Brasil suspende exportação de carne de aves para 44 países após doença de Newcastle ser identificada no RS; veja lista

20 Julho 2024
Doença de Newcastle aves

A informação foi validada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) levando em conta o tratado entre nações parceiras, visando assegurar a clareza do sistema brasileiro perante os compradores estrangeiros.

As proibições devem ter uma duração mínima de 21 dias e são determinadas com base no tipo de produto e na região, de acordo com o contrato comercial. Alguns países proíbem a importação de carnes de todo o Brasil; outros permitem apenas do Rio Grande do Sul; e há aqueles que restringem a um raio de 50 km do local onde a doença foi identificada.

De acordo com o Mapa, as diretrizes de suspensão são atualizadas diariamente em parceria com os países envolvidos, exibindo todas as medidas tomadas para erradicar o surto da doença.

Neste sábado (20), iniciam-se a instalação de pontos de controle sanitário em municípios que produzem frango no Vale do Taquari. No total, 70 funcionários da Secretaria Estadual da Agricultura irão inspecionar 800 fazendas.

Suspensão abrange todo território nacional:

Inclui carnes de aves, carcaças de aves frescas e seus produtos, ovos; alimentos para animais de criação; insumos de aves para uso terapêutico; produtos de carne processada e subprodutos do sangue não tratados.

Paralisação abrange todo o estado do Rio Grande do Sul.

Inclui-se nesta categoria carne de aves fresca, gelada ou congelada; ovos e derivados; produtos de carne e miúdos de aves; farinha de aves, suínos e bovinos; cabeças e patas; gorduras de aves; embutidos cozidos, curados e salgados; produtos de carne processados e cozidos; e insumos e alimentos para animais.

Proibição em vigor para a área de 50 km em torno do incidente mencionado:

Inclui carnes de aves, ração para animais de aves, plumagem e peixes para alimentação animal; e produtos de carne de aves cozida, processada termicamente, não adequados para consumo humano. No que diz respeito aos produtos derivados de aves, os Certificados Sanitários Internacionais (CSI) emitidos até 8 de julho não estão sujeitos a restrições.

Surto de doença de Newcastle é detectado em granja de aves no Rio Grande do Sul. A imagem é do portal G1.

O estado gaúcho ocupa a terceira posição no ranking nacional de exportação de carne de frango, sendo superado apenas pelo Paraná e por Santa Catarina. No primeiro semestre deste ano, foram exportadas 354 mil toneladas desse produto, resultando em uma receita de US$ 630 milhões.

As vendas para o exterior foram responsáveis por 13,82% dos US$ 4,55 bilhões provenientes do comércio em todo o país. Ademais, corresponderam a 14,1% das 2,52 milhões de toneladas exportadas pelo país no mesmo intervalo de tempo.

Nos primeiros seis meses de 2024, os principais mercados para a exportação de frango produzido no Rio Grande do Sul foram os Emirados Árabes Unidos (com 48 mil toneladas vendidas, totalizando US$ 94 milhões), Arábia Saudita (com 39 mil toneladas vendidas, totalizando US$ 77 milhões), China (com 32 mil toneladas vendidas, totalizando US$ 52 milhões) e Japão (com 20 mil toneladas vendidas, totalizando US$ 43 milhões).

Doença Após Granizo

Durante uma conferência realizada hoje (19), a ABPA declarou que a doença de Newcastle foi encontrada na fazenda durante o período de frio do inverno. De acordo com o presidente da associação, Ricardo Santin, um forte granizo destruiu o telhado do galinheiro, resultando na morte de 7 mil aves devido às condições precárias.

Na quinta-feira (18), as 7 mil aves restantes foram sacrificadas pela associação visando conter a disseminação da doença na região.

Segundo o presidente, o efeito na economia será praticamente insignificante, tanto a nível nacional quanto no estado do Rio Grande do Sul. Ele explica que o Brasil costuma produzir em média 1,2 milhões de toneladas de carne de frango por mês, sendo que 430 mil toneladas são exportadas.

Na situação mais desfavorável, o presidente afirma que o país terá uma redução nas vendas de 50 a 60 mil toneladas mensais, o que equivale a 5% da produção total do país.

O líder máximo declarou que não é viável que haja uma queda brusca no valor do item no território nacional, já que parte dos produtos direcionados para a exportação precisa ser enviada para nações que não fazem parte dos acordos bilaterais de suspensão.

Postos de controle de saúde estão sendo instalados no Vale do Taquari devido à presença da Doença de Newcastle.

A doença de Newcastle (DNC) é uma enfermidade viral que afeta aves de criação e aves selvagens. O vírus responsável por essa doença é do grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1) e causa sintomas respiratórios, seguidos por sinais nervosos, diarreia e inchaço na cabeça das aves.

O portal G1 entrevistou um profissional especializado no tema, o docente de Ornitologia da Faculdade de Veterinária da UFRGS Hamilton Luiz de Souza Moraes, que solucionou questionamentos relacionados à enfermidade.

A doença de Newcastle é uma infecção viral que afeta aves tanto domésticas quanto selvagens. Ela é provocada pelo vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário serotipo 1 (APMV-1). Como consequência, as aves demonstram sintomas respiratórios, seguidos por problemas neurológicos, diarreia e inchaço na região da cabeça.

O especialista esclarece que a enfermidade pode resultar, no máximo, em uma conjuntivite temporária em pessoas, com duração de aproximadamente sete dias. A contaminação é feita através do contato, e não pela ingestão.

A enfermidade é disseminada por pássaros migratórios contaminados que seguem rotas populares por todo os continentes. Por isso, é possível encontrá-la em qualquer parte do globo.

Em determinado momento, esses pássaros se encontram, possibilitando assim que alguns contaminados possam transmitir a doença para outros, e nos lugares onde estiveram, podem sair e infectar aves criadas em cativeiro", esclarece.

A erradicação de todas as aves de um mesmo grupo é a estratégia usada para controlar a doença. Isso acontece porque o vírus se propaga pelo ar, podendo infectar a comida, a água e o local onde as aves ficam abrigadas. Se o foco da doença não for eliminado, o surto pode se alastrar para áreas vizinhas.

A decisão foi validada pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), juntamente com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapi), que seguirá o protocolo estabelecido.

Há uma vacina disponível para prevenir a doença de Newcastle, que deve ser administrada antes que haja a transmissão da doença.

A propagação da doença de Newcastle é veloz, uma vez que é realizada por meio de um vírus disseminado pelo ar. O especialista adverte que, caso as aves infectadas saiam das áreas de origem ou sejam abatidas e descartadas em locais impróprios, podem se espalhar por toda uma região.

A doença também é muito perigosa, podendo levar à morte praticamente todas as aves infectadas. Por esse motivo, as autoridades de saúde estão preocupadas com a propagação da doença.

Para assegurar o controle da propagação da doença, o Ministério da Agricultura informou que fará uma análise epidemiológica adicional em uma circunferência de 10 quilômetros em torno da região onde o surto ocorreu.

Entretanto, o profissional assegura que cada nação possui um procedimento específico. Alguns países dividem em regiões de até 50km, podendo bloquear um estado ou até mesmo todo o país, conforme a propagação da doença.

O Japão demonstra maior perspicácia. A distância de 50 quilômetros é crucial, pois o vírus pode se manter ativo na carne congelada. Portanto, se exportarmos carne contaminada, podemos acabar propagando o vírus para outras regiões.

No Brasil, a última ocorrência da doença foi em 2006, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, de acordo com informações do Ministério da Saúde. O especialista explicou que a epidemia se espalhou principalmente na cidade de Vale Real, localizada a aproximadamente 90 quilômetros de Porto Alegre. "Alguns pássaros morreram e outros foram sacrificados", recorda.

Segundo o perito, os animais abatidos em 2006 causaram transtornos tanto para as aves quanto para os países que compravam frango naquela época. Ele relata que houve uma proibição da comercialização do produto por aproximadamente três meses.

O Brasil é o principal fornecedor global de frango, e os países compradores de nossa carne, ao enfrentarem surtos da doença, acabam interrompendo as exportações do local afetado. Em 2006, por exemplo, ocorreu a suspensão das importações por aproximadamente três meses.

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