "criminoso condenado" e declarou que o candidato do PRTB foi "sentenciado por rebaixar empregados".

Em seguida, Nunes questionou Marçal sobre sua abordagem para lidar com a questão da segurança pública na cidade. O prefeito em exercício ainda afirmou que integrantes do partido de Marçal possuem vínculos com o PCC. Em sua resposta, Marçal atacou Nunes chamando-o de "bananinha" e "apoiador do Bolsonaro". E, em uma nova troca de farpas, Nunes revidou chamando Marçal de "aliado do PCC".

Tabata quis saber de Nunes sobre a redução da taxa de alfabetização e o desempenho da capital no Ideb. Nunes declarou que São Paulo se destaca positivamente nos índices do Ideb em relação às outras capitais. Ele reconheceu que houve uma queda nos anos iniciais, mas ainda assim os resultados são superiores aos de outras capitais.

Em seguida, Boulos questionou Datena sobre a escassez de profissionais de saúde, a falta de remédios e as longas esperas por cirurgias. Datena sugeriu soluções para acabar com as filas, como manter as Unidades Básicas de Saúde (UBS) funcionando 24 horas por dia, porém também fez críticas a Nunes durante sua intervenção.

Datena foi o último a fazer uma pergunta, indagando Tabata sobre a presença do crime organizado na política. Em sua resposta, Tabata mencionou que irá entrar com uma ação na Justiça Eleitoral contra Pablo Marçal. Além disso, ela também criticou a administração de Ricardo Nunes em relação ao caso da suposta milícia atuando na Cracolândia.

Blocos Dois, Três E Quatro

Depois de recusar o direito de se manifestar, Guilherme Boulos cogitou sair do debate, porém foi persuadido a permanecer.

Na segunda etapa, os repórteres questionaram cada postulante, permitindo a escolha de outro concorrente para opinar sobre a resposta. Os assuntos abordados nas perguntas foram segurança pública, privatização e campanha eleitoral.

No terceiro segmento foram abordados assuntos específicos: segurança, conservação, deslocamento, ensino, saúde, ecologia e finanças. Cada postulante optou por criticar um concorrente em sua resposta. Novamente os concorrentes retomaram os ataques e a coordenação solicitou que se dirigissem apenas pelo nome. Mesmo assim, Nunes acusou Boulos de invasor, enquanto o representante do PSOL chamou o prefeito de "desonesto das creches".

Datena e Marçal também se desentenderam durante o segmento. O treinador provocou o âncora, que deixou o púlpito e se aproximou de Marçal, que persistiu com as provocações. A mediadora chegou a pedir a intervenção dos seguranças no palco, mas Datena voltou para o seu lugar.

Na quarta etapa, os postulantes foram desafiados a expor suas ideias em resposta a perguntas enviadas por usuários da internet e escolhidas pela equipe responsável. Foram abordados assuntos como saúde, manutenção urbana e a região da Cracolândia.

As resoluções para os problemas da cidade de São Paulo foram deixadas em segundo plano. Pablo Marçal anunciou que realizará mutirões de construção de moradias para lidar com a crise habitacional. Tabata Amaral declarou seu compromisso em fazer de São Paulo uma referência em saúde mental, principalmente na região da Cracolândia. Boulos se comprometeu a implementar um Poupatempo da Saúde, com 16 unidades nas áreas periféricas da metrópole. Datena defendeu a implantação de escolas em tempo integral como forma de melhorar a Educação e acabar com o analfabetismo. Nunes propôs dar continuidade a projetos de sua gestão atual, como o Smart Sampa, que é um sistema de monitoramento, e seguir avançando nas ações para acabar com a Cracolândia.

No final, cada participante pôde dar seus últimos comentários.

José Luiz Datena (PSDB) expressou sua preocupação com a infiltração do PCC na política de São Paulo, alertando para a eleição de candidatos ligados à organização criminosa. Ele ressaltou a importância de combater a presença do PCC em empresas e no financiamento de candidatos, criticando aqueles que mantêm laços com indivíduos que ameaçam a democracia. Datena também fez críticas ao prefeito de São Paulo, acusando-o de envolvimento em atividades ilícitas e de adotar ideias fascistas. Ele reiterou seu desejo de uma São Paulo livre de bandidos e de indivíduos que representam uma ameaça à democracia. Por fim, afirmou que, ao contrário do que dizem seus críticos, ele está ativamente combatendo o crime organizado.

Tabata Amaral, do PSB, expressou sua preocupação com o desrespeito mostrado aos jornalistas e ao público durante o evento. Ela destacou a importância das eleições que definirão os próximos 4 anos e alertou sobre a ameaça do aumento da criminalidade na prefeitura de São Paulo, assim como o risco de eleger mais uma pessoa que represente os mesmos interesses. A parlamentar ressaltou sua origem humilde, filha de uma diarista e um cobrador de ônibus, e atribuiu seu sucesso à educação e políticas públicas. Ela enfatizou sua atuação no Congresso em prol da educação e do combate à desigualdade, buscando oportunidades e trabalhando com seriedade. Tabata Amaral afirmou que seu objetivo é permitir que outras mães de São Paulo tenham a mesma realização que a sua: ver seus filhos formados na faculdade e com acesso a boas oportunidades de emprego. Ela se comprometeu a cuidar dos mais vulneráveis, valorizar quem trabalha honestamente e defender a seriedade na política.

Eu me candidato a Prefeito de São Paulo pois acredito que a cidade mais próspera do Brasil pode ser mais justa e solidária. O que me motiva é o mesmo sentimento que me levou a ingressar no movimento social há 25 anos: lutar para que as pessoas tenham moradia, indignar-me e não aceitar ver indivíduos dormindo nas ruas na cidade mais rica do país. Em um lugar que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, é inaceitável ver pessoas revirando o lixo em busca de comida. É preciso ter empatia ao ver um senhor abandonado na calçada e enxergar nele nosso pai, observar uma criança catando lixo e identificar nela nossa filha. O prefeito de São Paulo deve ser capaz de sentir no íntimo a dor dos que sofrem. Acredito que a cidade pode ser mais acolhedora, mais solidária, com certeza não será com os mesmos que vimos neste debate. Indivíduos que foram condenados por enganar idosos, que nem são daqui, não conhecem São Paulo. Pessoas que tiveram 3 anos e meio para agir e falharam. Formei uma equipe, convidei Marta para ser minha vice, reunimos um time de especialistas e percorremos as periferias de São Paulo, dialogando olho no olho com as pessoas para apresentar um projeto que irá transformar a história de São Paulo.

Ricardo Nunes (MDB) - "Todos puderam notar que é crucial para nós, a cidade mais importante da América Latina, localizada na quinta maior metrópole do mundo, não cair nas mãos de alguém que invadiu propriedades e, agora revelado, invadiu contas de aposentados. Não podemos arriscar isso. Os candidatos apenas criticam, mas nunca fizeram nada para a cidade. Quero destacar que a continuidade desse trabalho, de continuarmos acordando cedo todos os dias para seguir conquistando. Realizei o projeto Domingão Tarifa Zero, Mãe Paulistana e o maior programa habitacional da história da cidade. Até o final do ano, entregarei 7 mil obras. A saúde financeira que recuperamos na Prefeitura, atraindo muitas empresas para cá, resultou no menor índice de desemprego desde 2015, e em uma economia próspera. É esse o caminho que precisamos seguir com segurança. Amo minha cidade, nasci aqui e me preparei para ser prefeito, por isso, devemos continuar nessa trajetória segura."

Pablo Marçal, candidato do PRTB, afirmou que a soma do número 15 do concorrente apelidado de 'bananinha' com o 13 de 'Boules' resulta em 28 – a quantidade que os eleitores devem digitar para punir o consórcio comunista. Ele fez uma promessa a um garoto chamado Theo, entregando-lhe um relógio e afirmando que seu governo será voltado para as crianças. Marçal prometeu oferecer esportes para as crianças até 2030, implementar políticas para reduzir a população de rua, gerar empregos próximos às residências, inclusive das pessoas que vivem em casas improvisadas. Ele também se comprometeu em limpar os recursos hídricos da região, pressionar o governo estadual para terminar o Rodoanel e garantir uma cidade livre de comunistas. Marçal afirmou que está disposto a lidar com quaisquer críticas e pediu o voto dos eleitores, ressaltando que 'Boules' é de extrema esquerda e que Datena tende a desistir em breve. Ele ressaltou a importância da voz do povo e pediu para ser eleito como servo dos cidadãos, prometendo punir aqueles que atualmente estão no poder.

No desfecho da discussão, quando Pablo Marçal estava dando entrevista a repórteres, membros da equipe de Datena proferiram insultos e partiram para cima de um dos seus colaboradores. O candidato a vice de Datena, o ex-senador José Aníbal (PSDB), também se encontrava no meio da confusão.

Em comunicado, o assessor Marcos Diniz, representante de Marçal, afirmou que não houve nenhum desentendimento. Durante uma entrevista com Marçal, o vice de Datena proferiu agressões verbais, chamando-o de 'bandido'. Em resposta, Marcos retrucou, dizendo: 'bandido é o senhor'. Logo após, quatro pessoas se aproximaram, como mostram os vídeos, tentando intimidar e empurrar o assessor. Para Marcos, os adversários não aceitam terem sido condenados pela população e expulsos da política nacional. Rejeitados nas urnas, agora tentam desqualificar de forma autoritária aqueles que representam o povo. O medo de ver alguém sendo reconhecido pelo povo é maior do que a vergonha de terem sido rejeitados nas eleições - declarou o assessor Marcos Diniz em comunicado.

A atmosfera hostil e a falta de qualidade no debate levaram algumas campanhas a considerarem a possibilidade de não participarem dos próximos debates. A ausência de Nunes, Boulos e Datena no evento da revista Veja foi notada, contando apenas com Tabata, Marçal e a candidata do partido Novo, Marina Helena. Na semana passada, a Jovem Pan informou o cancelamento do seu debate agendado para o dia 5 devido à recusa de alguns candidatos em participar. O próximo debate agendado está marcado para o dia 15 de setembro, na TV Cultura.

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