Perfis de direita pedem boicote a 'Ainda Estou Aqui'

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Filme Fernanda Torres Ainda Estou Aqui

Capa Lazer em Telas Cinematográficas

Filme Já Fatura Mais De R$ 8,6 Milhões No Brasil

13 de novembro de 2024 - 07h08

Filme Fernanda Torres Ainda Estou Aqui - Figure 1
Foto Terra

Imagem: Divulgação/Conspiração Filmes / Pipoca Moderna

Um conjunto de perfis que se alinham à direita está promovendo um boicote ao filme "Ainda Estou Aqui", que aborda a brutalidade da dictadura militar. Antes mesmo da estreia, ocorrida na última quinta-feira (7), esses perfis afirmam que os eventos retratados seriam falsos e chegaram a alegar que a atriz Fernanda Torres teria "preconceito em relação aos evangélicos".

No X (antigo Twitter), um usuário publicou uma imagem da reunião da atriz brasileira com o presidente Lula para apoiar a ideia de que o público deveria fazer um boicote à produção.

"Temendo um boicote, Fernanda Torres, apoiadora de Lula que já admitiu ter aversão a religiosos, agora clama por harmonia e afirma que seu longa-metragem 'Ainda Estou Aqui' é destinado a todos... Você pretende fazer um boicote ao filme?", publicou.

Um outro usuário criou um trocadilho com o nome do filme: "E Ainda Estou Boicotando... E Você?". "Não vou ver nem se for de graça", afirmou o internauta, adicionando um selo de "Boicote total" para enfatizar que não tinha interesse na obra dirigida por Walter Salles.

Para piorar, existem perfis bolsonaristas insinuando que o filme não está se saindo bem nas bilheteiras do Brasil, apesar de a verdade nas salas de cinema ser completamente diferente das afirmações feitas por esses usuários. Segundo eles, os atores estariam perdendo a consideração do público.

"De forma intrigante, os artistas brasileiros com uma inclinação à esquerda não tinham consciência de que a maior parte de seu público que os apoiava e sustentava era, na verdade, de direita. Como resultado de sua arrogância, acabaram afastando esse público e agora estão enfrentando dificuldades", observou um perfil, sem apresentar evidências para a afirmação.

Na verdade, a ação de boicote se revela como uma ilusão que não tem gerado resultados concretos, uma vez que "Ainda Estou Aqui" conquistou o primeiro lugar nas bilheteiras dos cinemas do Brasil durante seu fim de semana de lançamento.

Com uma receita estimada em aproximadamente R$ 8,6 milhões, a obra, laureada no Festival de Cannes e que representa o Brasil na corrida por uma indicação ao Oscar, atraiu 358 mil pessoas entre quinta-feira (7) e domingo (10). Isso representa 27% da bilheteira total do país nesse intervalo, conforme informações da consultoria Comscore.

Esse desempenho faz de "Ainda Estou Aqui" a terceira maior estreia nacional de 2024, superada apenas por "Nosso Lar 2: Os Mensageiros", que arrecadou R$ 12 milhões e atraiu 553 mil espectadores, e "Os Farofeiros 2", com R$ 9,1 milhões e 447 mil ingressos vendidos durante seus fins de semana de lançamento.

"Ainda Estou Aqui" conta a história de Eunice Paiva (Fernanda Torres), mãe do autor Marcelo Rubens Paiva e viúva do deputado Rubens Paiva (Selton Mello), desaparecido pela ditadura militar em 1971. O longa-metragem investiga a jornada de Eunice em busca de respostas após o sumiço de seu esposo, que foi levado de casa no Leblon, Rio de Janeiro, e nunca mais foi visto. A produção revela um relato real de sofrimento e resistência em um dos capítulos mais obscuros da história brasileira.

Devido ao boicote, a narrativa que denunciava os horrores da ditadura militar seguiu um caminho semelhante ao de "Marighella", "Medida Provisória", "Ô Pai, Ó 2" e "Minha Irmã e Eu". Esses filmes também enfrentaram campanhas de extremistas nas mídias sociais e se tornaram grandes sucessos do cinema nacional.

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