Candidato à Presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta passa por sabatina informal com Lula e Bolsonaro
O recém-chegado candidato à disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), que pretende suceder Arthur Lira (PP-AL), teve reuniões nesta quarta-feira (4) com Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Durante os dois encontros, segundo relatos, o político foi questionado sobre suas conexões com os diferentes espectros políticos, passando por uma espécie de avaliação informal antes da eleição que ocorrerá em fevereiro do próximo ano.
O encontro com Lula foi marcado por perguntas sobre seu histórico de apoio ao ex-presidente da Casa Eduardo Cunha, responsável pelo impeachment de Dilma Rousseff. Motta votou a favor do afastamento da ex-presidente em 2016 e, anteriormente, foi eleito para a Câmara com o apoio de Cunha em 2010.
De acordo com pessoas próximas ao parlamentar, Motta explicou a Lula que suas opiniões sobre o impeachment eram justificadas pelo fato de, na época, fazer parte do MDB. O partido que apoiou a destituição de mandato e tinha como um dos líderes o vice Michel Temer, que assumiu a presidência com a saída de Dilma.
Motta rejeitou a ideia de que ter um bom relacionamento com Cunha signifique apoiar o ex-deputado cegamente. Lula não teria colocado obstáculos em relação ao nome do candidato. Marcos Pereira, que desistiu de disputar a candidatura para apoiar Motta como candidato de consenso, foi o mediador na reunião.
A ligação de Motta com o atual senador Ciro Nogueira (PP-AL), ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, também foi discutida com Lula. Em uma entrevista ao jornal O GLOBO, Marcos Pereira declarou que os laços de Motta com opositores do PT já foram resolvidos e não prejudicam a jornada do aliado.
Durante a reunião matutina com Bolsonaro, Motta foi questionado sobre a possibilidade de se alinhar com a base governista. O encontro ocorreu na residência do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O líder máximo do Partido Progressista, senador Ciro Nogueira, compareceu, juntamente com o filho mais velho de Bolsonaro. Motta, que já era bem visto pelo grupo, simplesmente foi indagado sobre possíveis considerações em relação ao apoio ao governo do Lula.
Motta prometeu lembrar-se da oposição e assegurou que irá manter uma postura de “imparcialidade e proteção dos interesses da Câmara”.
Na quarta-feira, Marcos Pereira relatou que Arthur Lira (PP-AL), que atualmente ocupa a presidência da Câmara, garantiu que irá apoiar Motta.
Em entrevista, Pereira afirmou que o presidente Lula não se opôs e declarou que não iria intervir na seleção da Câmara. Ele mencionou a necessidade de dialogar com Hugo e levantou o questionamento sobre a sua idade, de 34 anos. Pereira garantiu a Hugo que era o responsável por apoiar aquela campanha. Por outro lado, o presidente Lira considerou Hugo como uma boa alternativa e afirmou que iria se empenhar para viabilizar o seu nome.
