7x0! Japão goleia China pela primeira vez em 107 anos de história

O Japão fez seu primeiro jogo internacional em 1917 contra a República da China, perdendo por 5-0 nos Jogos do Extremo Oriente em Tóquio. Levaram-se 67 anos para que a seleção japonesa finalmente conseguisse derrotar seu primeiro rival. Devido ao "isolamento" da China, houve uma pausa nos confrontos entre 1934 e 1975 (algumas fontes consideram apenas os resultados a partir de 1975, após a República Popular da China ser estabelecida, com o histórico da primeira metade do século passado atribuído a Taiwan), mas a primeira vitória japonesa só ocorreu em 1984, com um placar de 1-0 na Copa Kirin. A partir daí, a situação começou a mudar. Do status de freguês absoluto, o Japão passou a equilibrar os embates e obter mais vitórias do que derrotas. Desde 1998, com um placar de 0-2 na antiga Copa Dinastia, o Japão nunca mais foi derrotado pela China.

Desde o ano 2000, aconteceram 15 partidas, com nove vitórias japonesas e seis empates. Mesmo assim, todos os jogos foram equilibrados, sem nunca haver uma diferença de mais de dois gols. A goleada de hoje destacou uma tendência que aos poucos vinha se tornando evidente nos confrontos recentes. O futebol chinês, apesar dos altos investimentos feitos na última década, está em declínio, enquanto o futebol japonês está progredindo.

Era esperado um confronto difícil hoje. Nas últimas duas edições das Eliminatórias, o Japão perdeu em casa no primeiro jogo da fase final. O time foi derrotado por 1x2 pelos Emirados Árabes Unidos em 2016 e por 0x1 diante de Omã em 2021. Curiosamente, o treinador de Omã três anos atrás era Branko Ivankovic, que agora comanda a China. No entanto, o croata tem encontrado dificuldades em fazer a equipe chinesa decolar, conseguindo apenas uma vitória em 2024 (contra Singapura). Além disso, a China teve sua pior participação na história da Copa da Ásia, sendo eliminada na fase de grupos sem marcar um gol sequer. Ivankovic assumiu a seleção em fevereiro e garantiu a classificação para a fase final das Eliminatórias de forma emocionante, empatando em casa com a Tailândia com um gol nos últimos minutos e se classificando apenas pelo critério do confronto direto.

Esquemas táticos iniciais: o Japão atuando no 3-4-3 e a China no 4-4-2 — Imagem: Futebol no Japão

Enquanto a equipe da China, comandada por Ivankovic, entrou em campo com uma formação 4-4-2 visando se proteger, Moriyasu surpreendeu ao optar pelo mesmo sistema tático 3-4-3 (ou 3-4-2-1, dependendo do ponto de vista) utilizado no último jogo contra a Síria. Isso contrariou as expectativas da imprensa local, que previam um retorno ao tradicional 4-2-3-1. O esquema, que foi bem sucedido na Copa de 2022 contra Alemanha e Espanha, sendo utilizado de maneira defensiva, mostrou agora que pode ser uma ótima alternativa ofensiva contra equipes asiáticas que adotam uma postura defensiva contra o Japão.

A grande diferença não está na presença de três defensores centrais, mas sim de meio-campistas ofensivos no lugar dos laterais. Na ala direita, Ritsu Doan ou Junya Ito em vez de Sugawara. Na esquerda, Mitoma ou Daizen Maeda em vez de Nakayama ou Nagatomo. Contra um adversário fechado, os defensores extremos (Itakura na direita e Machida na esquerda) têm liberdade para avançar como laterais que apoiam por dentro, enquanto os avanços dos pontas deixam o time com uma linha de cinco no ataque. Hoje foram Doan, Kubo, Ueda, Minamino e Mitoma no primeiro tempo e Ito, Kubo, Ogawa, Minamino e Maeda no final da partida. Desta forma, o Japão de Moriyasu evolui e ganha uma nova e interessante opção tática.

Na última partida entre Japão e China, apesar dos placares baixos, a equipe chinesa teve pouca efetividade no ataque. Desta vez, o desempenho foi ainda pior, com apenas um chute a gol, uma tentativa de voleio do jogador número 9 Zhang Yuning que passou longe do gol defendido por Zion Suzuki. Wu Lei, o destaque e capitão da seleção chinesa, não conseguiu fazer nenhuma jogada de destaque. Os atacantes Fei Nanduo e A Lan, brasileiros naturalizados que entraram no segundo tempo, também foram neutralizados.

Por outro lado, o Japão concluiu 19 vezes, com 10 chutes no alvo. Não precisaram se esforçar muito, já que os gols saíram de forma natural e todos os jogadores do ataque marcaram pelo menos um gol ou deram uma assistência. A equipe não diminuiu o ritmo mesmo depois das substituições, tanto que cinco dos sete gols foram marcados no segundo tempo e os substitutos Ito e Maeda também balançaram as redes.

Após superar a má sorte da primeira rodada, que foi um problema para o Japão nas duas Eliminatórias anteriores até o fim da campanha, os próximos jogos prometem ser mais difíceis. Na próxima terça-feira (10/09), os Samurais Azuis enfrentarão o Bahrein fora de casa, que está invicto desde a derrota para o Japão na Copa da Ásia e surpreendeu ao vencer a Austrália por 1x0 em Gold Coast. No próximo mês, a seleção japonesa terá pela frente os principais rivais do grupo de forma consecutiva: Arábia Saudita (fora) no dia 10/10 e Austrália (em casa) no dia 15/10.

Qualificação - Japão vence China por 7 a 0 no Estádio Saitama 2002 - Torcida: 52.398 pessoasGols marcados por Wataru Endo (12'), Kaoru Mitoma (45+2'), Takumi Minamino (52'), Takumi Minamino (58'), Junya Ito (77'), Daizen Maeda (87'), Takefusa Kubo (90+5')

Pontuações dos jogadores: Zion Suzuki - 6,0 - Não realizou defesas durante o jogo e participou apenas com os pés em jogadas de recuo. Ko Itakura - 6,0 - Atuação tranquila, pouco acionado e sem problemas na marcação. Shogo Taniguchi - 6,0 - Importante na defesa com seus duelos e antecipações, apesar de não se destacar muito. Koki Machida - 6,5 - Zagueiro que mais participou do jogo, contribuindo também no ataque com precisão nos passes. Ritsu Doan - 6,5 - Boa atuação como ala pela direita, colaborando nas jogadas com Kubo e dando uma assistência para Mitoma. Wataru Endo - 7,0 - Fundamental na anulação do meio-campo chinês, marcando um gol de cabeça que abriu caminho para a goleada. Hidemasa Morita - 6,0 - Seguro no meio-campo, mesmo sem participar diretamente de lances de gol. Kaoru Mitoma - 7,5 - Destaque como ala, com boa movimentação, dando trabalho aos adversários e participando de gol e assistência. Takefusa Kubo - 8,0 (Melhor em campo) - Ditando o ritmo do ataque japonês, com duas assistências e um gol. Takumi Minamino - 7,5 - Discreto no primeiro tempo, mas se destacou no segundo, marcando dois belos gols. Ayase Ueda - 6,5 - Movimentação sem efetividade no ataque, mas ajudando a abrir espaços para os companheiros e dando uma assistência. Junya Ito - 8,0 - Em meia hora produziu um gol e duas assistências, mostrando sua qualidade na ala direita. Daizen Maeda - 6,5 - Marcou um gol e ajudou na movimentação na ala esquerda. Ao Tanaka - 6,0 - Controlou o meio-campo nos últimos 20 minutos do jogo. Kota Takai - 6,0 - Estreou pela seleção principal mostrando bom desempenho nas poucas oportunidades. Koki Ogawa - 6,0 - Pouco tempo em campo, quase marcando um gol de cabeça. Hajime Moriyasu - 8,0 - Boa escalação, substituições impactantes e o time teve uma partida quase perfeita.