Dia do Orgasmo: empreendedora ajuda mulheres na menopausa a ...
Em um mundo onde o sexo feminino já enfrenta inúmeras cobranças estéticas e sociais, envelhecer como mulher também pode desafiar o padrão imposto pela sociedade. Mas esse pensamento está ficando ultrapassado, graças a mulheres que, mesmo mais velhas, continuam quebrando tabus e conquistando a liberdade de serem autênticas. Uma delas é Júlia Franco, de Sorocaba (SP), dona de um sex shop que atende principalmente mulheres que já estão na menopausa.
Nesta segunda-feira (31), quando se comemora o Dia do Orgasmo, Júlia, de 40 anos, contou ao g1 que sempre teve curiosidade em testar brinquedos adultos, mas tinha vergonha de comprá-los para si mesma. Então, uma amiga deu a ideia de ela começar a revender os itens e aproveitar para testar a mercadoria.
Desde então, ela começou a fazer cursos e a se especializar em saúde sexual de mulheres mais velhas. Além de vender produtos de sex shop, Júlia também realiza encontros com grupos de mulheres para tirar dúvidas sobre a sexualidade na melhor idade. Segundo ela, muitas não tiveram educação sexual e não sabem o prazer que podem sentir sozinhas.
"É um corpo capaz de gerar, de parir, de amamentar, e são muitas sensações que são ambíguas, de dor e conhecimento. E muitas mulheres, mesmo com 50 anos de idade, acham que o xixi sai pelo mesmo lugar que a menstruação. Isso é muito chocante, porque não fomos ensinadas a nos tocar", diz.
Sem tabu
De acordo com Júlia, um dos motivos para escolher esse nicho de clientes foram mulheres que a procuraram com dificuldades de manter a vida sexual ativa com o parceiro. Além disso, ela começou a vender um vibrador próprio para mulheres mais velhas, com apenas dois botões.
"As mulheres mais velhas falavam: 'Júlia, eu tenho ressecamento, eu sinto desejo, eu tenho vontade, eu sinto prazer, mas eu sinto dor'", lembra.
Vibrador especial para mulheres mais velhas com apenas dois botões — Foto: Daniela Martins/g1
Uma dessas clientes, que não quis ser identificada, tem 68 anos e contou ao g1 que foi casada durante 49 anos e sempre foi ativa sexualmente, mas ficou um período de cinco anos separada do marido e descobriu que não precisava de uma segunda pessoa para sentir prazer.
Agora, essa cliente reatou o relacionamento com o marido, mas não abre mão do seu momento a sós com um vibrador. Segundo ela, conversar sobre o assunto é essencial para as mulheres desbloquearem esse tabu.
"Tenho amigas que não chegam ao orgasmo, apenas fingem que têm para o marido. Eu não tenho tabu nenhum quanto a isso. Falo para elas que elas têm que se conhecer, mas parece que veem isso como pecado", diz um pouco inconformada.
Empreendedora de Sorocaba empodera mulheres na menopausa com sex shop especializado — Foto: Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku
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