Quem é Keir Starmer, líder trabalhista que será o próximo primeiro-ministro do Reino Unido

Keir Starmer

Keir Starmer: Socialista E Progressista. Que é O Próximo Primeiro-ministro Do Reino Unido

Em 5 de julho de 2024, às 04:33, fuso horário de Brasília.

Keir Starmer - Figure 1
Foto BBC Brasil

Última atualização feita há 5 horas.

Keir Starmer tornou-se o novo líder do Reino Unido, após a grande vitória do Partido Trabalhista nas eleições gerais realizadas na quinta-feira (4/7).

Quatro anos atrás, Starmer assumiu o posto de líder dos trabalhistas no lugar de Jeremy Corbyn e dedicou-se a conquistar votos da parte central do espectro político, o que melhorou as perspectivas do partido nas eleições.

Os Labour não estão no poder no Reino Unido há 14 anos. Em declarações à BBC News, Starmer afirmou ser "socialista" e "progressista".

Eu me definiria como socialista. Eu me consideraria progressista. Eu me identificaria como alguém que prioriza meu país acima de tudo e meu partido em segundo plano, declarou.

Antes Da Política: Vida Cotidiana

Starmer entrou para o parlamento depois de completar 50 anos, seguindo uma carreira de sucesso como advogado.

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Ele sempre demonstrou interesse por assuntos políticos, chegando a adotar posições de extrema esquerda durante sua juventude.

Nascido na capital inglesa em 1962, sendo o terceiro de quatro irmãos, ele cresceu em Surrey, região localizada no sudeste da Inglaterra. Com frequência, ele relembra suas origens simples, já que seu pai trabalhava como operário em uma fábrica de ferramentas e sua mãe atuava como enfermeira.

A família sempre foi engajada com o trabalho. O atual líder do Partido Trabalhista foi nomeado em honra a Keir Hardie, um mineiro escocês que foi o pioneiro na liderança do partido.

A infância de Starmer foi marcada por turbulências familiares. Ele relata que seu pai era uma pessoa distante e fria. Sua mãe enfrentou dificuldades devido a uma condição autoimune chamada doença de Still, que a impediu de andar e falar por grande parte de sua vida. Além disso, ela precisou passar por uma amputação na perna.

Starmer tornou-se membro da juventude do Partido Trabalhista aos 16 anos. Por um período, ele foi responsável pela edição da revista progressista de esquerda Alternativas Socialistas.

Ele se tornou o pioneiro em sua família ao ingressar em uma universidade. Ele cursou direito em Leeds e Oxford, posteriormente atuando como advogado especializado em questões de direitos humanos.

Nesse período, ele se dedicou a eliminar a pena capital em nações caribenhas e africanas.

Em um caso de grande repercussão nos anos 1990, ele defendeu dois defensores do meio ambiente que foram processados por difamação pela famosa empresa de fast-food McDonald's.

Em 2008, Starmer assumiu a posição de diretor do Crown Prosecution Service, responsável pela promotoria na Inglaterra e País de Gales. Permaneceu nesse cargo até 2013 e recebeu a honra de Cavaleiro Real em 2014, sendo então intitulado "Sir".

Starmer foi eleito para o Parlamento em 2015, representando o distrito de Holborn e St Pancras, em Londres.

Os membros do Partido Trabalhista estavam em oposição e liderados por Jeremy Corbyn, tido como um dos mais radicais à esquerda dentro da legenda. Corbyn indicou Starmer para assumir o posto de ministro do Interior no gabinete sombra da oposição, cuja função era fiscalizar e criticar a atuação do governo em questões como imigração.

Após o referendo que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia, Starmer foi nomeado ministro sombra do Brexit. Ele era a favor da realização de um segundo plebiscito.

Starmer assumiu a liderança do Partido Trabalhista após as eleições gerais de 2019. O resultado foi desastroso para o partido – a sua pior derrota desde 1935 – e levou à renúncia de Corbyn.

Starmer ganhou a competição interna do partido com uma agenda de esquerda, que incluía a proposta de estatização das empresas de água e energia, e a gratuidade das mensalidades nas universidades.

Corbyn tinha causado uma divisão no partido entre membros moderados e de esquerda.

Starmer declarou seu desejo de unir o partido, ressaltando ainda sua intenção de preservar a essência "radical" de Corbyn. Ele se mostrou contrário a qualquer tentativa de "desviar demais o rumo [do partido] em direção ao centro".

Desde esse momento, Starmer afastou Corbyn do partido devido a uma controvérsia relacionada ao antissemitismo no partido durante o mandato de Corbyn como líder.

Muitos membros do grupo mais radical do partido afirmam que Starmer está implementando uma estratégia de longo prazo ao apoiar somente candidatos moderados nas eleições parlamentares.

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Mesmo que tenha prometido durante sua campanha para liderança do partido, Starmer está movendo a sigla em direção ao centro, tornando-a mais aceitável para os eleitores não filiados.

Ele deixou de lado diversas políticas tidas como dispendiosas, justificando isso pela má situação das finanças públicas britânicas, porém, conservou alguns projetos ousados.

Starmer desistiu de suas propostas anteriores de estatização das empresas de água e eletricidade.

No entanto, ele cumpriu sua promessa de nacionalizar quase todas as empresas ferroviárias de transporte de passageiros nos próximos cinco anos, sob uma nova empresa chamada Great British Railways.

Starmer desistiu de sua intenção de abolir a taxação de mensalidades dos estudantes, argumentando que o governo não teria recursos para sustentar o programa.

Em maio, durante uma entrevista à BBC, ele afirmou que provavelmente não conseguirá cumprir aquela promessa devido à nossa atual situação financeira.

No entanto, Starmer anunciou que o Partido Trabalhista planeja implementar a taxação das mensalidades das escolas independentes no Reino Unido.

O partido trabalhista desistiu de sua proposta de investir cerca de 28 bilhões de libras (quase R$ 200 bilhões) ao ano em projetos de energia renovável em 2021, porém continuou comprometido em construir parques eólicos e instalações de baterias para veículos elétricos.

Ele foi alvo de críticas dos conservadores por tentar "escapar" de compromissos feitos anteriormente.

Há pouco tempo, Starmer se comprometeu a aportar 8 bilhões de libras (equivalente a R$ 56 bilhões) na área de energia renovável por meio de uma empresa recém-criada, denominada GB Energy.

Ele também se comprometeu a eliminar quase totalmente os combustíveis fósseis da rede elétrica britânica até 2030. Muitos especialistas questionam a viabilidade dessa meta.

Depois que o Hamas atacou Israel em outubro de 2023, Starmer mostrou apoio às ações de Israel em Gaza e reconheceu seu direito de se proteger.

Isso gerou descontentamento em muitos eleitores que apoiam a causa da Palestina, e ele teve que lidar com uma revolta de vários parlamentares do partido trabalhista que exigiam uma trégua imediata.

Em fevereiro, contudo, Starmer solicitou "uma trégua duradoura. É o que deve acontecer neste momento".

Uma pesquisa realizada em março pela YouGov revelou que mais da metade das pessoas entrevistadas no Reino Unido acreditavam que ele não lidou adequadamente com a questão.

Starmer também manifestou seu apoio aos ataques aéreos do Reino Unido às bases dos Houthi no Iêmen em represália aos ataques do grupo contra embarcações ligadas a Israel.

No ano de 2019, Starmer defendeu a realização de um segundo plebiscito para decidir se o Reino Unido deveria sair da União Europeia.

Atualmente, ele afirma que não há possibilidade de retroceder no Brexit, porém está aberto a negociar novos acordos de cooperação com a União Europeia em áreas como agricultura, sustentabilidade e regulamentação trabalhista.

Starmer é frequentemente alvo de zombarias de seus concorrentes por sua falta de carisma.

Ele afirma ter prazer em obedecer às normas, e um dos seus amigos passou a chamá-lo de "Senhor Normas".

Numa ocasião, ele desrespeitou a lei. Quando era jovem, foi flagrado pela polícia vendendo sorvete de forma ilegal. O sorvete foi apreendido, porém não recebeu nenhuma punição adicional.

Nas entrevistas, ele revela pouco sobre sua personalidade, porém afirma ser extremamente competitivo.

"Detesto ser derrotado. Há quem argumente que o importante é competir. Eu não me identifico com essa ideia", afirmou ele em entrevista ao The Guardian.

Em 2007, Starmer se casou com Victoria Alexander, uma profissional da saúde. O casal tem dois filhos. Ele aprecia jogar futebol e é fã do time Arsenal.

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