Dólar hoje renova recorde de fechamento acima de R$ 6 pela 2ª vez seguida; veja a cotação
Hoje, o dólar atingiu novamente um novo recorde histórico de fechamento. A moeda dos Estados Unidos terminou a segunda-feira (2) com uma valorização de 1,11%, sendo negociada a R$ 6,0680, após flutuações que alcançaram um pico de R$ 6,0919 e um mínimo de R$ 5,9959. Esta é a segunda vez consecutiva que a moeda fecha em um valor superior a R$ 6.
O mercado ainda está avaliando o pacote fiscal apresentado pelo governo na semana passada. As iniciativas englobam a adequação do modelo de correção do salário mínimo às normas de gastos do arcabouço fiscal (com aumento limitado a 2,5% e um mínimo de 0,6% ao ano acima da inflação), a implementação de um limite para os aumentos salariais no setor público, critérios mais severos de elegibilidade e seleção para a obtenção de benefícios sociais, além de outras alterações detalhadas nesta matéria do Estadão.
Na perspectiva do mercado, as ações propostas são consideradas ambíguas e pouco específicas, além de não fornecerem clareza suficiente sobre os seus impactos na política fiscal. Outro ponto de preocupação diz respeito à aprovação dessas iniciativas pelo Congresso Nacional. Investidores estão apreensivos com a possibilidade de que nem todas as propostas consigam o respaldo do legislativo.
Juntamente com as iniciativas para reduzir despesas, foi proposta a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais. De acordo com as estimativas do mercado, essa alteração pode acarretar um custo de R$ 40 a 50 bilhões, o que pode comprometer os benefícios do pacote fiscal e levantar dúvidas sobre o verdadeiro comprometimento do governo com as finanças públicas.
Na sexta-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica poderá avaliar novas medidas de contenção de despesas caso, nos próximos dois ou três meses, se constate que as propostas já divulgadas não são adequadas para ajustar o padrão de gastos da União. “Se, em um período de dois a três meses, identificarmos riscos para essa trajetória de despesas, será necessário retornar à mesa de discussão para analisar quais ajustes precisarão ser implementados”, declarou.
Fatores Externos Influenciam O Câmbio Também
Do lado de fora, a inquietação causada pela declaração de Donald Trump em relação ao Brics, grupo econômico composto por países emergentes como Brasil, Índia e África do Sul, juntamente com potências como a China, também contribuiu para a valorização do dólar. O presidente eleito dos Estados Unidos afirmou que aplicará uma tarifa de 100% sobre o bloco caso as nações tentem substituir o dólar em suas transações comerciais.
"Solicitamos que esses países se comprometam a não desenvolver uma nova moeda do Brics, nem a apoiar qualquer outra que vise substituir o robusto dólar americano. Caso contrário, enfrentarão tarifas de 100% e terão que se despedir das vendas para a incrível economia dos EUA. Eles podem tentar encontrar outro parceiro!", postou Trump em sua conta na plataforma Truth.
A manifestação do representante do partido republicano ocorreu após uma reunião do Brics em Kazan, na Rússia, onde as nações integrantes da aliança debateram estratégias para aumentar as transações em moedas alternativas ao dólar americano e reforçar as moedas nacionais.
Uma evidência da valorização do dólar americano no mercado internacional durante a sessão foi a elevação do índice DXY, que avalia a performance da moeda em comparação a uma seleção ponderada de moedas internacionais reconhecidas, como o euro, o iene japonês, a libra esterlina, o dólar canadense, a coroa sueca e o franco suíço. No fechamento da tarde desta segunda-feira, o indicador registrava um aumento de 0,51%, alcançando 106,290 pontos.
O Dólar Continuará A Subir?
A cotação do dólar apresentou uma tendência de alta significativa nas últimas semanas. Até o final de outubro, a Ptax havia registrado uma valorização acumulada de cerca de 20% em 2024, sendo a terceira maior variação nesse período nos últimos 15 anos. Naquele mês, como já mencionamos, a expectativa em relação ao anunciado pacote de redução de despesas estava impactando o mercado.
Na semana passada, foram reveladas as muito esperadas medidas, mas o plano do governo não obteve aceitação. Durante o pregão da sexta-feira (29), o dólar alcançou uma cotação de R$ 6,11, o valor mais alto já registrado. Com o fechamento de novembro a R$ 6,00, a moeda americana acumula uma valorização de 25,04% em 2024.
Com a significativa valorização da moeda, a Quantum Finance, a pedido do E-Investidor, conduziu uma pesquisa sobre os dez maiores valores nominais de fechamento do dólar comercial ao longo da sua história. Vale ressaltar que cinco desses registros ocorreram neste ano. Veja a lista a seguir:
Como demonstramos, prever com precisão o comportamento do dólar nas próximas semanas é um desafio. No entanto, há um entendimento geral de que a moeda tende a se acomodar em um nível elevado – ou seja, acima de R$ 6. "Esse estresse cambial, nessa intensidade, pode ser visto como temporário. Contudo, esse movimento integra uma tendência de desvalorização do real a longo prazo", ressalta André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.
A edição do Boletim Focus desta segunda-feira revelou uma estabilização na previsão para o dólar ao final de 2024, após seis semanas de aumento contínuo. Agora, o mercado projeta que a moeda americana termine o ano cotada a R$ 5,70, o que exigiria uma queda de 5% em dezembro.
A previsão para 2025 foi ajustada de R$ 5,55 para R$ 5,60, enquanto a expectativa para 2026 passou de R$ 5,50 para R$ 5,60. A estimativa do dólar para 2027 permaneceu inalterada.