Dia do Músico: cantor do interior de SP que 'estourou' nas redes sociais na pandemia fala sobre turnê e inspirações | Bauru e Marília
Nesta sexta-feira (22), celebra-se o Dia do Músico e o Dia de Santa Cecília, reconhecida pela tradição católica como a protetora dos artistas. Para homenagear esta data, o g1 teve uma conversa com Tom Ribeira, nome artístico de Tomas Ribeira, um artista de Botucatu que compartilha a Música Popular Brasileira (MPB) com diversos lugares do Brasil e até no exterior através da internet.
O artista, que possui 23 anos, revela que seu estilo musical, bastante singular, foi formado durante a infância no bairro de Lavapés, devido à influência do pai, do tio e do irmão.
Tom Ribeira, ainda na infância, no pátio da residência de seus avós, localizada no bairro Lavapés, em Botucatu (SP) — Imagem: Acervo pessoal
Desde pequeno, o rapaz esteve envolvido nas atividades culturais da cidade e afirma que essa riqueza cultural local teve um papel fundamental em sua formação.
"As disputas de rap da Cecab e do Bosque, assim como as apresentações no Teatro Municipal e eventos como o Bossa Convida, são algumas das muitas atividades culturais que temos. Eu realmente aprecio este lugar", destaca.
Começo Da Carreira Durante A Pandemia
Tom enfatiza que, embora sua família tenha uma forte ligação com a cultura, ele não teve uma vida de privilégios que o conduzisse automaticamente ao sucesso. Foi durante a pandemia, ao se aproximar dos 18 anos, que ele teve uma conexão mais profunda com o violão e começou a criar suas primeiras canções.
"Notei que isso era algo essencial na minha vida. Comecei a compartilhar conteúdos no TikTok, bem no estilo da Geração Z, certo? Atraí um público e fiquei sem saber como lidar com isso; a ideia de ser influencer não fazia sentido para mim. O que realmente me motiva é mostrar a música. Então, pensei: 'Vou aproveitar essas pessoas que estão se juntando a mim para compartilhar essa paixão pela música'", recorda o jovem artista.
Com a diminuição das restrições de distanciamento social durante a pandemia e com um número significativo de seguidores acumulados no TikTok e no Instagram, onde seu público se transferiu gradualmente, Tom optou por explorar um novo país: ele foi para a França, com o objetivo de aprender o idioma local e estabelecer contatos com novos músicos.
Tom Ribeira viajou pela França de mochila às costas para aprimorar seu conhecimento da língua local — Foto: Acervo pessoal
"Eu me mudei para a França, trazendo apenas meu violão e uma mochila. Por lá, comecei a pegar caronas e fiz amizade com um grupo que fazia rap, um estilo muito apreciado na região. Para mim, atualmente, o rap é o gênero musical que mais se destaca na França, e eu sempre fui fã e consumi essa vertente. Esses artistas começaram a se apresentar em grandes casas de espetáculo e me convidaram para tocar junto com eles", recorda.
Tom recorda duas apresentações memoráveis que realizou com esse grupo, no Teatro La Cigale e no hall Élysée Montmartre, ambos localizados na capital da França. No entanto, apesar de sua estreia nos palcos internacionais, Tom tinha o desejo de se apresentar no Brasil.
Tom Ribeira fez uma apresentação no teatro La Cigale, em Paris — Imagem: Arquivo pessoal.
Ao retornar a Botucatu, Tom reiniciou suas conexões para organizar as primeiras performances no Brasil. Ele uniu forças com Thomé, um músico que conheceu através das redes sociais, cuja sonoridade é parecida com a sua e que também é natural da cidade.
"Colaborei com o Thomé, que é um amigo meu aqui em Botucatu, e desenvolvemos o projeto intitulado Tom e Thomé. Com o tempo, comecei a realizar minhas performances solo e a me apresentar com outros colegas. Percorremos diversos lugares, desde bares até teatros mais grandiosos", conta.
Apresentação de Tom e Thomé no Teatro Municipal de Botucatu (SP) — Imagem: Acervo pessoal
Tom e Thomé, aliás, fizeram uma apresentação no Teatro Municipal de Botucatu em 2023, o mesmo lugar onde vivenciaram diversas performances que os influenciaram como músicos.
"Eu desejo que Botucatu conheça minha identidade e que a música seja o meu meio de comunicação. Quando realizei um espetáculo no Teatro Municipal, foi uma experiência profundamente tocante. Ver o teatro lotado de pessoas para acompanhar a apresentação que eu estava fazendo... Foi extraordinário. Isso é o que me impulsiona. É por isso que sigo nessa trajetória", afirma.
Apresentação no Teatro Municipal de Botucatu — Imagem: Acervo pessoal
Apesar de ter uma carreira reconhecida em todo o país, Tom ainda reside no mesmo bairro de Lavapés, onde nasceu e passou sua infância. É nesse lugar que ele cria suas obras mais significativas, que, segundo suas palavras, refletem bastante da sua cidade de origem.
"Botucatu tem surgido com frequência em minhas composições. Recentemente, escrevi uma canção intitulada 'Sul-Americano', que ainda não foi divulgada, mas retrata a minha cidade. A música menciona um dia ensolarado, a tranquilidade do interior e as emoções que experimento quando estou aqui", esclarece.
Tom Ribeira está em seu quintal, localizado no bairro Lavapés, em Botucatu (SP) — Imagem: Acervo pessoal.
Embora a maioria das canções do jovem seja uma fusão de MPB, Bossa Nova e samba, ele afirma que é receptivo a todos os gêneros musicais que dominam as redes sociais, um ambiente que ajudou a estabelecer seu sucesso.
"Admiro bastante o estilo de voz e violão, especialmente músicas mais clássicas. No entanto, tenho uma crença de que em algum ponto da vida, ou em determinadas circunstâncias, as pessoas podem apreciar diversos gêneros. Minha intenção nunca é competir com outros estilos ou artistas, pois acredito que cada estilo possui seu valor e um público que se conecta com ele de forma genuína. Isso é o que realmente tem relevância", conclui Tom.
O Dia do Músico é celebrado em 22 de novembro em tribute a Santa Cecília, considerada pela Igreja Católica a protetora dos músicos e artistas.
De acordo com a tradição, Santa Cecília era profundamente devota, mas estava prometida a um homem que não seguia a fé cristã. Na noite de seu casamento, Cecília entoou cantos para seu esposo, conseguindo assim convertê-lo ao Cristianismo.
Santa Cecília, a protetora dos músicos — Imagem: Arquidiocese de Juiz de Fora/Divulgação