Estado de saúde de Lula: o que é a embolização da artéria meníngea, cirurgia complementar que presidente vai fazer
12 de dezembro de 2024, 06:56 -03
Atualizado há uma hora.
Conforme o relatório médico publicado pelo Hospital Sírio-Libanês na última quarta-feira (11/12), Lula, de 79 anos, está "sob monitoramento intensivo" e "teve um dia tranquilo, sem complicações".
Ele, além disso, fez sessões de fisioterapia, percorreu distâncias a pé e recebeu a visita de parentes.
O mesmo aviso ressalta que o novo método integra a "abordagem terapêutica" e consiste em um "procedimento endovascular", que será realizado na manhã desta quinta-feira (12/12).
A finalidade da embolização da artéria meníngea é interromper hemorragias e prevenir a formação ou aumento de hematomas na região craniana.
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Compreenda a seguir o funcionamento dessa intervenção e a razão pela qual ela se torna essencial em situações como a de Lula.
Entendendo O Procedimento Endovascular
Em síntese, a expressão "intervenção endovascular" refere-se a qualquer ato realizado dentro dos vasos sanguíneos.
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A proposta é aproveitar a rede de vasos sanguíneos do organismo como "vias" para acessar a área onde há algum problema, visando a sua correção ou tratamento.
Esse tipo de procedimento utiliza fios e cateteres que são introduzidos em um vaso sanguíneo por meio da pele.
Normalmente, os médicos realizam esse acesso através do braço ou da região da virilha.
Com o auxílio de exames de imagem, como tomografias, ressonâncias magnéticas e radiografias, esses especialistas em saúde direcionam os cateteres até a área onde está localizado um problema específico.
Ao chegarem ao destino pretendido, eles podem "obstruir" o vaso para interromper uma hemorragia, ou implantar uma malha metálica, se a intenção for recuperar o fluxo sanguíneo na região.
Existe também a opção de utilizar esse acesso para administrar medicamentos ou realizar outros tratamentos específicos, como a aplicação de moléculas radioativas, além de terapias com calor ou frio.
Esses métodos pouco invasivos têm sido empregados na Medicina há, pelo menos, cinquenta anos e oferecem diversas vantagens.
As intervenções podem frequentemente ser realizadas em consultórios médicos, fora dos centros cirúrgicos. Como exigem apenas pequenas incisões na pele (sem que sejam necessários cortes extensos ou pontos), a recuperação é consideravelmente mais ágil e com um menor risco de complicações.
Nos últimos anos, houve um grande avanço nas técnicas e nos materiais empregados, que agora são aplicados no tratamento de diversas condições, como infarto, AVC, dores, inchaço da próstata e até mesmo câncer.
No que diz respeito a Lula, o laudo médico mais atual ressalta que ele irá realizar um procedimento de embolização da artéria meníngea média.
Em outras palavras, a embolização refere-se a bloquear um vaso sanguíneo — no caso do presidente, a artéria meníngea média, localizada na região da cabeça — a fim de interromper o fluxo de sangue naquela área.
Os médicos frequentemente utilizam compostos químicos específicos ou calor para realizar o fechamento desse tubo do sistema circulatório.
Esse bloqueio é minuciosamente analisado por profissionais e não compromete a entrada de suprimentos (oxigênio e nutrientes) nas células da área afetada.
Motivo Do Novo Procedimento De Lula
De acordo com a comunicação do Hospital Sírio Libanês, o procedimento endovascular é uma terapia adicional em situações semelhantes à do presidente.
Para compreender essa questão, é necessário revisitar aspectos significativos do episódio.
No dia 19 de outubro, Lula se machucou ao ter uma queda em sua residência no Palácio da Alvorada.
Desde aquele momento, ele tem consultado profissionais especializados para verificar se o impacto poderia resultar em alguma complicação mais séria.
Na segunda-feira, 9 de dezembro, o presidente relatou sentir-se indisposto e reclamou de enxaquecas.
Durante um exame de ressonância magnética realizado em Brasília, os médicos identificaram uma hemorragia intracraniana.
Esse acúmulo sanguíneo ocorreu entre a dura-máter (uma das meninges, as camadas que protegem o sistema nervoso) e a superfície cerebral.
De acordo com especialistas consultados pela BBC News Brasil, essa situação é comum entre pessoas que levam golpes na cabeça — e pode levar semanas ou até meses para se manifestar.
Após o impacto, certos vasos sanguíneos menores se quebram e começam a liberar sangue lentamente.
O líquido vermelho se concentra em uma área específica, formando um hematoma. Quando atinge um tamanho considerável, ele começa a exercer pressão sobre o cérebro, causando desconfortos, como dor de cabeça.
Lula foi deslocado para São Paulo, onde realizou uma craniotomia, uma operação destinada a remover o hematoma.
Os médicos avaliaram que a cirurgia foi um sucesso e não houve nenhuma consequência negativa.
Entretanto, a craniotomia tem como finalidade exclusivamente a drenagem do hematoma que foi criado.
Os minúsculos vasos que se quebraram devido ao impacto podem continuar a liberar sangue, resultando na formação de um novo hematoma após um período.
Por essa razão, nos casos mencionados, os profissionais de saúde realizam o procedimento vascular para obstruir certas partes dos vasos do sistema circulatório.
Dessa forma, é viável tratar o vazamento (a hemorragia) e prevenir a formação de um novo acúmulo de sangue (o hematoma) posteriormente.
Conforme já foi mencionado, Lula se submeterá à embolização na manhã desta terça-feira (12/12). Os médicos responsáveis por seu tratamento devem anunciar mais detalhes sobre a situação em uma coletiva de imprensa marcada para as 10h da manhã, no horário de Brasília.