J. Borges: 'A Chegada da Prostituta no Céu' foi o cordel mais vendido do artista pernambucano

27 Julho 2024
J. Borges

"A Prostituta que Entrou no Paraíso". A obra mais conhecida de J. Borges, lançada em 1976, vendeu mais de 100 mil cópias. De acordo com o historiador José Urbano, esse folheto é tido como um sucesso de vendas, visto que a média de tiragem para esse gênero de literatura é de apenas dois mil exemplares.

A poesia popular em formato de folhetos é muito famosa na região nordeste do Brasil. Os cordéis são produzidos de maneira artesanal, muitos deles utilizando a técnica da xilogravura, que são desenhos feitos em papel com o uso de "carimbos" entalhados em madeira, e são vendidos pendurados em barbantes nas feiras livres.

Segundo Vera Lucia, que supervisiona as vendas no Centro de Artesanato de Bezerros, a cidade onde J. Borges residia, o cordel era comercializado por apenas R$ 3,00. Entretanto, nos dias de hoje, é complicado encontrar essa obra disponível para compra. Existem páginas na internet que cobram R$ 218 por um exemplar da Xilogravura, mesmo não possuindo nenhum em estoque.

Na pintura "A Prostituta Chega ao Céu", o artista narra a história de uma mulher da vida que, após falecer, vai para o inferno por conta de sua conduta. Ao tentar escapar do diabo, ela acidentalmente chega às portas do paraíso, sendo recebida por São Pedro, responsável por guardar as chaves do Céu.

J. Borges menciona o trabalho intitulado 'O ingresso da Meretriz no Paraíso'.

No meio das letras controversas, J. Borges descreve um mundo paradisíaco que sucumbe à sedução terrena, onde personagens da Bíblia se envolvem em relações amorosas com a personagem central.

A paródia em formato de poesia popular retrata a luta das mulheres que enfrentam desafios ao se dedicarem a essa atividade, muitas vezes por falta de outras opções de renda.

Antes de se tornar um cordel, o trabalho era uma gravura em madeira. O artista esculpiu na madeira a figura machucada na perna por uma mulher casada e sendo perseguida pelo diabo.

Preço da gravura em madeira de J. Borges - Imagem: Reprodução

Biografia Do Artista J. Borges

Mesmo tendo ido à escola por apenas um ano em toda sua vida, José Francisco Borges conseguiu adquirir habilidades de leitura, escrita e criatividade.

O conhecimento adquirido com trabalhos manuais, como marcenaria e fabricação de móveis em escala reduzida, foi fundamental para moldar a carreira de um dos principais mestres da xilogravura - técnica artística que consiste em entalhar em relevo a madeira.

As figuras marcantes não se distinguem de outras expressões artísticas populares, como a literatura de cordel, na qual J. Borges se destacou. Utilizando a oralidade e suas experiências pessoais, o artista conseguiu desenvolver uma maneira singular de se comunicar com o povo, em especial os habitantes do agreste e do sertão, mesmo sem contar com uma formação educacional tradicional.

Há 60 anos, em 1964, foi publicado o primeiro cordel de autoria própria: "O encontro de dois vaqueiros no sertão de Petrolina". A partir de 1965, passou a criar também as ilustrações dos folhetos, sendo “O autêntico aviso de Frei Damião” a sua primeira obra com texto e imagens próprios.

A obra de J. Borges em cordel vendeu mais de 100 mil cópias — Imagem: Divulgação

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