Trump é eleito presidente dos EUA, aponta projeção da AP

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Além de Wisconsin, Trump também obteve vitórias em outros estados cruciais, como Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia, e estava liderando em Michigan, Nevada e Arizona até a mais recente atualização deste relatório.

Esses estados, frequentemente chamados de "estados oscilantes", são vistos como fundamentais, pois a escolha entre um candidato republicano ou um democrata pode mudar, tornando difícil antecipar o resultado. A soma total de delegados que eles possuem é essencial para determinar quem será o vencedor ou o perdedor de uma eleição.

Os Estados Unidos não contam com um tribunal eleitoral nacional, ao contrário do Brasil, e a responsabilidade pela apuração dos votos recai sobre cada estado individualmente. O processo de contagem oficial pode levar semanas, e o resultado é normalmente anunciado pela agência de notícias AP, com base nas projeções elaboradas por estatísticos que trabalham para institutos de pesquisa e veículos de comunicação. Veja como esse sistema opera.

Donald Trump, que foi o 47º presidente dos Estados Unidos. — Imagem: Carlos Barria/Reuters

A conquista de Trump sinaliza o regresso do republicano à liderança após um intervalo de quatro anos, período em que foi derrotado pelo democrata Joe Biden em 2020. Esta é a segunda ocasião em que um presidente retoma seu posto após não conseguir se reeleger, seguindo o exemplo de Grover Cleveland, que governou em dois mandatos intercalados (1893-1897 e 1885-1889).

Trump tomará posse no dia 20 de janeiro de 2025. Nos primeiros dois anos de sua administração, ele contará com a Câmara e o Senado dominados pelos republicanos.

Em maio deste ano, ele recebeu uma sentença por fraude financeira ao listar como despesa de campanha um pagamento realizado a uma ex-atriz de filmes adultos. De acordo com a denúncia, o valor foi utilizado para assegurar que Stormy Daniels não revelasse o suposto relacionamento que mantiveram durante a corrida presidencial de 2016, da qual ele saiu triunfante.

O republicano enfrenta acusações de crimes sexuais provenientes de 18 mulheres, incluindo três casos de estupro, conforme uma pesquisa realizada pela rede de televisão americana ABC. Ele refuta todas as alegações.

Confira quais casos têm Donald Trump como acusado nos Estados Unidos.

Trump ingressou na política em 2016, assumindo diretamente a liderança de seu país ao derrotar a democrata Hillary Clinton. Ele levou seu partido a uma postura ainda mais extremista em relação à direita. Nesta campanha, fez promessas audaciosas, incluindo a maior onda de deportações de imigrantes que a nação já presenciou.

Logo no início de seu primeiro mandato, Trump deu início à construção de um controverso muro em certas partes da fronteira entre os Estados Unidos e o México — no entanto, a obra foi interrompida e permanece inacabada.

Ele também se afastou dos Estados Unidos de diversos tratados e acordos internacionais. Um dos principais foi o acordo nuclear pioneiro com o Irã, que seu predecessor, o democrata Barack Obama, havia negociado. Trump impôs uma série de sanções ao país adversário, que reiniciou seu programa nuclear e, atualmente, sinaliza o uso desse programa para fins militares, em meio às crescentes tensões com Israel.

Durante sua administração, Trump fez diversas menções sobre a possibilidade de retirar os Estados Unidos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), argumentando que as nações membros, especialmente as europeias, precisavam aumentar seus investimentos militares para fortalecer o poderio da aliança. Na campanha deste ano, ele reitera suas críticas à Otan.

Trump adotou a mesma lógica, de que os Estados Unidos contribuem mais financeiramente do que outras nações, para justificar sua saída do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, afirmando que as exigências estabelecidas para os americanos eram excessivas. A decisão de se retirar do acordo climático foi uma das principais controvérsias durante a administração do republicano, que durante seu governo refutou a realidade do aquecimento global.

Simultaneamente, o ex-mandatário conseguiu proporcionar diversas conquistas para o setor mais conservador do Partido Republicano durante esse tempo. Ele designou três magistrados para a Suprema Corte, promoveu reduções de impostos benéficas para as empresas e anulou várias normas governamentais.

Durante seus quatro anos na presidência, sua administração foi marcada por dois processos de impeachment, severas críticas em relação à sua condução da pandemia e, recentemente, a invasão do Capitólio.

Três Casamentos E Cinco Filhos

Donald Trump, acompanhado da esposa Melania e dos filhos Tiffany, Donald Jr., Eric e Ivanka, durante uma entrevista para a televisão americana. — Imagem: Reprodução/Youtube/CBS Evening News

Trump está em seu terceiro matrimônio, é pai de cinco filhos e avô de dez netos. Ele foi casado por 13 anos com sua primeira esposa, Ivana Trump, natural da República Tcheca, e juntos tiveram três filhos: Donald Jr., Ivanka e Eric. O divórcio ocorreu nos anos 1990.

Trump é pai de mais dois filhos, provenientes de relacionamentos distintos: Tiffany, que nasceu de seu casamento com a atriz e modelo Marla Maples, e Barron Trump, seu filho mais novo e único com sua atual esposa, a ex-modelo Melania Trump.

Natural da Eslovênia, Melania é esposa de Trump há mais de duas décadas. O casal se conheceu em uma comemoração em Nova York, no ano de 1998. Ela teve uma participação reduzida na campanha do marido, passando a maior parte do tempo na residência da família em Nova York.

Na qualidade de primeira-dama durante o governo de Trump, que aconteceu de 2017 a 2021, ela optou por manter um perfil discreto e participou de poucas entrevistas, apesar de estar frequentemente ao lado do marido em eventos e viagens no exterior.

O político republicano possui uma riqueza avaliada em aproximadamente US$ 6,5 bilhões (em torno de R$ 32 bilhões), resultante de seu vasto conjunto de negócios, que abrange cadeias de hotéis, resorts, cassinos e campos de golfe tanto nos Estados Unidos quanto em outros países. Além disso, sua trajetória como figura da televisão o catapultou à notoriedade antes de assumir a presidência dos EUA, em 2017.

Diferentemente do que afirmei em outras ocasiões, Donald Trump não acumulou sua riqueza a partir do nada. Seus primeiros investimentos e milhões de dólares foram originados através de seu pai, Fred Trump, que era filho de um imigrante alemão e que aplicou recursos no emergente setor imobiliário de Nova York na década de 1950.

Donald Trump (no centro), acompanhado por colegas da universidade em uma imagem de arquivo. — Foto: Reprodução/TV Globo

Fred Trump selecionou Donald, o quarto dos cinco filhos que teve, como seu herdeiro na profissão. Depois de concluir o curso de economia na Universidade da Pensilvânia em 1968, ele tomou posse oficialmente da empresa imobiliária da família.

O filho de Trump tinha a ambição de erguer edifícios altos em Manhattan, além de hotéis, campos de golfe e cassinos em outros países. Para viabilizar esses projetos, ele obteve um empréstimo de aproximadamente 500 milhões de dólares de seu pai, conforme relata o jornal The New York Times. Ao longo da década de 1970, ele se estabeleceu no setor imobiliário da cidade, sempre nomeando suas construções com o sobrenome da família.

Em 1980, Trump enfrentou seu primeiro processo legal: foi acusado de praticar discriminação contra famílias negras ao alugar apartamentos em um de seus edifícios. Herdando uma empresa voltada para o público branco, ele negou as acusações, mas a situação ganhou grande destaque, levando-o a procurar um advogado renomado para defender seus interesses.

Ele se apresentou na casa do advogado Roy Cohn, uma das personalidades mais controversas da história recente americana, que acabou se tornando o principal mentor de Trump e teve um papel decisivo na formação da personalidade política do então jovem empresário.

Roy Cohn atuou como advogado de notórios mafiosos em Nova York e foi conselheiro do senador Joseph McCarthy durante a perseguição aos comunistas que caracterizou a década de 1950 nos Estados Unidos.

Durante o procedimento em que foi acusado de discriminar famílias afrodescendentes, Trump fez um acordo, mas, respeitando o lema de Cohn, comemorou sua suposta vitória, afirmando que em nenhum momento admitiu culpa e acusou o governo de perseguição. Essa abordagem de ataque se tornaria uma característica marcante ao longo de sua trajetória profissional e política.

Com o apoio de Cohn, o atual candidato republicano deu vida à Trump Tower, sua icônica torre residencial situada em Manhattan, onde ocupa os três andares superiores. Hoje em dia, Trump reside com sua família em uma luxuosa mansão com 126 quartos localizada no complexo Mar-a-Lago, na Flórida, do qual ele também é proprietário.

"O Aprendiz" retrata a trajetória de Donald Trump na sua ascensão como um destacado empresário.

Foi com o apoio de seu mentor Roy Cohn que o magnata fez a transição para a televisão no início dos anos 2000.

Cohn, que tinha boas conexões com a imprensa local, atuou como intermediário para que o então empresário conseguisse acertar um contrato para ser o protagonista do programa "O Aprendiz", um reality show em que Trump selecionava um concorrente para trabalhar ao seu lado, enquanto os demais eram "demitidos".

E, mesmo que o sobrenome de seu pai estivesse presente em todas as suas obras, o nome Trump se firmou como uma marca empresarial com o programa que teve 14 temporadas e foi levado para vários outros países, incluindo o Brasil.

Além de projetar seu nome em nível nacional, a trajetória na televisão também resgatou Trump de débitos que havia acumulado em seus negócios, mesmo com os milhões que recebeu como herança do pai.

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