União Brasil recua e não deve lançar Elmar Nascimento na disputa pela presidência da Câmara
O União Brasil decidiu fazer uma retratação e não irá mais apresentar uma candidatura própria para a presidência da Câmara dos Deputados. Desde o ano passado, o partido estava preparando o lançamento de Elmar Nascimento (BA), que manteve sua posição até esta quinta-feira, dia 31. Embora a desistência precise ser formalizada, ela foi concretizada em uma reunião que ocorreu na manhã de hoje entre os líderes do partido.
A decisão já era considerada garantida na noite de quarta-feira, dia 30, durante um jantar liderado por Antonio Rueda, presidente nacional do partido. No entanto, Elmar ainda não estava totalmente convencido e conseguiu postergar a finalização da discussão por mais algumas horas. O novo encontro, que incluiu a presença de ministros e deputados, resolveu o impasse.
A interpretação dentro do partido é de que a candidatura de Elmar se tornou insustentável sem a colaboração de Arthur Lira (PP-AL). O atual presidente da Casa estabeleceu, na terça-feira, sua parceria com Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta também conta com o respaldo do PT, PL, MDB, Podemos e PCdoB. Em princípio, ele já possui votos mais do que necessários para ser eleito o próximo presidente da Câmara.
Diante dessa situação, a perspectiva de que o União Brasil seria afetado por não ter representação nas decisões sobre a distribuição de cargos no Parlamento foi o principal ponto usado para persuadir a liderança do partido.
Elmar havia indicado que poderia atender aos pedidos do partido, já que, conforme suas próprias declarações, sua candidatura não era uma questão pessoal, mas sim uma iniciativa dos deputados da legenda. Essa análise ocorreu na noite da quarta-feira. No entanto, nesta quinta-feira, ele expressou sua insatisfação, principalmente em relação a Lira, considerado o principal culpado por arruinar o projeto.
“Despedir-me de um amigo que eu considerava meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira, foi difícil”, comentou o ex-candidato a repórteres, antes de se dirigir à reunião que oficializou sua saída da corrida.
O União deverá anunciar oficialmente seu apoio a Motta, mas somente após assegurar posições na liderança da Câmara. As negociações devem ser realizadas, até o dia 5, por Elmar, em parceria com Rueda e ACM Neto, que é o atual secretário-geral do partido.
"Permaneço como candidato, mas não me oponho a desistir ou a seguir em frente. Minha candidatura não me pertence. Nunca tratei isso em termos pessoais. É algo coletivo, é do meu partido e dos partidos que me ofereceram apoio", afirmou Elmar aos jornalistas na saída da reunião. Ele definiu a escolha de dialogar com Motta antes de qualquer decisão oficial de desistência como um "sinal de confiança" da bancada.
Em contrapartida, a legenda aguarda a obtenção da presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que é o colegiado mais relevante da Câmara, ou a liderança na relatoria do Orçamento. O partido também deve pedir a segunda vice-presidência da Casa.
O pacto pode incluir também a possibilidade de Elmar assumir um cargo no governo federal. Desde a noite de quarta-feira, surgiram indícios de que o deputado poderia ser nominado pelo União Brasil para Lula (PT). Nesse contexto, o objetivo seria o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. Atualmente, a pasta está sob a liderança de Waldez Góes, que conta com o apoio do União Brasil.
Em relação ao assunto, Elmar desviou o tema, limitando-se a afirmar que a pauta atual é a presidência da Câmara e que as nomeações para os ministérios são responsabilidade de Lula.
Caso esse movimento se realize, ele é considerado uma etapa de um pacto que poderia reforçar a base de apoio de Lula no Congresso, especialmente na Câmara dos Deputados, além de ser um primeiro passo para a formação de uma coalizão ampla em 2026.