Para o bem e para o mal, Dragon Ball Sparking Zero é um legítimo sucessor de Budokai Tenkaichi | Review

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Dragon Ball: Sparking Zero

Dragon Ball é uma das obras mais icônicas e relevantes no universo dos mangás e animes, e seu impacto na cultura pop é tão significativo que seu êxito se estendeu também ao mercado de jogos, especialmente após a trilogia Dragon Ball: Budokai Tenkaichi, lançada para o PlayStation 2 entre 2005 e 2007. Esta trilogia se destaca por dois aspectos principais: a vasta seleção de personagens, que incluía quase todos os protagonistas importantes do anime e dos filmes, e a jogabilidade que reproduzia de maneira fiel as batalhas do anime em amplas arenas em 3D.

Agora, 17 anos depois, Dragon Ball: Sparking Zero surge como o sucessor da trilogia Budokai Tenkaichi. Para o bem e para o mal, todos os elementos que marcaram os jogos do PlayStation 2 estão presentes neste novo título da série, desde a jogabilidade ágil e dinâmica, repleta de combos impressionantes, até o vasto elenco de personagens. Entretanto, também se repetem algumas falhas, como os problemas de ângulo de câmera e a apresentação apressada da trama do anime. Mesmo assim, o resultado é muito mais positivo do que negativo, embora Sparking Zero dificilmente convença aqueles que nunca foram fãs de Budokai Tenkaichi a mudarem de opinião.

Conflitos Em Grande Escala

O elemento mais crucial em qualquer jogo de luta é a jogabilidade, e nesse aspecto, Sparking Zero merece muito mais aplausos do que críticas. Seja você um jogador experiente da série Budokai Tenkaichi ou um iniciante nos jogos de luta da franquia, Sparking Zero disponibiliza imediatamente um tutorial abrangente que abrange níveis básico, intermediário e avançado. Ele ensina os movimentos dos combos, as transformações em formas mais poderosas, a utilização de técnicas especiais, incluindo o golpe mais forte de cada personagem, e as estratégias defensivas para bloquear, repelir e até contra-atacar os adversários.

O jogo conta com o tutorial mais abrangente de toda a franquia e, uma vez que os princípios básicos são compreendidos, é fundamental aplicar o conhecimento adquirido. Com quatro graus de dificuldade, que variam do nível iniciante ao Super, Sparking Zero já proporciona um desafio interessante desde o nível normal. Por essa razão, a utilização das habilidades desenvolvidas no modo de prática não é apenas sugerida, mas sim indispensável.

No modo história, que nos permite controlar até mesmo vilões como Freeza e Goku Black, ou nas diversas opções dos modos torneio e versus, Dragon Ball: Sparking Zero se destaca por seu sistema de combate que requer o uso estratégico de rajadas de ki, combos corpo a corpo, técnicas especiais, defesas, contra-ataques e "Dragon Rushes" (voos em alta velocidade). Isso é fundamental tanto para pressionar o oponente quanto para desviar de ataques poderosos, como Kamehameha (e suas inúmeras variações), Masenko ou Final Flash. Este jogo se revela bem mais desafiador do que toda a trilogia Budokai Tenkaichi, porém, o nível de dificuldade nunca é injusto; apenas demanda que você realmente compreenda e utilize as ferramentas oferecidas pelo jogo.

O Torneio do Poder, por exemplo, nos oferece a opção de selecionar 5 personagens à vontade, incluindo aqueles que alcançaram o nível 10, o mais elevado em termos de poder. Esse grupo é composto por figuras icônicas como Gogeta Azul, Vegetto Azul, Gogeta Super Saiyajin 4, Bills e Whis, entre outros. Porém, durante as três batalhas 5x5 do torneio, os personagens que forem eliminados retornam com uma quantidade mínima de vida na rodada seguinte. Se um personagem perder metade de sua barra de vida entre a semifinal e a final, ele entrará na luta decisiva apenas com essa metade. Por essa razão, recuar e manter distância de um adversário pode ser uma retirada estratégica essencial para escapar de uma situação complicada e acumular energia suficiente para realizar um ataque devastador. Em várias ocasiões, essa estratégia foi o que me permitiu inverter o andamento de batalhas nas quais estava em desvantagem.

No modo de história, por sua vez, frequentemente somos obrigados a derrotar três ou quatro personagens consecutivamente controlando apenas um único lutador. Um exemplo disso ocorre quando jogamos com Freeza e enfrentamos, um após o outro, Kuririn, Gohan, Piccolo e Vegeta. Freeza inicia o combate em sua forma mais fraca, tendo à disposição suas três transformações adicionais, mas mesmo sendo muito superior aos adversários, vence-los em sequência pode se revelar um desafio, caso o jogador não adote uma abordagem mais cuidadosa e estratégica. Atacar os oponentes de forma agressiva pode ser vantajoso e encorajado, mas manter esse estilo de jogo constantemente deixa uma abertura para que os inimigos se adaptem e realizem contra-ataques. Por isso, agir com prudência é tão aconselhável.

Visualmente, as batalhas são impressionantes e deslumbrantes, o que transforma Dragon Ball: Sparking Zero no jogo de luta em 3D com os gráficos mais belos já vistos, competindo apenas com um título de luta em 2D: Dragon Ball FighterZ. As combates sempre apresentam uma escala majestosa e são caracterizados por combos longos, elaborados e técnicas especiais que proporcionam um verdadeiro espetáculo de luzes e efeitos. O único grande inconveniente é que, assim como em Budokai Tenkaichi, a perspectiva da câmera pode dificultar a visualização dos inimigos, especialmente por as arenas em 3D serem ainda mais amplas do que as de Budokai Tenkaichi. Em certos momentos, é possível "se perder" no cenário até encontrar o oponente, mas há ferramentas disponíveis que ajudam a localizar seu rival na arena.

Como os próprios trailers já revelavam, Dragon Ball: Sparking Zero está repleto de conteúdo, e isso vai além da quantidade de personagens jogáveis (e suas respectivas transformações). Os 181 lutadores disponíveis, que refletem várias etapas da obra de Akira Toriyama, são sem dúvida o grande atrativo do jogo, mas há muito mais a ser descoberto. Um exemplo é um sistema que apresenta centenas de objetivos estabelecidos pelo deus Zen'oh, que nos oferece uma gama de recompensas, especialmente em dinheiro do jogo, que podemos utilizar para adquirir personagens desbloqueáveis e skins.

Os torneios de Dragon Ball: Sparking Zero, apesar de serem relativamente curtos, oferecem uma boa diversidade entre eles. Por exemplo, o Torneio de Artes Marciais emprega a mecânica de eliminação por fora do ringue, exigindo um cuidado extra para evitar cair da arena. Já o torneio promovido por Yamcha nos obriga a jogar com um personagem aleatório. Os Cell Games nos permitem escolher um lutador e recuperar apenas 20% da vida entre os combates, até chegarmos à batalha final contra a forma perfeita de Cell. Em contrapartida, o Torneio Mundial do Poder se assemelha a um verdadeiro modo de sobrevivência em equipe. A variedade de condições para alcançar a vitória é, sem dúvida, um destaque, mas a principal desvantagem é a brevidade dos torneios, que consistem em apenas três lutas até que um campeão seja coroado. Considerando o vasto elenco disponível no jogo, é frustrante não haver modos que incluam 64 ou 128 lutadores selecionáveis. Contudo, há um recurso que nos permite criar nossos próprios torneios, possibilitando a configuração de condições específicas. Não é uma inovação revolucionária, mas é uma adição bem-vinda.

Os episódios focados nos personagens, por outro lado, narram a trama de Dragon Ball Z e Dragon Ball Super de uma maneira um pouco rápida e condensada, presumivelmente considerando que os jogadores já estejam familiarizados com a história do anime. Um aspecto positivo é que, além de jogarmos com diversos personagens-chave de Dragon Ball, incluindo alguns antagonistas, a narrativa oferece ramificações em que, ao atendermos a certas condições, um arco específico pode resultar em uma conclusão completamente diferente da apresentada no anime. Por exemplo, Goku pode derrotar Freeza sem precisar se transformar em Super Saiyajin e até evitar a destruição de Namekuzei.

Gohan, por sua parte, consegue atingir seu máximo poder ao se transformar em Super Saiyajin 2 durante o combate contra Dabura, conseguindo assim impedir a ressurreição de Majin Boo. Todas essas narrativas enriquecem ainda mais o universo de Dragon Ball, permitindo que vislumbremos como certos eventos poderiam ter se desenrolado de maneira diferente, caso algumas batalhas tivessem tomado um rumo alternativo ao que conhecemos.

Investigar todas essas alternativas é a principal virtude do modo história de Dragon Ball. Como todos os eventos que conhecemos são mostrados de maneira acelerada, a possibilidade de imaginar finais distintos acrescenta um frescor a uma franquia que já foi explorada em vários aspectos da cultura pop. Embora essas narrativas paralelas não atinjam o mesmo nível de sucesso que a história da Androide 21 em Dragon Ball FighterZ, por exemplo, elas ainda oferecem uma pitada de originalidade.

Dragon Ball Sparking Zero apresenta uma funcionalidade semelhante a um "editor de fases", inspirado no Mario Maker. Entretanto, em vez de focar em desafios de plataforma, essa ferramenta possibilita a criação de pequenas narrativas e desafios com requisitos específicos, como vencer um adversário utilizando uma técnica determinada ou derrotar lutadores poderosos, como Gogeta Azul ou Bills, com personagens mais fracos, como Yamcha.

Assim como em Mario Maker, é necessário finalizar a história e o desafio que desenvolvemos para que o conteúdo seja aprovado e para que outros jogadores possam experimentá-lo. No entanto, como o jogo ainda não foi disponibilizado ao público em geral, não tive a oportunidade de testar essas criações. Acredito que este modo de jogo tem um grande potencial para se tornar muito popular entre os fãs de DB Sparking Zero. Em relação ao modo de lutas online, não consegui encontrar partidas durante a minha análise, o que é compreensível, já que o grande público ainda não teve acesso ao jogo.

Um Verdadeiro Budokai Tenkaichi 4

Dragon Ball Sparking Zero se destaca como o mais completo jogo de luta em arenas da franquia, superando Budokai Tenkaichi 3. Contudo, isso não implica que seja isento de problemas. Desde as questões relacionadas à câmera até a abordagem apressada da trama principal, o título ainda carrega algumas limitações típicas dos clássicos do PlayStation 2. Entretanto, sua jogabilidade envolvente, extremamente rápida e dinâmica, aliada a um vasto elenco de personagens, transformações e itens cosméticos todos conquistados com a moeda do jogo, fazem dele um dos melhores jogos de luta disponíveis e o segundo melhor da série, perdendo apenas para Dragon Ball FighterZ. O jogo retém tanto os aspectos positivos quanto negativos da trilogia lançada na década de 2000, mas também introduz inovações que o tornam uma excelente homenagem a uma série de jogos que deixou sua marca em uma geração de jogadores e admiradores da obra de Akira Toriyama.

Dragon Ball: Sparking Zero presta homenagem ao legado de Budokai Tenkaichi e se mostra um verdadeiro sucessor da trilogia de títulos do PlayStation 2, tanto por aspectos positivos quanto negativos. Com uma vasta gama de personagens e transformações, uma jogabilidade dinâmica e combos impressionantes, o jogo falha em alguns momentos devido ao seu sistema de câmera durante as batalhas e apresenta os eventos do anime de maneira um pouco apressada. No entanto, a oportunidade de criar diferentes finais para os principais momentos da obra de Akira Toriyama traz um toque fresco ao jogo que, apesar de não ser perfeito, se destaca pelos visuais deslumbrantes e proporciona diversão com lutas que parecem ter saído diretamente do anime, além de uma enorme quantidade de conteúdo para ser desbloqueada.

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