Juventude dos pequenos agricultores realiza enontro nacional e publica carta no RS

16 Julho 2024
Juventude

Representantes da nova geração de agricultores do Movimento dos Pequenos Agricultores e das Pequenas Agricultoras (MPA), juntamente com organizações sociais e populares aliadas, estiveram reunidos de 8 a 14 de julho, no distrito de Daltro Filho, em Imigrante (RS). Durante a Escola Nacional de Formação de Juventude Nega Pataxó, jovens do campo, estudantes, moradores de regiões periféricas e trabalhadores da Amazônia ao Sul do país discutiram suas demandas, focaram em questões de estudo fundamentais para entender sua realidade de classe e a situação do país, e planejaram os próximos passos na luta pela promoção de um novo modelo de agricultura baseado na agroecologia.

Durante o evento, os jovens se envolveram em um intenso processo de aprendizado, reflexão e mobilização, com o objetivo de fortalecer a luta do MPA por uma sociedade mais justa e igualitária. A programação incluiu a capacitação para dar continuidade ao trabalho com a juventude nos diferentes estados; a análise das transformações climáticas atuais, reafirmando o papel e a responsabilidade da agricultura familiar como solução para esse problema; a resistência contra grupos de extrema direita; o apoio direto às comunidades afetadas por desastres naturais no RS; o comprometimento dos jovens com a construção de um projeto popular para o Brasil; e a troca de experiências e integração entre os participantes.

Segundo Ana Isabel Ramalho, membro da Coordenação Nacional do MPA em Rondônia, a escola superou as expectativas. Ela ressaltou a variedade da juventude, com uma forte presença feminina, e o papel de liderança assumido pelos mais jovens. "O evento foi incrível devido ao esforço e dedicação pessoal da nossa juventude e da coordenação do coletivo nacional, visando garantir o melhor possível da escola, com a presença da diversidade. Isso nos faz refletir sobre diversos outros temas para promover o diálogo com essa nova geração de jovens", afirmou.

Miqueli Schiavon, membro da direção do MPA no Rio Grande do Sul, enfatiza a importância do evento. Ele ressalta o empenho de todos para transferir as atividades para o estado gaúcho em meio a uma crise socioclimática. Segundo ele, essa mudança tirou o movimento de sua zona de conforto. A vinda da escola para cá proporcionou o desafio de reorganizar as regiões para fortalecer o trabalho e construir espaços regionais, garantindo a realização de encontros locais com o apoio das lideranças do MPA.

Julia Furtado, membro ativo do Movimento dos Pequenos Agricultores do Rio de Janeiro, elogiou a coesão da juventude proporcionada pela jornada no Rio Grande do Sul. Ela destacou a abordagem séria da crise climática, em contraste com a cobertura abstrata da mídia dominante. Ela enfatizou também a importância do plano camponês que aponta as possíveis alternativas para enfrentar a crise originada pelo capitalismo, pelo modo de produção do agronegócio. Para a jovem, fica evidente que "a juventude reunida no RS indica a agricultura camponesa agroecológica como a solução para superar a crise atual".

Após a reunião, foi compartilhada a declaração de compromisso dos jovens agricultores / Comunicação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

Veja a seguir o conteúdo completo do documento conclusivo da viagem:

Carta de compromisso da Escola Nacional de Formação da Juventude Nega Pataxó.

Em Daltro Filho, no estado do Rio Grande do Sul, em 14 de julho de 2024.

Hoje, ao término desta experiência na Escola Nacional de Formação da Juventude Nega Pataxó, nossos corações estão cheios de agradecimento, esperança e comprometimento. Vindo de diferentes regiões do Brasil, como jovens do campo, estudantes, moradores de periferia e trabalhadores, nos unimos com o objetivo de construir um futuro mais promissor para todos. Durante os dias de 8 a 14 de julho, nos dedicamos a um intenso processo de aprendizado, reflexão e ação, reforçando nossa determinação na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

A Escola Nacional de Formação de Juventude Nega Pataxó não foi apenas um local de aprendizagem, mas sim um encontro de indivíduos comprometidos com a mudança social. Nos dedicamos a compreender e superar os desafios causados pelo sistema capitalista de exploração, reafirmando nosso papel como agentes políticos na edificação de uma nova sociedade. Juntos, discutimos questões como as mudanças climáticas, o crescimento da extrema direita e a importância da agricultura familiar como uma alternativa para garantir a segurança alimentar e combater a crise ambiental.

Ao longo desta semana, estabelecemos laços de solidariedade e compartilhamos experiências valiosas. Cada workshop, discussão e atividade demostrou que a força da juventude reside na nossa união e determinação. Reafirmamos nosso comprometimento com a criação de territórios emancipados, sem opressão, e com a luta pela soberania alimentar. Os exemplos e legado de importantes defensores do povo nos motivam e fortalecem nossa revolução, fundamentada no Poder Popular.

Nossa dedicação à juventude e aos territórios não acaba aqui. Deixamos esta escola com a missão de seguir com o trabalho de educação, organização e resistência em nossos estados. Devemos garantir a continuidade do processo de mobilização e formação, contribuindo para o progresso da luta contra a extrema direita e promovendo ações sólidas de solidariedade. É essencial estarmos presentes nas regiões afetadas por desastres climáticos, reafirmando nossa responsabilidade na construção de um projeto popular para o Brasil.

Agora é a hora de assumirmos de forma mais enérgica nosso papel na formação de uma nova safra de camponeses. Devemos persistir na batalha pela educação pública e adequada, pelo acesso à terra e à cultura, e pela proteção de nossos territórios. O objetivo de construir uma sociedade socialista é o que nos orienta, portanto, precisamos continuar unidos na organização e mobilização da nossa juventude.

Partimos daqui com a convicção de que unidos somos mais fortes. Que cada jovem engajado leve consigo a responsabilidade de mudar sua situação, motivando e mobilizando outros jovens em suas comunidades. Que nossa batalha seja contínua, nossas opiniões sejam levadas em consideração e nosso impacto seja sentido em todos os cantos desta nação.

Jovens do Campo: Plantando Solidariedade na Construção do Projeto Comunitário.

Reformulado a partir do texto original escrito por Camila Borges e Paulo Miranda, disponível no site do MPA Brasil.

Origem: BdF RS

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