Elon Musk será ministro de Trump? As consequências do acordo entre os dois bilionários

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Elon Musk

Como o quarto maior financiador da campanha presidencial republicana, o bilionário Elon Musk pode desempenhar um papel significativo no futuro governo de Donald Trump, que tomará posse em 20 de janeiro. O criador da Tesla e proprietário do X propôs a formação de uma comissão de eficiência do governo para avaliar as despesas públicas. Em setembro, Trump declarou que seguiria com a proposta e que Musk estaria à frente do grupo, conforme relatado pela agência "Associated Press".

Na oportunidade, o candidato do partido republicano declarou que a comissão também sugeriria "mudanças significativas" e elaboraria um projeto para erradicar fraudes e pagamentos incorretos em um período de seis meses, o que, conforme suas palavras, resultaria em uma economia de trilhões de dólares. Ele explicou que "fraudes e pagamentos incorretos geraram um custo de aproximadamente centenas de bilhões de dólares aos contribuintes [em 2022]".

A fala ocorreu no evento do Economic Club de Nova York, que contou com a presença de executivos e líderes do setor. Ele aproveitou o momento para apresentar sugestões voltadas à redução de regulamentações e ao aumento da produção de energia, à implementação de criptomoedas, além de propor uma drástica diminuição das despesas do governo e dos impostos corporativos para as empresas nos Estados Unidos.

Ao explicar sua proposta, Musk mencionou que poderia haver uma redução de pelo menos US$ 2 trilhões no orçamento federal, que totaliza US$ 6,75 trilhões. Para contextualizar, os gastos discricionários, incluindo os investimentos em defesa, estão projetados em aproximadamente US$ 1,9 trilhão para o ano fiscal de 2024, segundo informações da "Reuters".

No entanto, existem várias indagações acerca da participação de Musk na política. O homem mais rico do planeta possui diversos interesses empresariais que estão sob a supervisão do governo dos Estados Unidos. Sua influência nas decisões a respeito das ações que as agências governamentais podem realizar suscita preocupações sobre possíveis conflitos de interesse.

Um exemplo disso é a SpaceX, que realmente estabelece o cronograma de lançamentos de foguetes da NASA. O Departamento de Defesa confia na empresa para colocar na órbita a maior parte de seus satélites. No entanto, Musk tem criticado a vigilância federal sobre sua empresa. Isso pode resultar em uma diminuição da supervisão sobre a companhia?

As atividades do bilionário passaram por ao menos 20 investigações ou análises recentes, abrangendo uma a respeito da segurança dos veículos da Tesla e outra sobre os impactos ambientais provocados por seus foguetes.

Nos últimos anos, Musk tem criticado de forma incisiva a comissão de valores mobiliários (Securities and Exchange Commission, em inglês), que em 2018 o denunciou por fraude de valores mobiliários devido a uma série de tuítes enganosos e falsos sobre a privatização da Tesla.

Naquela ocasião, o magnata publicou no antigo Twitter que pretendia tornar a empresa privada por US$ 420 por ação, afirmando ainda que contava com "recursos assegurados" para realizar a operação.

Em consequência de um acordo posterior com a SEC, ele se afastou da presidência da Tesla e a empresa enfrentou uma penalidade de US$ 20 milhões. Contudo, durante uma conferência em 2022, ele fez críticas severas aos reguladores, referindo-se a eles como "bastardos".

Conforme o periódico "The New York Times", a administração dos Estados Unidos possui diretrizes voltadas para prevenir esses tipos de conflitos. Existem 1.019 comitês consultivos compostos por mais de 60.000 participantes que analisam diversos assuntos. No entanto, cada um desses comitês possui uma área de atuação bastante restrita, se comparada à comissão de “eficiência” que Musk deverá presidir.

Conforme mencionado pelo "NYT", uma outra legislação penal impede que agentes federais e consultores externos, frequentemente vistos como "funcionários especiais do governo", se envolvam de maneira pessoal e significativa em qualquer questão que impacte seus interesses financeiros ou os de seu cônjuge, filho, parceiro ou uma entidade em que atuem como dirigente. Contudo, essa regra não tem garantido a ausência de complicações com consultores externos — mesmo os que têm carteiras de investimentos muito menos complexas do que as de Musk.

Esta não é a primeira vez que Trump se depara com denúncias de gerar controvérsias ao designar determinados executivos como conselheiros. Em 2017, ele designou o investidor bilionário Carl Icahn como consultor especial para assuntos regulatórios.

A questão é que Icahn estava exercendo pressão sobre as autoridades federais para alterar uma norma que possibilitaria que uma refinaria de petróleo no Texas, da qual ele possuía uma parte, economizasse centenas de milhões de dólares. Ele acabou renunciando ao posto não remunerado apenas alguns meses após sua nomeação, em meio a fortes críticas.

O Impacto De Musk Na Eleição

Durante a campanha eleitoral, o magnata anunciou que doaria US$ 1 milhão diário a uma pessoa escolhida aleatoriamente que tivesse assinado a petição do "America PAC", a qual defende o direito à liberdade de expressão e o direito de portar armas.

Até o dia 4 de novembro, um dia antes do término da votação, mais de 1 milhão de cidadãos de sete Estados inseguros já haviam se engajado no processo.

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