Falta de carisma faz de Descendentes: Ascensão de Copas uma previsível decepção
Desde os tempos antigos, o mundo encantado dos contos de fadas tem sido responsável por apresentar de maneira divertida o conflito entre o bem e o mal. Em 1899, por exemplo, Georges Méliès abriu caminho para esse gênero nas telas, com a primeira versão de Cinderella; e, alguns anos depois, a própria Disney abraçou a fantasia dessas histórias e mudou para sempre a infância de muitas crianças. Nos últimos anos, porém, a atração por vilões começou a ganhar espaço entre os pequenos, fazendo com que a franquia Descendentes se tornasse um tesouro popular no Disney Channel.
Depois de três filmes bem-sucedidos, a série expandiu-se com o spin-off Descendentes: A Ascensão de Copas, que traz à tona as filhas de duas personagens icônicas dos contos de fadas: Cinderela (Brandy) e a Rainha de Copas (Rita Ora). O filme deixa de lado os protagonistas dos três primeiros filmes e narra a saga das herdeiras das personagens, em uma jornada tumultuada no tempo, em busca da causa da maldade que se apoderou do coração da Rainha. Com uma trama simples, o longa promete emocionar e entreter o público.
As referências aos filmes originais são escassas, como a emocionante homenagem a Cameron Boyce - que nos deixou em 2019 - e a participação de alguns personagens que já haviam aparecido na trilogia, como é o caso de Uma (China Anne McClain). Em vez disso, o filme busca criar um novo cenário e introduzir mudanças na história já conhecida pelos fãs - como a ascensão de Uma na Auradon Preparatória -, mas ao mesmo tempo cativar a nostalgia dos mais velhos, com o retorno de Brandy e Paolo Montalban, os protagonistas da versão de 1997 de Cinderela.
A ausência de Kenny Ortega na direção, assim como das roteiristas Josann McGibbon e Sara Parriott, é notada claramente na qualidade do filme, especialmente na magia que estava presente nos primeiros três filmes. As resoluções apressadas levam o público a questionar o que realmente aconteceu, principalmente no terceiro ato sem emoção. Anteriormente, as músicas faziam parte da jornada de cada personagem, criando uma história ao redor delas, mas agora a trilha sonora é apenas uma mistura sem sentido de gêneros que não acrescenta nada, prejudicando ainda mais o ritmo da produção.
É importante mencionar que Brandy e Rita Ora estão se empenhando para retratar a rivalidade e a separação entre duas grandes amigas que seguiram caminhos opostos. Também vale ressaltar o desempenho das filhas Red (Kylie Cantrall) e Chloe (Malia Baker), que conseguem segurar a trama, tanto na atuação quanto em suas vozes, apesar de serem desorganizadas e arrastadas.
Na medida do nosso conhecimento, este é apenas o primeiro de uma possível série de derivados de Descendentes, que provavelmente irá procurar por novos antagonistas e narrativas de pura maldade para serem exploradas. No entanto, talvez, se o Disney Channel espera que os próximos filmes atinjam o mesmo sucesso dos anteriores, seja o momento de rever os momentos fundamentais da franquia e trazer de volta a magia que atualmente parece estar adormecida. Caso contrário, será apenas uma questão de tempo até que Descendentes desmorone, assim como a magia de Cinderela.
Herdeiros: O Surgimento da Realeza
Descendentes: A Ascensão do Vermelho
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Descendentes: A Ascensão do Vermelho
Escrito por: Dan Frey e Ru Sommer
Elenco: Kylie Cantrall, Brandy Norwood, Rita Ora, Malia Baker