Governo avalia a volta do horário de verão - Rádio Pampa

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Horário de verão

O Ministério de Minas e Energia está avaliando a possibilidade de reintroduzir o horário de verão como estratégia para mitigar os efeitos da atual crise hídrica no setor elétrico. Embora a proposta ainda esteja em análise, a conclusão é que a implementação depende de uma decisão política por parte do governo.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ratificou a informação em uma entrevista concedida a jornalistas nesta quarta-feira (11). De acordo com ele, o horário de verão contribui para o aquecimento da economia e é crucial para o sistema energético em um "período realmente delicado" na geração, afetada pela seca, pelo intenso calor e pelo elevado consumo de eletricidade nos horários de maior demanda.

"É o momento em que a pessoa chega em casa, liga o ar-condicionado e o ventilador. Ela toma banho, quase que toda a família ao mesmo tempo, e liga a TV para ver as notícias ou assistir a um filme. Nesse período, ocorre um grande aumento no consumo, que coincide exatamente com o momento em que estamos enfrentando a perda de energias intermitentes", afirmou.

De acordo com dados do portal g1, essa ação é vista como uma escolha política do governo, em vez de uma decisão técnica.

Isso acontece porque a volta do horário de verão não resulta em uma economia considerável de energia. Na realidade, essa alteração ocorre no período em que há um maior consumo por parte das pessoas.

Assim, a medida poderia beneficiar o funcionamento do sistema elétrico ao reduzir o pico de consumo, que normalmente acontece no início da noite.

Nesse período, a produção de energia solar diminui devido à ausência de luz solar. Em contrapartida, a produção de energia eólica aumenta, pois há uma maior presença de ventos durante a noite e em certas épocas do ano.

Durante o período entre a diminuição da energia solar e o crescimento da energia eólica, ocorre um aumento no consumo que deve ser atendido por meio de usinas hidrelétricas ou termelétricas.

Devido à diminuição dos níveis dos reservatórios e à queda na produção das usinas hidrelétricas em função da seca, é imprescindível ativar um número maior de termelétricas, que são mais onerosas e apresentam um impacto ambiental maior, para atender à demanda máxima de consumo.

"A energia solar não está mais gerando eletricidade, e no início da noite a produção eólica costuma ser menor, o que nos leva a utilizar a usina térmica. Se conseguirmos distribuir essa demanda durante o horário de verão, pode ser que isso traga mais estabilidade para o sistema", afirmou Alexandre Silveira.

A declaração de Silveira recebeu apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, no começo da tarde desta quarta-feira.

Alckmin afirmou que o horário de verão “pode ser uma opção interessante para economizar energia” e que “tentar prevenir o desperdício” e “realizar uma campanha” também são medidas úteis.

O horário de verão foi implementado pela primeira vez em 1931, durante a administração de Getúlio Vargas. Entretanto, sua adoção se tornou regular apenas a partir de 1985.

A iniciativa foi estabelecida para aproveitar a luz do sol nos meses de verão, quando os dias são mais extensos e as noites mais breves. Assim, promove-se economia de energia e diminui-se a probabilidade de cortes de luz.

Em 2019, durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o horário de verão foi abolido. Essa decisão já estava sendo analisada na gestão de Michel Temer (MDB).

Naquele momento, o governo declarou que a antecipação dos relógios em uma hora não fazia mais sentido do ponto de vista do setor elétrico, devido a mudanças nos padrões de consumo de energia e aos avanços tecnológicos, que impactaram os períodos de maior consumo elétrico.

A interrupção do horário de verão se manteve mesmo durante a crise hídrica de 2021. Naquele período, o governo considerou a possibilidade de reimplantar essa medida e pediu uma análise ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

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